Maristela Zanotto participou da reestruturação do PTB no Rio Grande do Sul na década de 1980, ao lado do ex-senador Sérgio Zambiasi. Este ano, filiada ao PSC, decidiu deixar os bastidores e lançou-se candidata ao Senado. Pesou nesse processo a proximidade com o candidato a governador Roberto Argenta. Assim como ele, ela é empresária do setor calçadista em Caçapava do Sul, onde mora há quase duas décadas.
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Entrevista
Maristela Zanotto (PSC)
A senhora concorda com o acordo de recuperação fiscal que foi firmado pelo atual governo? Como entende que o problema da dívida com a União deve ser atacado? Essa negociação tem que ser revista. Não se trata de pedir perdão da dívida, mas que consigamos renegociá-la para que o Estado não fique engessado.
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A senhora entende que o Congresso acertou ao reduzir o teto de ICMS, considerando o baque na arrecadação dos estados? Quando o Estado abre mão de receita, tem como atrair empresas. O retorno vem com o aquecimento da economia. Temos que ser mais ofensivos no sentido de simplificar impostos e abertura de empresas. Sou a favor das isenções fiscais.
Já que a senhora tocou no assunto, qual entende que deve ser o foco de uma reforma tributária? A reforma tributária é urgente, não apenas para reduzir mas para simplificar impostos. Hoje quem gera emprego é punido, e deveria ser o contrário. O nosso sistema é um retrocesso. E hoje os municípios ficam com uma fatia muito pequena dos impostos que eles mesmos geram. Por isso digo que quero ser senadora do municipalismo.
Como a senhora vê as crises na relação entre governo federal e STF? A forma de indicação dos ministros deve mudar? O Judiciário é um poder independente. Hoje o presidente escolhe e o Senado confirma. Eu defendo que a gente tenha um sistema de indicação mais meritocrático, que possamos construir junto com a sociedade. E acredito que os ministros devem ter mandato de no máximo dez anos, pelo bem da democracia.
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Então defende participação popular na escolha dos ministros? Estamos em um país democrático. Elegemos nossos vereadores, prefeitos, deputados, presidente, senadores. Por que não elegermos os nossos ministros? Precisamos oxigenar o nosso STF.
O Congresso é criticado por aprovar criação de despesas sem indicar fonte de receita, como no caso do piso da enfermagem. Qual a sua avaliação? Nada mais justo do que aumentar o salário desses profissionais. Mas eu me pergunto: como aprovam sem saber de onde vai ser retirado o recurso? Acho que as coisas estão sendo feitas muito no “oba oba”, infelizmente. Por isso acredito que todo político devia ser gestor. A política está uma brincadeira hoje.
E quanto ao orçamento secreto, considera que deve acabar? Não é concebível que tenhamos algo secreto quando diz respeito ao dinheiro público. Aliás, as emendas parlamentares tornam os políticos com mandato sempre favoritos a reeleições. Acredito que deveríamos atuar em blocos.
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A senhora entende que a política de flexibilização no acesso a armas iniciada pelo atual governo deve avançar ou retroceder? Não tenho uma opinião formada ainda a respeito disso.
Qual sua posição sobre legalização do aborto? Venho de uma família muito religiosa, quase fui freira. Meus princípios não condizem com o aborto, exceto naquilo que a lei já contempla. Sou a favor da vida.
E quanto à legalização das drogas, acha que deve ser discutido? Também não. A droga é um desajuste social. Vemos no dia a dia o quanto sofremos por isso, a destruição das famílias, o desgosto dos pais. Tudo o que fere o ser humano e a família, que é a célula-mãe da sociedade, nós somos contra.
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