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HISTÓRIA

FOTOS: Villa Independência: bem mais que uma construção

Foto: Gazeta da Serra/Victor Paranhos

A residência de número 915 da Rua Dom Guilherme Müller, no centro de Arroio do Tigre, vai muito além de seus portões e natureza que a cerca. Este lugar está rodeado por história e pelas vivências de um século para trás.

A construção imponente foi o tema municipal escolhido para a Semana da Pátria 2022: “Villa Independência 1922-2022: Um testemunho vivo de história e Cultura em Arroio do Tigre”. Uma homenagem ao local e à família que ali se estabeleceu, sendo este palco de importantes decisões políticas e onde surgiu a trajetória do Hospital Santa Rosa de Lima.

Homenagem à família Seitenfus pela preservação do patrimônio histórico através da Villa Independência

Doutor em Relações Internacionais, Ricardo Seitenfus é quem herdou este espaço e conta detalhes da morada de seus avós, que tornou-se um marco para manter viva a história de Arroio do Tigre e do Centro Serra. “Em tese a Villa Independência se chama desta forma por ter sido inaugurada no centenário da Independência do Brasil em 1922, pois sabe-se que estas casas antigas têm no seu pórtico, na sua fachada, o ano da construção. Ela não tem esta data, mas simplesmente Villa Independência, ou seja, casa imponente, com as armas da República e bem acima, no topo da fachada, uma águia imperial germânica. Então ela é republicana e ao mesmo tempo oferece essa informação importante que foi construída por alguém de origem germânica”, explica.

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Tendo nascido nesta residência e retornado para ela em 2016, Ricardo tem muitas recordações que remetem a seu avô, o médico Reinaldo Seitenfus, responsável pela construção no século passado. “Meu avô foi o primeiro médico desta região. Veio para cá em 1916. A primeira clínica ficava ao lado da casa, depois então ajudou a construir o Hospital Santa Rosa de Lima, o qual fica hoje do outro lado da rua. Ele era um médico operador, cirurgião, que teve uma atuação não somente no campo médico, mas também no Sindicato dos Médicos que estava sendo reconhecido naquele momento, mas também teve uma participação política muito importante”, frisa o neto, reforçando o sentido de que esta é bem mais do que uma construção.

“Dr. Reinaldo teve uma importante participação na emancipação de Sobradinho, sendo prefeito na época. Seu filho, meu pai Walter, foi presidente da Câmara de Vereadores. Mas, sobretudo, meu avô teve papel na emancipação de Arroio do Tigre. Quando este se emancipou, ele cedeu várias propriedades para a Administração Municipal. Onde foi a primeira sede da Prefeitura era um hotel dele. Já onde é hoje a atual Praça Ivo Mainardi eram terrenos dele. Ele participou muito ativamente da emancipação de Arroio do Tigre”, ressalta Ricardo.

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Para o neto, a casa é um legado imponente, uma casa não comum, para a qual seu avô tinha conhecimento, mas também recursos para construir. “Além de ter um pé direito com 6 metros de altura, chamam atenção os afrescos que são conservados. Herdei esta casa na década de 1980 e desde então não somente a mantenho, mas a faço reviver, voltando à originalidade dela, pois havia sido modificada em vários aspectos, e trouxe a vida da casa como exatamente concebida desde o início. Esta casa é um legado não somente para a família, mas da história, pois testemunhou muitos fatos, como visita de políticos, entre eles governadores”, acrescenta.

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Ainda conforme lembra Ricardo, o consultório de seu avô ficava ao lado de sua residência, mas, aos domingos, muitas vezes era necessário atender em uma pequena sala de sua casa. “Todos os domingos costumava haver alguma quermesse. Então, quando ele se recolhia em casa neste dia, costumava ter algum tipo de ferimento de arma branca de alguém que exagerava nos festejos ou na bebida. Ele nunca tinha certeza se o ferimento era grave ou não, então, às vezes, as enfermeiras traziam estes feridos neste consultório. Lembro que uma cortina separava este espaço do meu quarto e dos meus irmãos e a gente era pequeno, então levantávamos e íamos olhar pelas frestas”, recorda entre as muitas lembranças de infância vividas ali. “Era uma casa efetivamente com muito amor, com muita felicidade, onde meus avós, pai e mãe viveram. Mantenho este amor pela casa e pelas lembranças do passado”, salienta.

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Foto da década de 1970

Esta homenagem, de acordo com Ricardo, vem abrir as portas da casa para mostrar a todos que ela é um testemunho da história do município e região. “Foi uma alegria que a Administração Municipal tenha se lembrado, pois são raras as casas preservadas desta época e nenhuma conservada da forma como está essa, uma casa imponente no centro da cidade, que pertenceu a alguém importante na história do município. Eu como neto do dr. Reinaldo e como herdeiro felizardo desta maravilha fiquei muito emocionado. Um povo que não sabe de seu passado, que não tenha memória, vai cometer no presente e no futuro erros que poderia ter evitado caso conhecesse seu passado”, conclui.

Duas construções para se admirar

Além da Villa Independência, com três pavimentos e muitos cômodos, o terreno de quase um hectare abriga amplo jardim e mais uma obra repleta de história, a qual abriga hoje a biblioteca particular de Ricardo, contendo centenas de livros, em especial os publicados por ele. “Esta biblioteca foi construída há pouco mais de dez anos. Eu estava me preparando para me aposentar e vir morar aqui. Por ter muitos livros e dentro da Villa Independência, como o piso é de madeira, pesaria muito sobre ele. Então um amigo me disse que haviam no interior de Vale do Sol casas de pedra do século 19 abandonadas, que as pessoas vendiam para usar as pedras como alicerce. Então adquiri uma delas e vieram para cá em treze viagens de carreta, com todas as pedras marcadas. Toda estrutura é original, com exceção do piso. É uma casa de um testemunho de uma arquitetura típica alemã”, explica.

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