“E aí gurizada. Tenho uma calibre 20, dois canos, pra brique. Troco tudo por passarinho. Chama no privado. Dou a 20 mais uma ‘volta’ em moto enrolada. Tenho uma 22 pra vender. R$ 2,5 mil já vai embora.
9 milímetros, marca Rossi. Show de máquina, limpinha. Só no ‘pila’, sem brique. Pyetra Colomb, 9 milímetros. Zero bala. Só no dinheiro. R$ 1 mil na mão já vai. Calibre 32. Boa de atirar.”
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As conversas aleatórias citadas acima em um grupo de WhatsApp fazem parte de uma série de provas obtidas pela Polícia Civil, que identificou uma rede criminosa ligada ao tráfico de armas, caça e comércio ilegal de pássaros silvestres. Em uma investigação traçada ao longo dos últimos três meses, a Delegacia de Polícia (DP) de Esteio angariou evidências dos delitos cometidos pelo bando e deflagrou, na manhã dessa sexta-feira, a chamada megaoperação Arca. Foram cumpridos 48 mandados de busca e apreensão em 11 cidades gaúchas. No Vale do Rio Pardo, 18 ordens judiciais foram cumpridas, uma em Venâncio Aires, duas em Pantano Grande e as demais em Rio Pardo.
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Sob o comando do delegado Anderson Faturi, houve o cumprimento de dez mandados no município, em ações que contaram com o apoio de policiais da DP de Vera Cruz e da 2ª DP de Santa Cruz. A Cidade Histórica era o núcleo de um grupo que atua fortemente no mercado clandestino de armas de todos os calibres, visando a caça e o comércio ilegal de pássaros silvestres. Dois homens foram presos, diversas armas de fogo e artesanais foram apreendidas, bem como inúmeras munições, uma máquina de recarga, aves silvestres e celulares. A Gazeta do Sul acompanhou com exclusividade as ações em Rio Pardo.
O caminho das armas pelo WhatsApp
A megaoperação Arca mobilizou 155 policiais civis para dar cumprimento aos mandados nas cidades de Esteio, Rio Pardo, Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires, Pantano Grande, Canoas, São Leopoldo, Gravataí, Alvorada, Parobé e São Jerônimo. Foram 105 aves resgatadas. Duas prisões aconteceram em Rio Pardo, e houve um flagrante lavrado também em Esteio, por maus- tratos a animal, contra um cachorro.
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Responsável pela ação dessa sexta-feira, 26, a delegada titular da DP de Esteio, Luciane Bertoletti, conversou com a Gazeta do Sul. Ela contou detalhes da investigação, iniciada há cerca de três meses. “Uma ONG de proteção aos animais nos procurou e trouxe informações sobre um esquema, extremamente organizado em grupos fechados em redes sociais e em aplicativos de mensagens. De forma tranquila, membros negociavam armamento e também realizavam a venda dos mais diversos animais, inclusive ameaçados de extinção”, disse ela.
“Fizemos um levantamento de vários grupos no Facebook, mas principalmente no WhatsApp, de comércio de aves e armas de fogo. Verificou-se que era um negócio extremamente rentável para essas pessoas. Muitos animais eram vendidos de R$ 800,00 a R$ 2 mil, variando os preços conforme os pássaros que cantavam mais”, explicou Luciane.
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Dos 48 mandados de busca no Rio Grande do Sul, boa parte se concentrou no Vale do Rio Pardo, sobretudo na Cidade Histórica. “Em Rio Pardo e proximidades, é uma região onde se tem muito caçador. Por isso, pedimos apoio ao delegado Faturi para enfocarmos, nesse braço da operação, o combate ao tráfico de armas. Ainda tivemos apreensão de drogas, munições e animais silvestres”, salientou a delegada.
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