Na décimo dia deste agosto testei positivo para Covid. Recluso, de pronto minha irmã Glória e irmão Roque, médicos, me tranquilizaram, uma vez que havia feito as vacinas. Sou um na longa lista dos mais de 34 milhões de brasileiros acometidos. Lista aparentemente distanciada, mas que se aproxima visível e personalizada em cada pessoa que a compõe. Como estou em licença não remunerada dos afazeres na Fepam, portanto num período sabático, posso me recolher e refletir com relativa serenidade.
De pronto vem à mente o período em que desempenhei as funções de secretário municipal de Saúde. Lembro o quanto as pessoas, independentemente de sua condição econômica e social, buscavam ser acolhidas ao tempo em que se lhes propiciava resolutivo e eficaz atendimento. No mesmo aporte das lembranças se achegam as decisões, nem sempre fáceis ou agradáveis, que um gestor público precisa tomar, o que alcançou ainda maior vulto na condição de prefeito, chefe da Casa Civil do Governo do Estado e presidente da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Quantas vezes penso naquele junho de 2008, quando deixei o executivo municipal…
Já antes, enquanto vereador e secretário estadual do Meio Ambiente, terei feito o que de mim se esperava? Mobilizei as transformações necessárias? Se na vida pública as decisões impõem corresponsabilidades, o mesmo se estabelece na privacidade familiar. Sem dúvida, longe de lamentos, cabe um olhar crítico sobre ser filho, irmão, aluno, seminarista, paroquiano, parente, esposo, pai, avô, professor, apicultor, empresário, funcionário público e privado, topógrafo, geólogo, legislador, gestor público, escritor, ativista e naturalista.
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Entre acertos e erros, eis-me aqui. Quase desnudo, na busca minimalista. Não para ser julgado (ainda que a isso não me oponha), mas para compartilhar sentimentos, pois é tão difícil a gente se expor. Costumamos supervalorizar o que avaliamos como positivo e relevar aquilo que não foi tão bom. Empenhado em evitar as avaliações laudatórias, pois autoelogios nos deslustram e incomodam os ouvintes, entendo que me seja permitida essa sucinta retrospecção. Tentativa que vai além do momento Covid e se estende pelos 70 anos do menino missioneiro de Cerro Largo, que em Santa Cruz do Sul encontrou acolhida e oportunidades, estas de ordem pública e pessoal.
Assim, ao invés de cansá-los com questionáveis listas de realizações e desempenhos, aproveito para agradecer penhoradamente a cada um dos que me proporcionaram a coexistência. Do muito que todos temos pela frente, contemos uns com os outros, se para mais não for, que o seja pela palavra de transformadora acolhida, tão necessária nestes conturbados dias, até porque urgimos por um mundo transformante e não apenas realizado. Saúde coexistencial!
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