É difícil escrever sobre a despedida ao nosso Rei Pelé depois de tudo o que já vimos e ouvimos desde a confirmação de sua passagem, na quinta-feira. Revivemos sua história, jogadas e gols antológicos, atitudes, depoimentos e mensagens de todos os continentes, enfim, o reconhecimento e uma reverência mundial dignos da dimensão de uma majestade.
Ao longo da vida profissional e em algumas incursões familiares, nas Américas e na Europa, tive a percepção – e a prova – do tamanho de um ser como Pelé. Em várias nacionalidades, quando me identificavam como brasileiro, me associavam, para meu orgulho, ao nosso eterno ídolo. “Brasil! Pelé!”
Lembro da minha infância e juventude. O Grêmio era heptacampeão gaúcho. Tinha um ataque poderoso, formado por Babá, Joãozinho, Alcindo e Volmir. Na época se jogava assim: 1 – 4 – 2 – 4.
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Mas enfrentar o Santos de Pelé e companhia dava medo. E que eu lembre, quase sempre nosso time multicampeão gaúcho perdia naqueles anos de 1960 e 70. Se ninguém resolvia, Pelé fazia uma jogada genial e, quando não resultasse em gol, pifava um companheiro.
Não menos importante é dizer que, pelo menos eu, nunca consegui sentir algum rancor do adversário Pelé que nos derrotava. Porque ele não era provocativo, nem farsante; respeitava os adversários e era admirado por eles.
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Os jovens, visualizem Ayrton Senna, o mais competitivo piloto que conheci. Mesmo assim, reconhecido e reverenciado pelos seus adversários nas pistas. Porque no seu tempo, ou além dele, era o melhor.
Você pode achar que é relativo dizer que Pelé foi o melhor de todos os tempos, embora tenha sido alçado a essa condição pelas mais importantes organizações esportivas internacionais que o elegeram como Atleta do Século.
Mas isso não importa. Compreendo que os argentinos idolatrem Maradona e Messi, seus ídolos e craques inquestionáveis. Mas inclusive eles reconhecem Pelé. Não se trata só de números, estatísticas, planilhas de desempenho. Trata-se de legado, de personalidade, de imagem, de referência. Perdoem-me os que entendem que faço injustiça a alguém. Mas Pelé era de outra dimensão.
Reverenciado, ovacionado e idolatrado no mundo inteiro. De novo: não só porque sabia driblar seus adversários em campo, mas também pela habilidade de se esquivar e deixar para trás situações e declarações polêmicas ou desastrosas como estamos acostumados a ver.
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Acho que nossos governantes, de todas as cores e ideologias, e todos os que se atribuem importância na vida pública do País, seja qual for o Poder constitucional que representam, deviam estudar a vida e a trajetória de Pelé. A começar pela humildade, para se despojarem de uma pretensa e hipotética majestade que não lhes pertence.
Deviam se espelhar em um cidadão que era reconhecido e aclamado em todos os continentes e recantos, que deu nome e visibilidade ao nosso País além das nossas fronteiras, que era recepcionado com pompa pelas maiores personalidades do mundo, independente de ideologia ou relevância.
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Nós precisamos, urgentemente, de novos Pelés! Obrigado, Edson Arantes do Nascimento! Descanse em paz, nosso Rei!
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