O voto é uma manifestação de liberdade, conquista ampliada para um número cada vez maior de brasileiros ao longo de décadas. As mulheres, que hoje são maioria do eleitorado (52%, estima-se), obtiveram o direito de votar em 1932 e o exerceram pela primeira vez em 1935. Os analfabetos, que haviam sido afastados do sistema de escolha em 1881, recuperaram a condição de eleitores só em 1985.
Cito esses dados para lembrar que o privilégio de eleger líderes nem sempre esteve ao alcance de toda a população. E, é claro, também houve diversos períodos autoritários em que o voto para presidente não esteve ao alcance de ninguém. Mas liberdades políticas são essenciais, inclusive como condição para o desenvolvimento de um país.
É o que pensa o economista Amartya Sen, Prêmio Nobel de Economia em 1998. Para ele, indicadores como o Produto Nacional Bruto (PNB) ou o crescimento de rendas individuais não podem ser um fim em si, mas um meio para obter maior desenvolvimento humano, mais qualidade de vida em sentido amplo. No livro Desenvolvimento como liberdade, Sen vê o desenvolvimento como um processo de expansão (jamais contenção) das liberdades, que ocorre de forma interligada.
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Assim, liberdades políticas (na forma de liberdade de expressão e eleições) ajudam a promover a segurança econômica. Oportunidades sociais (como serviços de educação e de saúde decentes) facilitam a participação econômica. Facilidades econômicas (na forma de participação no comércio e na produção) podem ajudar a trazer riqueza individual, além de recursos públicos para os serviços sociais.
O desenvolvimento humano que daí resulta vai além da melhora da qualidade de vida individual, pois tem influência positiva sobre as habilidades produtivas das pessoas – portanto, estimula a prosperidade econômica de modo geral. E a liberdade política importa muito nesse processo.
A palavra “voto” vem do latim votum e significa, lá na origem, uma promessa solene ou um pedido feito aos deuses. Pode-se dizer, então, que o voto tem um caráter sagrado. No próximo domingo, 2, seja quem for o candidato, independentemente de convicções, tenha em mente isto: você vai exercer a liberdade política. E tem o direito de fazê-lo sem correr o mínimo risco de ser ameaçado, coagido ou espancado nas ruas. Quero crer que isso é o que todos desejam e esperam nesta eleição.
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