Do início de minha vida escolar, preservo dois livros em especial: o da língua alemã, Wir lernen Deutsch, e o Livro de Leitura da língua portuguesa. Neles há diversos pequenos textos literários, como: Die Stadtmaus und die Feldmaus; Die Bremer Stadtmusikanten; textos sobre Goethe e Mozart; fábulas como a do menino e o lobo, do leão e o ratinho, da raposa e a uva e a da raposa e a cegonha. Esses textos foram sementes lançadas em meu espírito. Bem no início do livro da língua portuguesa há um texto e um poema enaltecendo os livros. Registro aqui o poema:

O livro

Um livro … Sabes ao certo
O que é um livro? Eu te digo!
– É um irmão que tu tens por perto,
Que chora e brinca contigo.

Que te guia no deserto,
Que, em má noite, empresta abrigo!
Um coração sempre aberto,
Na vitória ou no perigo.

Trata-o, pois, com mil carinhos,
Que, da vida nos caminhos,
Um livro é como Jesus:

Sereno e bom, nos seus passos,
À criança abrindo os braços;
Ao homem mostrando a luz!

Pelas muitas leituras, não sem esforço, fui me apropriando da língua portuguesa – minha segunda língua e ampliando a alemã. Em meu berço fora-me ofertado o idioma alemão. No potreiro, eu costumava sentar ao abrigo de uma frondosa árvore, depois de voltar do colégio. Ali eu fazia minhas leituras e admirava o declinar do sol. Livros, árvores, entardeceres, presenças silenciosas, sempre presentes em minha vida.

Professor Elenor Schneider, meu colega, lembra em seu texto desta semana – “O tempo do livro” – dos livros na praça, antes da nossa tradicional Feira do Livro. Naquele tempo, eu estudava no Mauá e participava da Feira Intercolegial do livro, vendendo livros.

O grande significado da celebração dos livros reside nos efeitos da leitura em nosso corpo e intelecto. Ler “fortalece o espírito”, já dizia Voltaire, o grande filósofo francês do Iluminismo. Livros oferecem asas a nossa imaginação e estimulam nossa fantasia. Ambas essenciais para o desenvolvimento da criatividade. Daí a importância de lermos boas histórias para os pequeninos.

Quando lemos, mergulhamos num mundo novo. Ler amplia nossa consciência e nossa visão de mundo. Já dizia Johann Wolfgang von Goethe, o grande escritor alemão e universal: “Wer Bücher liest, schaut in die Welt und nicht nur bis zum Zaune.“ Ou seja, quem lê livros olha para o mundo e não apenas até o cercado.

É fato: quem lê regularmente bons textos literários estimula as células de seu cérebro, treina sua capacidade cognitiva, estimula sua inteligência emocional, melhora sua capacidade de concentração e amplia seu repertório linguístico, essencial para a expressão oral ou escrita, para vestir melhor os pensamentos e ideias com palavras.

Ler é o melhor hábito que podemos cultivar. Ler de forma consciente, indiferentemente se lemos para nosso estudo, para aperfeiçoar nosso fazer profissional, ou para mergulharmos no mundo criativo e sensível dos textos literários. Estejamos sempre cientes do motivo que nos leva a ler e atentos para com a escolha dos textos, para podermos oferecer conscientemente algo bom ao nosso intelecto e alma. Sejamos criteriosos na eleição de nossas leituras.

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