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Eleições

Maioria dos eleitores de Santa Cruz diz não ter posição política

Foto: Divulgação

A menos de um ano da próxima eleição para prefeito, quase a metade do eleitorado de Santa Cruz do Sul não se considera nem de direita, nem de esquerda e tampouco de centro. É o que aponta uma pesquisa realizada pelo Instituto Methodus.

A pedido da Gazeta do Sul, o Methodus ouviu, entre os dias 14 e 16 de outubro, 400 pessoas com 18 anos ou mais, de ambos os sexos e diferentes bairros e classes sociais. Questionados sobre como se autodefinem politicamente, nada menos que 46,2% dos entrevistados não assumiram posição ideológica nenhuma.

Embora elevado, o percentual é semelhante ao que vem sendo coletado em pesquisas de opinião no Brasil no decorrer das últimas décadas, que costuma girar em torno de 40%, segundo o cientista político e professor da Unisc João Pedro Schmidt. Conforme ele, esse contingente corresponde ao chamado “voto flutuante” – ou seja, eleitores que ora votam em candidatos de uma orientação, ora votam em candidatos de outra.

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Dos entrevistados que assumiram uma posição, os que se declararam de direita representam quase um terço do total. Uma das explicações, conforme Schmidt, está associada à ascensão do conservadorismo no país com a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) em 2018, que levou setores direitistas da sociedade a externarem suas opiniões com mais facilidade. Outro fator, porém, está ligado a uma tradição local. “Desde os tempos da Arena, os partidos de direita partem de aproximadamente 30% do eleitorado”, disse. Por outro lado, os eleitores que se declararam de esquerda chegaram a apenas 5%, o que pode, de acordo com o analista, ser uma “consequência residual dos desgaste dos governos liderados pelo PT”.

Segundo Schmidt, os números podem indicar que partidos identificados com a esquerda – como PT, PDT, Psol e PSTU – vão encontrar um cenário mais adverso no município ano que vem, enquanto partidos mais à direita – como Novo, PP e o PSD, atual sigla do prefeito Telmo Kirst – terão mais facilidade. Ele ressalta, no entanto, que isso vai depender também de outros fatores: se os problemas no governo Bolsonaro continuarem, por exemplo, o ambiente em 2020 pode favorecer grupos de oposição. “O voto é fortemente condicionado pelo clima do momento, por isso os acontecimentos daqui em diante irão pesar muito na decisão”, observa.

Idade e gênero do candidato não vão decidir
Às vésperas de uma eleição que tende a ser marcada pelo fim de um ciclo de décadas em que forças tradicionais revezaram-se no poder, a pesquisa também apontou que características relacionadas a gênero, orientação sexual, etnia e idade dos futuros candidatos a prefeito não serão decisivas.

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Questionados se preferem um prefeito homem ou mulher, por exemplo, mais de 85% dos entrevistados responderam não ter preferência. Além disso, a maioria dos eleitores demonstrou disposição em votar em um candidato homossexual e todos afirmaram que votariam em um candidato negro – apesar de que, até hoje, Santa Cruz teve um único vereador eleito negro e jamais um prefeito.

Segundo João Pedro Schmidt, o fato de não haver rejeição na largada a esses perfis indica “uma mentalidade mais aberta”. “Na questão da mulher, parece não haver maior dúvida de que o eleitorado não apresenta maiores resistências, visto que já tivemos eleição de prefeita e vice-prefeita”, comenta, referindo-se a Kelly Moraes (PTB), que governou entre 2009 e 2012, e Helena Hermany (PP), que se encontra no terceiro mandato de vice. Já quanto à disposição de votar em negros e homossexuais, o professor acredita que essa tendência ainda precisa ser testada nas urnas. “As respostas podem ser parcialmente orientadas pela noção do politicamente correto. É feio se dizer racista e homofóbico”, observou.

Em um cenário no qual várias políticos com menos de 40 anos figuram entre os possíveis candidatos – como Mathias Bertram (PTB), Henrique Hermany (PP) e Alex Knak (MDB) –, a pesquisa também mostrou que quase a totalidade dos eleitores admite votar em um representante jovem. Na avaliação de Schmidt, porém, os números não indicam necessariamente que os jovens serão favorecidos. “Um(a) ‘candidato(a) novo(a)’, sem trajetória na política, com 50 anos, pode ser a novidade que muitos almejam na política local”, concluiu.

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