A Rua José Bonifácio, no Centro de Candelária, revive, na tarde desta sexta-feira, 1º, a cena da morte do frentista Carlos José Kolbe, ocorrida na noite de 14 de novembro de 2019. Trata-se da reconstituição do chamado Caso Kolbe, como ficou conhecido na região. A área onde aconteceu o episódio está isolada. Além da Brigada Militar – Força Tática e Setor de Inteligência -, a Divisão de Trânsito também está no local, orientando os motoristas. O trânsito está bloqueado na Avenida Pereira Rego nas quadras entre as Ruas General Osório e Dr. Mittendorf.
Kolbe foi morto por um tiro disparado por um policial militar, após ter entrado em luta corporal com brigadianos. Em dois inquéritos que correram em paralelo, finalizados em 24 de junho de 2020, a Polícia Civil e a Brigada Militar concluíram que o PM agiu em legítima defesa, após uma reação agressiva do jovem, abordado por ato obsceno.
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Em 31 de julho de 2020, no entanto, o promotor Martin Albino Jora solicitou a reconstituição da ocorrência, que foi acatada pelo Poder Judiciário. O Posto de Criminalística do IGP de Santa Maria será o responsável pelo trabalhos realizados na tarde desta sexta-feira. A Brigada Militar não quis se manifestar sobre a reconstituição.
A delegada de Candelária, Alessandra Xavier, explicou que, durante a reconstituição, serão encenadas as versões de cada uma das partes. Em um primeiro momento, os policiais militares vão relatar o ocorrido e se retiram. Na sequência, as demais testemunhas vão falar. “Vai ser cena por cena, tudo fotografado”, explicou. Ela acredita que os trabalhos se entendam ao longo da noite desta sexta-feira, até por volta das 20 horas.
“Essa dor é tão grande, nenhuma mãe merece”
Os pais de Carlos José Kolbe, José e Evani Kolbe, estão acompanhando a reconstituição, à distância. Desde a morte do filho, eles pedem por justiça. “Essa dor é tão grande, nenhuma mãe merece”, desabafa Evani. Ela defende que o filho aguentou agressões anteriores dos policiais. “Tanto jeito de resolver a coisa. Ele aguentou a primeira agressão, na segunda se defendeu”, afirmou. “O meu filho nunca matou ninguém, não andava com faca, não tinha porte de arma”, completou.
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O desejo de Evani é, segundo ela, pela verdade. “Não vou admitir que meu filho fique falado por pessoas que nem conheciam ele”, disse. O mesmo é reivindicado por José. “Eu quero que essa reconstituição traga à tona a verdade”, destacou. Ele lembra que, na noite da morte do filho, não teve acesso à roupa que o jovem estava usando. “Isso corroboraria o laudo da necropsia, que apontou um tiro na lombar, no lado esquerdo, de trás pra frente. A polícia local e comandantes estão falando aos quatro ventos que foi no tórax, mas é isso que a gente contesta. E vai morrer contestando”, afirmou.
Relembre o Caso Kolbe
O brigadiano havia sido chamado para intervir em uma suposta perturbação de sossego na Rua José Bonifácio, nas proximidades de um posto de combustíveis. Conforme informações da Brigada Militar (BM) repassadas um dia após a ocorrência, quando a guarnição chegou ao local, Carlos estaria urinando em via pública. Houve então uma abordagem e revista no homem, que teria reagido e agredido um dos policiais com um soco no nariz.
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Foi necessária a intervenção do outro PM, que entrou em luta corporal com o frentista. Carlos teria tentado sacar a arma de um deles e acabou sendo atingido por um disparo na altura do abdômen. Na investigação do caso, que demorou seis meses para ser concluída, foram ouvidas 13 testemunhas, além de analisadas as perícias técnicas na pistola utilizada pelo policial e o exame médico legal.
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