Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

LISSI BENDER

Rio Pardinho, 170 anos

Casa onde o pastor Friedrich Klasing morou | Foto: Arquivo

Há 170 anos soa a língua alemã por entre vales e morros de Rio Pardinho, a Neue Pikade, como fora chamada, quando em 1852 recebeu os primeiros imigrantes vindos de além-mar. De lá para cá muitas gerações sonharam, viveram, contribuíram com seu fazer e deixaram suas marcas. De geração para geração são legados fé cristã, valores, saberes, a língua alemã, que participam da identidade de Rio Pardinho e de seus habitantes.

LEIA TAMBÉM: Brezel – Símbolo da profissão dos padeiros

Na Neue Pikade continuou o assentamento de famílias de origem germânica, quando, após dois anos do início, a Alte Pikade já estava habitada. As duas picadas foram, então, unidas por uma Querpikade, a Linha Travessa. A vinda das famílias fora promovida pelo governo rio-grandense, por intermédio do agente Peter Kleudgen. Vieram de diferentes regiões germânicas e a maioria era luterana.

Publicidade

Por muito tempo vinham também pessoas de terra alemã que ofereciam suporte para a alma e o intelecto dos moradores. O pastor Friedrich Klasing foi um deles (na foto, a casa em que ele morou). Ele veio em 1896 a Rio Pardinho e era responsável, não somente pela igreja evangélica, mas também foi professor de música e participou da fundação do conhecido jornal Kolonie. A propósito, no cemitério histórico de Rio Pardinho se encontram os túmulos de dois de seus filhos. Pastor Klasing foi avô do dr. professor Engels, da Universidade de Tübingen, falecido no final do ano passado.

Outras pessoas graduadas vieram à Colônia durante as primeiras décadas. O geógrafo Max Beschoren foi um deles. Em seus relatos de viagem (entre 1875 e 1887) descreve Rio Pardinho como “das Schönste und Wohlhabendste“ – o vale mais lindo e próspero – da Colônia Santa Cruz:
„Zu beiden Seiten der Strasse liegen … netten, saubern, zum grössten Teile aus Sandstein oder Backsteinen gebauten Häuser der Kolonisten, oft versteckt in Orangenhainen und umgeben von Pfirsichbäumen und Rebenlauben; die mit üppigem Futter bedeckten Potreiros, nach der Strasse durch „Unha da gato“ (Katzenkrallen-Dorn) oder einen wilden Rosenzaun abgeschlossen, beherbergen den kleinen Viehstand des Besitzers, drei bis vier Milchkühe, vier bis fünf Pferde; dahinter schliessen sich die Pflanzungen (Plantagen oder Roça) an, welche zum grössten Teile mit dem Pfluge bearbeitet werden. Der Hintergrund wird von den meistens noch mit Wald bedeckten Höhenzügen gebildet und schliesst das liebliche Bild wirksam ab.“ (Beschoren, Beiträge zur nähern Kenntnis der brasilianischen Provinz São Pedro do Rio Grande do Sul, 1989, p. 16).

LEIA TAMBÉM: Trajes e cores em contexto cultural

Publicidade

“Nos dois lados da estrada situam-se casas dos colonos, simpáticas, limpas, a maioria construída com pedras grês ou tijolos. Muitas escondidas por entre laranjais, envoltas por pessegueiros e videiras; ao longo da estrada se encontram potreiros cobertos por pastagens viçosas, cercados por Unha de Gato ou por cerca de roseiras silvestres. Fechados, abrigam o pequeno efetivo de animais do dono, três a quatro vacas leiteiras, quatro a cinco cavalos; atrás dos potreiros se encontram as plantações que, em grande medida, são cultivadas com arado. O fundo das terras e as montanhas formadas por florestas completam graciosamente o quadro.” (Tradução minha, livre).

Outra figura a merecer destaque é tio Weise. Em reminiscências, Paulo Gressler escreveu sobre ele em 1949. Weise nasceu em Sachsen-Altenburg, onde havia estudado Jurisprudência e Teologia. Em Rio Pardinho se uniu a três cunhados que haviam fixado morada um ano antes. Ali fundou uma espaço “para ensinar os filhos das famílias Gressler. Logo, porém, filhos de outros pais também vieram participar das aulas. Assim foi se formando a primeira escola em Rio Pardinho.” Atualmente, Rio Pardinho continua contando com muitas pessoas e diversas instituições (a enumeração não caberia no espaço de minha coluna), que se empenham em favor do legado germânico e da identidade. Seja na arquitetura, nas tradições, no idioma alemão, na fé cristã, na preservação da exuberância do verde, no cultivo de flores, na música, na culinária, na produção de alimentos, em eventos. Tudo isso compõe um imenso esforço que faz de Rio Pardinho ser um lugar diverso e especial. Parabéns, Rio Pardinho!

LEIA OUTROS TEXTOS DE LISSI BENDER

Publicidade

Quer receber as principais notícias de Santa Cruz do Sul e região direto no seu celular? Entre na nossa comunidade no WhatsApp! O serviço é gratuito e fácil de usar. Basta CLICAR AQUI. Você também pode participar dos grupos de polícia, política, Santa Cruz e Vale do Rio Pardo 📲 Também temos um canal no Telegram! Para acessar, clique em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça sua assinatura agora!

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.