Todas as noites, ao deitar, rezo, reflito sobre o dia que termina, faço um balanço da jornada que finda. Costumo dizer que podemos enganar a todos, todo o tempo, mas é impossível mentir para o travesseiro, nosso precioso conselheiro. Confesso que nem sempre é fácil analisar com isenção o cotidiano. Afinal, o incorrigível hábito de contestar parece incansável, mesmo quando o sono bate forte, e com o adiantado da hora. Mas cá entre nós: é difícil esgrimar argumentos contra nós mesmos… fazer o quê? Apesar das dificuldades, é preciso que sejamos honestos diante do inventário do dia a dia.
Além de “bater boca” silenciosamente no escuro do meu quarto, agradeço a Deus por preciosas benesses que recebo sem qualquer resquício de merecimento. Saúde, segurança, conforto, amigos e possibilidade de ter trabalho são celebrados antes de fechar os olhos. São presentes raros. E, por isso, cada vez mais valiosos, embora tão distantes para tantas pessoas.
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Os filhos são bens de valor imensurável. A vida se divide entre antes e depois da chegada destes seres que crescem diante de nossos olhos numa velocidade avassaladora, inacreditável, injusta até. “Aproveita enquanto eles são pequenos porque o tempo passa muito rápido. Pode acreditar!”, ouvimos na chegada dos nossos herdeiros. Antes de sermos pais e mães, o lembrete soa como lugar comum, uma frase surrada, uma das tantas que se ouve nesta época da vida. O tempo – sim, este verdadeiro senhor da razão! –, porém, se encarrega de fazer jus à insistência do aviso dos nossos amigos.
A distância dos filhos gera uma dependência dolorida. Não vê-los ao acordar logo cedo ou compartilhar as experiências do cotidiano à tardinha cria um vazio impossível de preencher em uma mesa de bar, ao celular ou diante da televisão. É uma experiência em que sou estreante e, confesso, não tem sido fácil.
Até hoje sempre tive um dos rebentos por perto. Ok, a tecnologia ajuda, mas o olho no olho é insubstituível. O toque, o tom de voz, a descoberta de problemas escamoteados pelo WhatsApp ou por ligação de vídeo. Isso só o contato humano permite.
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O mais difícil da função materna/paterna é participar da vida da gurizada sem soar como interferência. Ser um estorvo exige muita sensibilidade no comportamento dos pais. Na tentativa de nos mostrarmos presente, sendo amparo e parceria, podemos soar invasivos aos olhos de nossos filhos.
Sofrer à distância e ansiar por uma mensagem balsâmica do celular são o cotidiano de pais, como eu, que ainda não se acostumaram à posição de coadjuvantes. Afinal, para nós, aquele pequeno ser, de carinha amassada – mas sempre o mais lindo dos bebês! –, é, e será para sempre, a maior fonte de inspiração, alegria, orgulho. E de amor eterno!
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