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romeu neumann

Joguei a toalha!

Fui levar flores (as mais bonitas que encontrei) para reverenciar e externar gratidão aos meus pais no Dia de Finados. Outros familiares já haviam ornamentado o túmulo. Acredito que, para todos, foi uma forma de lhes retribuir a bondade.

Todos temos recordações e saudade das pessoas que amamos e que partiram à nossa espera. Meu pai Alfonso e minha mãe Amanda foram as pessoas mais amáveis que conheci. Severas e exigentes, colocaram a régua do padrão ético acima da curva. Mas nunca deixaram de ser amáveis.

Aproveitamos a data para revisitar a casa onde nasci e passei minha infância e adolescência. Uma das minhas irmãs ainda reside no casarão antigo e preserva cada espaço como o deixamos décadas atrás, quando saímos para estudar e “ganhar a vida” em outras paragens.

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Mal havíamos compartilhado algumas lembranças quando recebi uma chamada no celular. “Passamos aqui e vimos que a casa de vocês no sítio foi arrombada outra vez”, disse, resignada, uma cunhada que reside próximo à propriedade.

Foi um soco no estômago. Em uma fração de tempo, a nostalgia do reencontro com minha origem deu lugar à indignação e à revolta. Preciso dizer que não atribuo qualquer culpa aos agentes de segurança, aos policiais civis e militares. Eu os vejo de joelhos diante de uma legislação que tolera e é conivente com o crime.

Mas, cá para nós: você faz ideia de como se sente um cidadão que teve a casa violada por 18 vezes?
Afora o prejuízo econômico e financeiro – não tenho mais noção do quanto já perdemos – fica o trauma de se sentir invadido na intimidade, nos sonhos, no reduto.

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É um ambiente que construímos com trabalho, com salário, abdicando de alguma regalia para celebrar o convívio com a natureza, para nos presentearmos com a sinfonia dos pássaros que estavam ausentes e que voltaram em revoadas porque lhes oferecemos frutas, abrigo, flores.

No último ato, na semana que passou, invadiram a casa pelo telhado. Quebraram o forro para descer e levaram os aparelhos de ar-condicionado. A casa é monitorada por câmeras (que eles quebram), tem sistema de alarme (que eles neutralizam) e tem as aberturas reforçadas com grades e trancas de ferro.

Nada resolve. A vagabundagem ganhou, com o beneplácito da lei e de gente importante que serve de modelo para marginais em todas as instâncias de poder neste País para atestar que o crime compensa.
Me sugeriram uma última tentativa: contratar um caseiro que ocupasse a casa quando não estivéssemos no sítio.

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Mas, não! Já tive experiência semelhante. Embora tivesse pago todos os direitos ao casal contratado, com comprovantes das minhas obrigações na mão, fui processado na Justiça do Trabalho. Não paguei um centavo ao infeliz que arruinou um projeto, que sepultou um sonho de parceria e me fez enxergar que nem sempre os que se dizem mais carentes são os mais necessitados.

Por questão de honra, paguei honorários a um advogado, custeei despesas de testemunhas que se solidarizaram comigo e absorvi a decepção com pessoas em quem apostei e que só quiseram me assaltar.

Você arriscaria de novo? Eu não. Paguei caro para provar que tinha sido honesto e correto perante a lei.
É uma pena. Quantas pessoas boas, necessitadas, trabalhadoras e bem-intencionadas deixam de receber uma oportunidade de trabalho porque a legislação intimida a quem oferece uma vaga!

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Neste momento nem penso mais em contratar. Ao contrário, me sinto desalojado pela bandidagem e nocauteado por uma legislação que blinda o criminoso e enquadra a vítima. Eu me rendo!

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