Idealização é o ato humano de projeção de algo de modo positivo e ideal. Quase sempre de faculdades totalmente virtuosas. E quase sempre, ou sempre, fantasiada e exagerada. Idealizamos nossas famílias e nossos pais. Nossos amigos. Nossos hábitos e nossos gostos. Idealizamos nossa cidade, nosso Estado e nosso País. Mais do que outras coisas, idealizamos nossos amores. Ah, e nosso time de futebol.
Idealizamos porque cremos, porque queremos crer, porque precisamos crer, e idealizamos, principalmente, porque amamos. E o amor, todos sabem, é cego! Já idealizávamos os governos e o Parlamento. Os políticos e os governantes. Não que merecessem, mas porque precisávamos e precisamos crer nas instituições. Ainda que também fantasiada e exageradamente.
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Todavia, ainda idealizamos o Poder Judiciário. Talvez influenciados pelo idealismo das leis, dos rituais, das roupas, da pompa e circunstância, entre outros sinais exteriores. Ultimamente, porém, sobretudo nos tribunais superiores, há um continuado e preocupante esforço de autodesmoralização.
Aliás, faz muito tempo que há um agravamento na depreciação e autodesmoralização dos poderes de Estado. Afinal, os sucessivos escândalos e frustrações – de todos os tipos e tamanhos – significam algo.
Pela mesma razão, possivelmente, se sucedem os tipos humanos cada vez mais patéticos, seja pela natureza de seus atos, seja pela qualidade de suas explicações. Ou a falta de. Por tudo quanto, distantes de nossas idealizações.
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Em resumo, nossas idealizações particulares, equivocadas ou não, nós as pagamos com o preço de nossas desilusões e sofrimentos pessoais. Emocionais, financeiros, ou não. Porém, as idealizações públicas e comunitárias, sociais e políticas, especialmente, equivocadas ou não, as pagamos com sofrimento coletivo e oportunidades perdidas. E, principalmente, pagamos com dinheiro público. O dinheiro de todos os brasileiros. Em se tratando de dinheiro público, não pode haver segredos, nem reservas. Nem idealizações!
Momento filosófico
Mundialmente, há uma crise de valores sociais e políticos, uma crise no sistema de crenças. Falta de esperanças. Uma crise por falta de utopias. Pergunto: os conflitos e as contradições atuais serão a massa e o tempero para fazer renascer a esperança e a reconstrução das utopias? Ou não haverá mais utopia?
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