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ECONOMIA

Setor do vestuário sente o impacto da inflação; situação é vista também em Santa Cruz

Foto: Pixabay

O índice da inflação acumulada em 12 meses até junho e divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) atingiu 11,89%. O brasileiro pode sentir o impacto em diversos produtos de alimentação, no transporte e na habitação, mas é o aumento do preço das roupas que mais chama a atenção nos dados do IBGE. O grupo de vestuário registrou avanço de 1,67% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O grupo da alimentação e das bebidas fica atrás do vestuário, com 0,80% no IPCA de junho.

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Em maio, o mesmo setor também apresentava a maior alta nos preços em todas as regiões. A situação pressiona custos de produção e representa um momento difícil para os negócios. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) projeta em seu relatório mais recente uma desaceleração para o segmento até o final de 2022. O crescimento de produção deve ficar em 1,2%, frente aos 11,7% registrados no ano passado.

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Há pelo menos três pontos de pressão, conforme a Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abv-tex). O primeiro é o custo da cadeia produtiva, sentido principalmente a partir do segundo semestre de 2020, quando houve o fechamento do comércio na pandemia e a paralisação das indústrias têxteis.
O segundo ocorre a partir do primeiro trimestre de 2021, sem a recuperação econômica esperada pelo comércio e indústria. O terceiro aspecto destacado pela associação aponta os novos casos de Covid-19 na China e a imposição de lockdown nesse país, de onde sai a maior parte dos acessórios e tecidos para o mercado brasileiro.

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Reflexos também em Santa Cruz

Em Santa Cruz do Sul, a situação não é diferente. Segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Ricardo Bartz, o setor do vestuário vem sendo impactado, em parte, pela crise logística internacional. “Os gargalos de transporte, decorrentes da desorganização na logística internacional durante a pandemia, aumentaram os custos de envio, em especial de produtos oriundos da China. Isso acaba causando escassez de materiais.”

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Bartz acrescenta que outro fator que influencia na alta da inflação no setor é decorrente dos insumos agrícolas. “O custo de produção de algodão, que é uma das matérias-primas para a produção de roupas, por exemplo, teve um aumento significativo pela crise nos fertilizantes.” 

Além disso, no mercado interno, conforme o presidente da CDL, os custos do transporte também aumentaram em função da alta dos combustíveis. “Tudo isso tem impacto no produto final. Além, é claro, de custos fixos dos lojistas, como alta de energia e locação, o que acaba sendo um somatório no preço final dos produtos”, complementa.

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Alta superior a 30% no algodão

Eduardo Henn, que é gerente da Edu Store Moda Masculina, loja de Santa Cruz do Sul, observa que o custo da matéria-prima para indústrias começou a ter elevação em abril, logo depois que o navio Ever Given encalhou no Canal de Suez no fim de março. “Um acidente que, ao primeiro olhar, não parecia influenciar no mercado. Porém, elevou muito o custo do transporte marítimo. As indústrias repassaram os custos e houve aumento em toda a cadeia.”

Henn salienta que o maior impacto foi sentido nas compras para o inverno, já que o algodão teve alta superior a 30% em comparação com 2021. “O algodão é muito importante para o vestuário, mas também são utilizadas fibras sintéticas, que basicamente são produzidas na China e na Índia. Elas têm cotação em dólar, e aliadas ao aumento da energia elétrica, também aumentaram de forma significativa.”

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A elevação de preços também foi sentida nas calças jeans. De acordo com o empresário, elas sofreram uma alta na casa dos 15%, além das camisas, camisetas e polos de algodão, que tiveram aumento superior a 20%. Também houve alta nos trajes masculinos, principalmente em fibras nobres, nos importados e também nos de produção nacional.

Para Henn, normalmente é o comerciante local quem mais sofre, pois dificilmente consegue repassar o valor ao consumidor final, o que resulta em uma margem cada vez mais achatada e com custo fixo em elevação. “As grandes redes compram em quantidade e não priorizam o atendimento personalizado.” 
Ainda conforme o lojista, com o lockdown, muitos passaram a consumir mais pela internet. “Para manter a empresa em tempos difíceis, precisamos ter bons fornecedores, de preferência mais que um por grupo de produtos, para evitar faltas e atrasos de entrega. É de suma importância primar pela qualidade, marca dos artigos ofertados e investir no treinamento da equipe de vendas.”

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