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SANTIAGO DE COMPOSTELA

Sobre duas rodas: como foi o desafio de ciclistas da região na Espanha

Grupo realizou trajeto em setembro deste ano | Foto: Divulgação

De 1º a 12 de setembro deste ano, um grupo de ciclistas do Vale do Rio Pardo, composto por Rogério Ivan Hein, Martim Gunter Panke, Fernando Henrique Mossmann, Roberto Inácio Backes, Leandro Streher e Luiz Faccin, fez o caminho para Santiago de Compostela, na Espanha. Todos eles, sobre as duas rodas de suas bicicletas, chegaram ao destino final após percorrer mais de 800 quilômetros. 

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Dividido em 11 etapas, o trajeto do grupo teve início em Saint-Jean-Pied-de-Port, na França, percorrendo todo o norte da Espanha até a região da Galícia. Mais que um desafio esportivo, ao pedalar em uma das rotas mais conhecidas do mundo, os seis amigos encheram os olhos com edificações históricas do continente europeu, como castelos, mosteiros e igrejas. Conheceram também vilarejos e a distinta geografia, que envolve cenários pitorescos, com florestas, montanhas, campos e rios. 

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Pirineus

Todo o trajeto do grupo foi detalhado no blog randonneesantacruz.blogspot.com. A primeira etapa da peregrinação, no trecho que separa as cidades de Saint-Jean-Pied-de-Port, na França, de Roncesvalles, na Espanha, tem 27 quilômetros. Segundo os relatos no blog, paisagens dignas de serem utilizadas em cenários de filmes são também sinônimo de dor nas pernas. Uma dura subida alerta para a importância de carregar pouco peso, na região montanhosa dos Pirineus.

Alguns trechos do caminho são exclusivos para pedestres, por isso, é bom seguir pelo asfalto. Outros trechos são de terra, e na fronteira, em um trecho pequeno, é necessário empurrar a bicicleta. Nesta etapa, os ciclistas passaram por locais como a capela Del Salvador e Monumento a Roldan, pelo município de Roncesvalles, onde há a famosa placa “Santiago de Compostela a 790 km”. De acordo com Luiz Faccin, nesses primeiros dias, alguns optaram por bicicletas com motor para vencer a altitude das trilhas montanhosas. “O percurso inicial foi o mais difícil, mas as belas paisagens valeram pelo esforço”, avaliou.

A subida até o Alto del Perdón foi o trecho mais difícil da segunda etapa, com altitude de mais de 750 metros. Na descida, os peregrinos encontraram trilhas com muito cascalho. Eles cruzaram por Pamplona, capital da província de Navarra. Também passaram por Alto do Perdão, ponto que tem aproximadamente 770 metros de altitude. O vento forte é uma característica do lugar.

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Logroño

A terceira etapa passa por Logroño, capital da província de La Rioja. Passa também pelas paisagens planas do vale do Rio Ebro, entre campos de cereais e inúmeros vinhedos que definem a paisagem. São quilômetros de muito “sobe e desce”, que torna a pedalada mais cansativa. A subida até Villamayor é de um percurso agradável, mas conta com áreas desertas. Após Los Arcos, o caminho tem muitos bosques. A etapa 4 passa por Santo Domingo de La Calzada, uma das localidades da região de La Rioja e um dos ícones do Caminho, que leva a um traçado medieval no qual se destacam a catedral, as muralhas e o hospital de peregrinos.

Burgos

De 5 a 6 de setembro, os ciclistas passaram por mais duas etapas. Um dos locais do percurso foi o município de Burgos. Também passaram pelo Convento de San Antón, lugar com muitas pedras que faziam parte de um antigo convento construído no século 14. Com poucas subidas, o grupo viu pequenos vilarejos e ruínas de castelos medievais. A etapa 6 contou com um percurso plano entre plantações. 

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León

A etapa 7 foi de pedalada plana entre plantações. Porém, de acordo com relatos, o caminho é pouco abrigado. Por isso, há a necessidade de atenção aos cuidados com o sol. A chegada a Léon – uma das grandes cidades do trajeto – é muito agradável de percorrer a pé. Os destaques da cidade são sua Catedral, a Basílica de San Isidoro e a Casa Botines. A etapa que passa pelo município de León é a de maior quilometragem. No local, voltam-se os olhares para os campos agrícolas. Na Cruz de Ferro é onde está um dos percursos mais difíceis, pela subida vigorosa. 

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Santiago

As três últimas etapas do percurso começam a tomar a direção de Columbrianos, por meio de campos rurais. A etapa até Villafranca del Bierzo ocorre sem maiores dificuldades. Contudo, a partir de Villafranca (altitude de 501 metros) até Cebreiro (altitude de 1.305 metros), os peregrinos andam pela montanha da Serra dos Encares, passando por pequenas povoações até Cebreiro. A partir de Cebreiro, a descida é por trilhas. Na etapa 10, passa-se pelo Mosteiro de São Julião de Samos, construído no século 6, e que sofreu vários incêndios e saques ao longo de sua história. Já em Palas de Rei, pode-se visitar o Castelo de Pambre.

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Finalmente, a etapa 11 leva a Santiago de Compostela. Mélide é a cidade onde existia um antigo hospital de peregrinos, que foi convertido no Museu da Terra, também conhecido como Convento Sancti Spiritus. Depois, Monte do Gozo é o local onde os peregrinos avistam as torres da Catedral de Santiago erguendo-se acima do centro monumental. Aliás, é daí que vem seu nome: da “Alegria” que invade o viajante quando finalmente avista a cidade de Santiago. A peregrinação pelo Caminho está incompleta sem que se veja a Missa do Peregrino, na catedral de Santiago de Compostela. Para os que fazem o Caminho pela fé, este é o objetivo final da jornada. Mas mesmo aos que percorrem quilômetros a pé ou de bicicleta não deixa de ser impressionante acompanhar a celebração.

Impressões

Para Luiz Faccin, a união do grupo foi importante ao longo do percurso. Não houve nenhum atrito ao longo dos 12 dias. Foi a primeira experiência para todos com tantos dias de pedalada. O relevo em diversos trechos não foi favorável e impôs dificuldades. Pela rotina de acordar cedo e parar somente para o almoço, o cansaço foi um desafio a mais.

Segundo o ciclista, é inexplicável a emoção de chegar à Catedral de Santiago e encontrar peregrinos do mundo inteiro. O grupo participou da missa das 19h30, com trechos em espanhol, latim e inglês. Na sequência, o passeio de van até Finisterre foi a melhor noção do que representou a aventura. De fato, o grupo cruzou a Espanha de oeste a leste. No resumo, foi uma aventura esportiva, religiosa, cultural e de convivência. Acumularam memórias de paisagens e vilarejos.

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Sem precipitações durante o pedal, a chuva apareceu somente quando estavam colocando as bicicletas alugadas no bicicletário, ao final da jornada. Foi a representação da bênção por a viagem ter sido completada com sucesso, sem incidentes. Para Luiz Faccin, foi mais uma conquista pessoal. Em 2007, ele havia completado o Paris-Brest-Paris-Randonneur (desafio cicloturístico de 1.227 quilômetros, em 86h57. Presidente da Associação Gaúcha de Cicloturismo (Agacitur), Faccin já concluiu viagens cicloturísticas na Suíça, na Alemanha, na Itália, no Peru, na Argentina e no Nordeste Brasileiro.

Faccin acredita que é viável criar uma rota turística no Vale do Rio Pardo para cicloturismo . Ele cita o exemplo de Santa Maria, que está desenvolvendo a “Rota do Coração”, e também a de Candelária, que vai contar com o “Circuito Paleontológico”, com 200 quilômetros. Em Santa Cruz do Sul, há um estudo para a criação do “Caminho da Colônia”, em uma parceria entre Aturvarp, Emater e Santa Ciclismo, com apoio da Associação Gaúcha de Cicloturismo. O trajeto teria fim no Viaduto 13, com passagem pelo Cristo Protetor, em Encantado. Para Faccin, as rotas cicloturísticas são importantes para o desenvolvimento do turismo regional e para a valorização das pequenas comunidades.

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