Em falta nas prateleiras de muitas farmácias por conta da pandemia de coronavírus, as máscaras cirúrgicas vêm sendo substituídas por máscaras caseiras de tecido, reutilizáveis e com valores mais acessíveis, de R$ 4,50 a R$ 15,00. A atividade garante uma renda extra para muitas famílias, mas há também quem as produza de maneira voluntária.
É o caso de uma aposentada de 68 anos, moradora do Bairro Higienopólis, em Santa Cruz do Sul, que confecciona máscaras para doar a quem precisa. Desde março, já fez e doou 110 peças. A produção começa às 8 horas e segue diariamente até a noite, só interrompida para o almoço e os exercícios físicos.
“Eu gosto de fazer coisas simples, que me dão satisfação. E diante da pandemia, pedi a Jesus que me mostrasse uma forma de contribuir com o próximo”, conta a santa-cruzense, que prefere não ter o nome divulgado.
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“Logo vi que poderia fazer as máscaras. Tenho tudo em casa, então, por que não contribuir com quem precisa?”, complementa. Os primeiros itens foram confeccionados com retalhos e tecidos que a aposentada tinha em casa. Depois, por meio de um grupo de WhatsApp de vizinhos e por amigos, ela conseguiu arrecadar mais material. “É tanto tecido e tanta coisa linda que chega, que eu me emociono. Comecei fazendo um modelo igual ao que comprei na farmácia e agora são três tipos diferentes.”
A aposentada conta que no início não pedia nada em troca, mas nos últimos dias tem solicitado a colaboração das pessoas com a doação de alimentos não perecíveis. “Minha amiga deu a ideia de ajudar outras pessoas com essa ação. Então eu troco uma máscara por um quilo de alimento e ajudo mais gente.” As doações são repassadas ao Grupo do Bem, que distribui os produtos a famílias de baixa renda da Zona Sul. “Temos que nos conscientizar e não deixar essa doença evoluir. Tá chegando o frio e as pessoas têm que se cuidar mais.”
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Unidas para ajudar
Iniciativa parecida tiveram a estudante de Psicologia da Unisc, Aline Spengler Klamt, de 41 anos, e a empresária Lídia Maria Gewehr, de 37. Elas já repassaram 146 máscaras de tecido e arrecadaram 110 quilos de alimentos e 30 produtos de limpeza. Desde a segunda-feira da semana passada, as amigas uniram-se para ajudar quem precisa e não dispõe de recursos para se proteger do novo coronavírus. Cada peça é trocada por um quilo de alimento ou um item de limpeza, destinados à doação.
Aline, que mantinha um ateliê de patchwork, foi quem fez a doação de tecidos. “Eu tinha muito material em casa, guardei pensando em um dia fazer algo que pudesse ser útil e usado de forma consciente. Chegou a hora”, afirmou. Logo, outros materiais também começaram a chegar, com doações feitas por amigos.
A confecção das máscaras é feita por Lídia nas horas vagas, já que está em home office. “Mesmo com muitas atividades, eu consigo deixar um tempo disponível para isso.” Em média, faz por dia de 30 a 40 máscaras. Os produtos arrecadados serão repassados ao Instituto Humanitas, que ficará responsável pela distribuição a famílias carentes cadastradas na entidade. Para adquirir as máscaras e participar dessa ação, os interessados devem fazer os pedidos e agendamentos por meio das redes sociais.
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Pitt Jeans
A Pitt Jeans também está engajada. Desde o início de abril, a fábrica trabalha de forma gratuita no corte e modelagem de máscaras e jalecos para os hospitais Santa Cruz e Ana Nery. Conforme o gerente de marketing e produção da empresa, Eduardo Simon, a matéria-prima é fornecida pelas próprias casas de saúde. Até o momento foram 23 mil máscaras repassadas ao Hospital Santa Cruz e outras sete mil ao Ana Nery. Na semana passada, a Pitt Jeans confeccionou e doou 38 jalecos para o Samu e nos próximos dias fará a entrega de 140 máscaras à Copame.
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Além disso, a Pitt atua na produção de 40 mil máscaras para empresas da região que quiserem adquirir o produto para seus funcionários. A partir de quinta-feira, a Loja da Fábrica estará aberta para vender os itens. O kit com quatro unidades vai custar R$ 19,90. Já a individual sairá por R$ 5,50. O atendimento será das 9 horas às 17h45, sem fechar ao meio-dia.
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