Nesta segunda-feira, 26, o genealogista santa-cruzense Luciano Schmidt embarca rumo à Alemanha em uma viagem que tem como objetivo resgatar a história da colonização alemã em Santa Cruz do Sul e também de sua família. Ele é descendente de August Raffler, um dos primeiros imigrantes vindos do país europeu para Santa Cruz, em dezembro de 1849. No roteiro estão previstas visitas às regiões da Turíngia, da Renânia e da Silésia. Esta última, hoje pertencente à Polônia, foi de onde partiram 11 dos 12 primeiros colonizadores.
Um dos contatos de Schmidt naquele país é Johannes Marschke, um pesquisador alemão cujos antepassados também migraram. Por esse motivo, compartilha o interesse pelo processo migratório para o Sul do Brasil no século 19. Na Silésia, um dos locais que pretendem percorrer é a localidade de Klopschen. De lá partiu, além de August Raffler, também August Wuttke, outro dos fundadores da colônia. Em 2022, esse município completa 800 anos de criação e será realizada uma grande festa de comemoração em meados de outubro.
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Apesar da grande documentação existente e preservada daquele período, o que inclusive facilita o processo de pesquisa genealógica, Schmidt acredita que pode haver muitas informações ainda não descobertas. “A minha expectativa é muito grande, mas não sei o que vou encontrar. Imagino que seja algo único poder comemorar 800 anos. Parece-me também que as pessoas da comunidade se envolvem muito na organização”, afirma. Como descendente de imigrantes que habitavam aquela região há mais de 170 anos, ele espera despertar o interesse da população sobre o tema.
O genealogista já teve outra experiência na Alemanha, em 2018, quando apresentou um trabalho sobre a imigração alemã para o Sul do Brasil a pesquisadores e interessados da região da Turíngia. “Falei inclusive de Santa Cruz e eles não faziam ideia, para eles era algo totalmente desconhecido.” Schmidt observa que, com os efeitos da Segunda Guerra Mundial, muitas pessoas deixaram aquelas localidades. Com isso, o conhecimento sobre os antepassados acabou se perdendo. “A intenção é refazer esses laços e trocar experiências sobre a imigração”, enfatiza.
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Ainda que hoje a pesquisa e a comunicação sejam muito mais fáceis por meio da internet, Schmidt diz que a história não se revela sozinha. Os arquivos existem, mas alguém precisa se dedicar ao seu estudo. Segundo ele, muitas famílias conseguiram restabelecer esses laços e mantêm uma conexão entre Santa Cruz e a Alemanha. “Também sei de histórias de pessoas que encontraram, mas não houve nenhum interesse de aproximação. O espectro de possibilidades é muito grande”, completa. A viagem terá duração de cerca de 30 dias.
Interesse pela história
Luciano Schmidt é técnico judiciário da Justiça Federal e tem 47 anos. Ele conta que tem interesse pelo tema da imigração desde a infância, quando ouvia as histórias da família. “Mas quando somos crianças esses relatos têm um aspecto mítico, uma coisa mágica”, ressalta. Há mais de 25 anos ele se dedica à pesquisa e também à genealogia e já publicou um livro. Segundo ele, o auxílio dos alemães é fundamental para elucidar os fatos e tornar as histórias orais mais próximas do que realmente aconteceu na época.
Ele diz que após a reunião do material, que por vezes revela informações insuspeitas, muitas outras famílias podem perceber que são descendentes de pessoas que tiveram trajetória semelhante. Assim, há um incentivo para que também comecem esse processo de busca por seus antepassados. “A história não é só um relato do passado. Ela serve como algo motivador para o presente e para que possamos projetar o nosso futuro.”
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