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INDÚSTRIA

Atividade no setor de tabaco aumenta 21,2% no ano

Foto: Alencar da Rosa/Banco de Imagens

Reação dos preços devido à redução da oferta no mercado ajudou a elevar o faturamento das empresas do setor desde janeiro

Com preços em alta no mercado internacional e um incremento nas exportações devido ao represamento de cargas durante a fase mais aguda da pandemia, a atividade do setor de tabaco aumentou 21,2% entre janeiro e setembro, segundo levantamento da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs). Foi o melhor desempenho entre os segmentos industriais do Estado nos primeiros nove meses do ano.

A Fiergs mede mensalmente o nível de atividade da indústria gaúcha. O chamado Índice de Desempenho Industrial (IDI) leva em consideração o faturamento das empresas, o número de pessoas empregadas, a remuneração total dos colaboradores, o volume de horas trabalhadas e a compra de matérias-primas, materiais e componentes. No geral, a atividade da indústria cresceu 5,3% no período.

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No caso do tabaco, todos os indicadores tiveram alta. O faturamento, por exemplo, aumentou 61,9%, enquanto as compras cresceram 56,2%. O cenário se explica em parte pela reação dos preços, em função da redução da oferta no mercado. Além disso, segundo o presidente da Câmara Setorial do Tabaco, Romeu Schneider, os preços que vinham sendo praticados estavam defasados em razão da pandemia “Se nós fizermos um comparativo com outros produtos agrícolas, como grãos, isso também aconteceu, mas em um período anterior, mais cedo. O tabaco ainda não havia corrigido esses valores”, observou.

Outro fator é a escalada nas exportações. Dados apresentados pelo Sinditabaco durante uma reunião da Câmara Setorial nesta semana em Brasília apontam que, entre janeiro e outubro, foram embarcadas 455 mil toneladas, o que representa um aumento de 21,28% em relação ao mesmo período. Em valor, a movimentação chegou a US$ 1,8 bilhão e deve superar os US$ 2 bilhões até o fim, do ano. Conforme Schneider, os números refletem a retomada plena do comércio internacional após o caos logístico gerado pela Covid-19, o que resultou em escassez de navios e contêineres e elevação no frete marítimo.

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Embora não explique o aumento na atividade, inclusive em razão da desvalorização registrada ao longo do ano, o câmbio também se mantém em patamares favoráveis às vendas externas, segundo fontes do setor. O dólar registrou alta de alta de 29% em 2020 e de 7,47% em 2021. Neste ano, entre janeiro e setembro, caiu 3,98%.

O bom desempenho da atividade industrial também teve reflexos no valor pago aos produtores durante a comercialização da safra. Números da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), também divulgados durante a reunião em Brasília, apontam que o faturamento dos fumicultores aumentou 43,98%.

Indústria deve se manter em curva positiva

Dos 16 setores pesquisados pela Fiergs, dez registraram crescimento da atividade nos primeiros nove meses do ano. Além do tabaco, destacaram-se segmentos como veículos automotores (alta de 17,7%), couros e calçados (15%) e máquinas e equipamentos (11,1%). Já outros segmentos tiveram queda, como produtos de metal (-2,6%), químicos e refino de petróleo (-3,4%), móveis (-5,8%) e metalurgia (-10,8%).

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No acumulado, o IDI avançou 4,8% desde o início do ano. Se comparado ao período anterior ao início da pandemia, em fevereiro de 2020, o aumento é de 13,4%. Em setembro, porém, após três meses consecutivo de alta, o índice caiu. Isso não deve alterar a tendência positiva e se deve, segundo o presidente da Fiergs, Gilberto Petry, a uma “acomodação em patamar elevado”.

“O cenário permanece favorável, com a demanda interna respondendo aos estímulos governamentais e a demanda externa ainda aquecida. Tudo isso se soma às menores dificuldades nas cadeias de suprimentos e à estabilização nos custos de produção”, analisa.

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A perspectiva para os próximos meses é de manutenção do quadro, ainda que haja incerteza quanto aos rumos da política econômica após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Conforme a entidade, efeitos defasados da política monetária e a perspectiva de desaceleração da economia mundial também podem influenciar o desempenho das indústrias no curto e médio prazo.

COP 10, no Panamá, entra no radar do setor

Uma das principais definições da reunião desta semana da Câmara Setorial do Tabaco, a última de 2022, foi a criação de um grupo temático para acompanhar o encaminhamento da décima sessão da Conferência das Partes (COP), que ocorrerá no ano que vem, no Panamá. O coordenador do grupo será Giuseppe Lobo, que foi escolhido novo consultor técnico da Câmara. Gerente-executivo da Associação Brasileira da Indústria do Fumo (Abifumo), Lobo assumiu no lugar de Carlos Galant, que se aposentou em julho deste ano após 20 anos à frente da associação.

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A COP reúne, a cada dois anos, os países que aderiram à Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco para discutir estratégias de implementação das medidas previstas no tratado, cujo objetivo é reduzir o tabagismo no mundo. A movimentação costuma ser acompanhada com preocupação pela cadeia fumageira, que é excluída das discussões, em razão de deliberações que possam afetar a produção.

A última conferência ocorreu em 2021, de forma virtual, e não resultou em medidas hostis ao setor. Ainda assim, o posicionamento do governo brasileiro, que chegou a defender uma proposta de novas taxações sobre produtos de tabaco como parte de um plano voltado à recuperação econômica dos países no pós-pandemia, foi motivo de críticas. A próxima reunião da Câmara Setorial será realizada no dia 30 de março.

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