Diariamente, principalmente agora e durante a quarentena, ao acessar as redes sociais, tenho a oportunidade de perceber a dimensão do meu não saber.
“Só sei que nada sei”, a clássica frase atribuída ao filósofo grego Sócrates (470-399 AC), é o que me vem à mente quando leio e releio, penso e reflito, sem ousar uma conclusão.
De modo que continuo me surpreendendo com a facilidade de expressão e síntese alheia. Admirado com seu exercício diário e abundante de conhecimento e certezas. Sem temor, sem inibição, sem filtros.
Afinal, ainda que fenômenos mundiais – a disseminação de “certezas” e a atuação diária do tribunal inquisitório, fiquemos nos exemplos mais recentes no Brasil.
Não faz muito tempo era a questão das queimadas na Amazônia e do surgimento de óleo bruto nas praias. E ultimamente a emergência do vírus chinês.
Com a gravidade da pandemia, decorreram várias hipóteses de seu enfrentamento e adaptação da convivência social. Consequentemente, mais divergências.
Por exemplo, isolamento e recolhimento social completo? Horizontal ou vertical, ou tanto faz? Distanciamento rigoroso ou mediano? Subjetivismo da crença sem provas ou a isenção da ciência? As consequências da inatividade econômico-social são menos desesperadoras do que a virulência da pandemia?
Logo, privilegiar ou defender um ou outro comportamento revelaria eventuais sinais de pensamento e prática antiética e desumana? Desrespeito às leis, às autoridades e aos saberes científicos? Sim ou não?
E agora, recentemente, um novo impasse sob afirmativas e julgamentos públicos. Hidroxicloroquina e azitromicina, sim ou não? Por quê? Quais as demais alternativas do angustiado paciente?
Com a palavra, os “especialistas… em região amazônica e petróleo, climatologistas, oceanógrafos, geólogos, patologistas, infectologistas e especialistas em achatamento da curva”. Impressionante.
Deixando a ironia de lado, conclui-se que é tanta informação, que não é possível decifar a sua veracidade e assegurar os conhecimentos adquiridos.
O que está acontecendo no Brasil e no mundo é como se fosse uma guerra. Porém, diante de um inimigo desconhecido e não convencional. Ninguem tem experiência prévia no seu enfrentamento, nem aqui, nem acolá. O momento exige humildade e racionalidade.
Logo, diante de tantas “certezas e veemências”, me resta, humildemente, confessar que “só sei que nada sei!”