Em 1502, Cristóvão Colombo aportou na costa leste da América Central e, diante das florestas, de vulcões ativos e da vibrante e colorida fauna, chamou aquela região de “costa rica”. Hoje, o pequeno país recebe quase tantos turistas quanto o Brasil, visitantes que, em sua grande maioria, seguem diretamente para o isolamento das matas, preservadas com orgulho e dedicação como um tesouro nacional.
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Além das belezas naturais, o país oferece a riqueza de sua cultura. Os costarriquenhos prezam pelo desenvolvimento sem abrir mão da preservação ambiental e são, acima de tudo, um povo orgulhoso de sua sólida democracia com eficientes instituições. Durante o período colonial, a ausência de riquezas minerais e a distância fizeram com que a maior parte dos colonizadores deixasse essa remota região sossegada, permitindo assim uma evolução relativamente pacífica da economia e da cultura política da nação de 5 milhões de habitantes. A variedade de paisagens em uma área compacta cativa os visitantes.
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Entre os principais pontos de interesse estão os parques nacionais, que correspondem a 25% da área da nação que, embora tenha somente 0,03% do território do planeta, é lar para 6% da biodiversidade global. Nenhum outro país do mundo protege tamanha porção de seu território.
Além das reservas florestais e biológicas, as cordilheiras com mais de 60 vulcões – oito deles ativos – e belas praias, como as do Parque Nacional Manuel Antonio e as de Tamarindo, na costa do Pacífico, são atrações imperdíveis para turistas e amantes da natureza.
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Uma das características que mais me chamaram a atenção foi o fato de o país ter abolido suas forças armadas em 1949, usufruindo desde então de estabilidade política, segurança e desenvolvimento econômico. O vizinho Panamá tomou a mesma decisão em 1990. Para a Costa Rica, abdicar dos militares foi uma atitude corajosa, mais ainda diante da infeliz tradição latino-americana de usar exércitos menos para proteger a população e mais para oprimi-la e subjugá-la.
A economia que a decisão trouxe fez com que a Costa Rica passasse a investir quase um quarto de seu orçamento em Educação. Como referência, no Brasil gasta-se menos de 6% com Educação, número que, lamentavelmente, em diminuindo nos últimos anos. Enquanto isso, o custo militar brasileiro praticamente dobrou nos últimos dez anos, e hoje passa de R$ 116 bilhões, com cerca de 80% do montante destinado à área administrativa e ao pagamento de pessoal, incluindo aposentadorias e pensões.
A Amazônia, região com enorme potencial para o ecoturismo e que, com nossas frágeis fronteiras, veria o maior benefício de uma presença militar, abriga somente 17 mil militares. A vasta maioria dos mais de 320 mil soldados brasileiros está concentrada em centros urbanos e em locais onde não podem oferecer uma
contribuição do mesmo calibre.
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Evidentemente, esse é um assunto polêmico e delicado, com corporativismo e paixão envolvidos, mas talvez seja uma boa hora para debater e reavaliar o papel da instituição, com seriedade e pragmatismo. Uma potencial reorganização seria inclusive uma forma de respeitar os valorosos integrantes das forças armadas, servidores públicos que certamente gostariam de maximizar seus préstimos para a nação.
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Penso, contudo, que não deveria fazer parte dessa contribuição qualquer interferência de militares, que são do Estado, na política e no governo civil, coisa que jamais deu certo em país algum e algo que nem sequer se cogita em países desenvolvidos e democráticos. Nossa sequência de golpes militares e governos ditatoriais, já desde a própria proclamação da República, além de escândalos e desmandos mais recentes, deveriam ser motivação suficiente para repensar e modernizar o papel das forças armadas no Brasil e na maioria dos países da América Latina.
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Em 1987, o ex-presidente da Costa Rica Óscar Arias Sánchez foi laureado com o Prêmio Nobel da Paz por sua liderança na solução de conflitos e instabilidade nos países vizinhos do istmo centro-americano, sem uso de truculência ou bravatas golpistas. Comparar os grandes países das Américas com a Costa Rica pode ser desproporcional, mas deveria pelo menos servir de inspiração, como uma nação que soube priorizar a Educação como base da democracia, colocando o cidadão e o meio ambiente no centro do desenvolvimento social e econômico. A conduta do pequeno país parece materializar a essência da expressão repetida incessantemente pelos costarriquenhos: “¡Pura Vida!”
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