Nas indispensáveis relações humanas, nada substitui o olho no olho, o abraço com afeto. Foi o que concluímos, um amigo e eu, em conversas neste período de virada de ano, festas, férias, encontros, revalorizando o que já não se pratica mais com tanta intensidade e que tem feito falta.
Atitudes fundamentais perderam-se na vida moderna, em que o contato virtual e distante prevalece, em que não mais se sente tanto as boas vibrações da presença, da proximidade, do contato. O tão essencial calor humano fica afastado, o relacionamento parece mais frio, a verdadeira e boa relação entre as pessoas deixa a desejar.
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Vivemos mais encaixotados, como bem lembra o historiador Luiz Antonio Simas. Estamos cada vez mais enclausurados em casas cercadas, em condomínios fechados, em shoppings, em carros, das mais diversas formas, em síntese, encaixotados, como ele diz e somos levados a concordar, sem desprezar as razões e benefícios dessas estruturas, mas para alertar sobre nossa tendência atual e indubitável a um distanciamento.
Dentro desta realidade cada vez mais presente, é salutar encontrar ainda as rodas de mate na rua, algo tão comum em outras épocas em nossa tradição sulista e que se vê cada vez menos. Pois, na rua em que moro, no Bairro Santo Inácio, após a pandemia, retornou com força esse hábito que já tem história de quatro décadas entre um grupo de senhoras.
Nele se juntam a eterna Maria, que se diz a fundadora, a falante Lourdes, a antenada Leni, a observadora Gildete, ao redor do chimarrão oferecido pela generosa esposa Ângela, na sombra da árvore em frente à casa, colocando em dia os mais variados assuntos e interagindo com quem passa na rua. É a gostosa conversa e relação de vizinhas que se perpetua e faz bem a todas, que só em casos especiais deixam de comparecer ao encontro, sempre entre as 10 e 11 horas da manhã.
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É verdade que há um aspecto a facilitar essa reunião: todas são aposentadas e têm mais horários disponíveis. Mas, ainda que essa não seja a condição das pessoas, parece oportuno lembrar que é importante encontrar algum momento, mesmo no dia a dia agitado, para encontrar as pessoas com mais tempo e mais paciência para ouvir, para conversar de perto, olho no olho, o que tão bem faz a cada um, aproxima, distende, favorece o abraço, a paz. Ao contrário do “olho por olho”, que remete à vingativa expressão “olho por olho, dente por dente”.
Em tempos de ódios, de nervos à flor da pele, de incompreensões, de distanciamentos, eis uma mensagem e uma atitude que precisam nos motivar no início de mais um ano. Dizem que, olhando bem no olho do outro, chegamos mais perto do pensamento, do sentimento, da alma da pessoa. Que nesse olhar possamos transmitir os nossos melhores pensamentos, acolher os sentimentos dos outros e melhorar a alma e o espírito de cada um de nós, para colhermos tempos de mais paz, harmonia e felicidade.
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