Às 19h09 do último dia 24 de agosto, entrou na condição de foragido da Justiça o homem que é considerado pela polícia o número 1 da facção Os Manos em Santa Cruz do Sul. Cássio Alves dos Santos, 34 anos, réu em processo que tramita na Vara Judicial da Comarca de Vera Cruz, cumpria pena restritiva de liberdade em Capão da Canoa, monitorado por tornozeleira eletrônica.
Ele havia sido capturado na manhã de 18 de janeiro de 2019, uma sexta-feira, em um triplex de luxo avaliado em cerca de R$ 1 milhão no Bairro Avenida, em Santa Cruz do Sul. Na época com 30 anos, era apontado em investigações como o braço direito de Antônio Marco Braga Campos, o Chapolin, 39 anos, líder da facção Os Manos no Vale do Rio Pardo e que cumpre pena de 86 anos na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.
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Na oportunidade, Cássio foi o alvo principal da histórica Operação Cúpula, deflagrada pela Polícia Civil de Vera Cruz, em que 20 integrantes da organização voltada ao narcotráfico e a homicídios foram presos – nunca tantos membros do grupo foram capturados de uma só vez na região. Desde então, Cássio estava recolhido na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).
Não pôde, inclusive, deixar a casa prisional para acompanhar o velório da irmã Gabriela Alves dos Santos, de 25 anos, que faleceu em 21 de setembro de 2020. Em 10 de junho do ano passado, no entanto, ele recebeu liberdade provisória pela Vara Judicial de Vera Cruz, mas não foi imediatamente liberado porque cumpria prisão preventiva por outro processo que tramitava em Santa Cruz.
Porém, em 17 de dezembro de 2021, recebeu o benefício da tornozeleira eletrônica e fixou residência em Capão da Canoa, no litoral gaúcho, onde se estabeleceu como corretor de imóveis. Chegou a criar um perfil em uma rede social para divulgar o serviço. Entretanto, a Gazeta do Sul apurou que no dia 24 de agosto ele rompeu a tornozeleira eletrônica em Porto Alegre, 107 quilômetros distante da área restrita estipulada pelo Poder Judiciário. O perfil nas redes sociais também foi desativado.
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Perito particular fez análise em interceptações
Responsável pela denúncia do caso sobre a Cúpula em Vera Cruz, a promotora de Justiça Maria Fernanda Cassol Moreira explicou detalhes do andamento do processo envolvendo Cássio Alves, que já conta com 20 volumes e mais de 2,5 mil páginas. Segundo ela, dos principais nomes que foram alvos da operação deflagrada pela polícia em 2019, apenas Cássio ainda não foi julgado.
Cláudio Mendes Pacheco, o Toquinho, de 43 anos, atualmente na Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), em Charqueadas, foi condenado a dez anos, quatro meses e sete dias. Já Chapolin, por esse processo, foi absolvido. “Em relação ao Cássio, a defesa está pedindo a nulidade das interceptações telefônicas. A alegação seria de que houve problemas técnicos nas escutas”, disse ela.
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“O Cássio apresentou a perícia de um perito particular em relação às interceptações. Depois disso, foi feita uma perícia pelo IGP, em que ainda faltam as partes se manifestarem. E ainda terá continuação a audiência de instrução. Com essa notícia de ele ter se tornado foragido, pedimos a prisão para que se restabeleça a preventiva, pois ele foi colocado em liberdade, mas com determinadas condições”, salientou a promotora.
Possibilidade de fuga para fora do Brasil
A fuga de Cássio Alves alertou as forças de segurança. Responsável por colocar o acusado na cadeia em janeiro de 2019, a Delegacia de Polícia (DP) de Vera Cruz já trabalha nas buscas para localizá-lo novamente. Um mandado de prisão preventiva foi solicitado pela delegada Lisandra de Castro de Carvalho e deferido pelo juiz Diogo Bononi Freitas.
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“Quando nós soubemos que ele havia rompido a tornozeleira eletrônica, de imediato representamos pela prisão preventiva, tendo em vista o histórico de periculosidade dele no mundo criminoso. O fato de o juiz ter deferido a prisão é um indício de que ele não é merecedor da liberdade que lhe foi concedida, pois descumpriu as condições impostas”, salientou a delegada. Para Lisandra, o fato de Cássio ter sido identificado como importante membro dentro da facção considerada a maior do Estado abre portas para que ele saia do Brasil.
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“Seguimos na busca por capturá-lo, e o nosso receio é que se valha das ligações que têm com o mundo do tráfico, nos mais altos escalões, e consiga refúgio no exterior.” Quaisquer informações que possam ajudar a polícia podem ser dadas pelo telefone (51) 3718 1137, que também é WhatsApp. O sigilo é mantido. Contatada, a advogada Maria Eduarda Vier Klein, responsável pela defesa de Cássio Alves, afirmou que não irá se manifestar no momento.
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