O local de início do fogo e a disseminação rápida das chamas no Centro de Tratamento e Apoio a Dependentes Químicos de Carazinho (Cetrat) foram pontos determinantes para o número de mortes ocorridas na noite dessa quinta-feira, 23, em um caso que chocou o Estado. Ao todo, 11 homens morreram e quatro ficaram feridos, um deles em estado grave. As idades dos internos variavam de 29 a 60 anos.
Conforme a delegada Heládia Casaroto, que acompanhou a apuração do caso desde os primeiros momentos, o foco do incêndio dificultou a saída dos internos da clínica, já que impediu o acesso às janelas principais do prédio. Em entrevista à Rádio Gazeta de Carazinho, a delegada detalhou as informações que foram apuradas, por meio de testemunhas e de sobreviventes do sinistro. “O que a gente apurou até o momento é que, a princípio, o incêndio teve início na parte de fiação elétrica do prédio. Todos os internos estavam nos dormitórios, menos um, que estava na parte inferior, que era o que cuidava dos animais. Neste local não pegou fogo, então ele conseguiu sair ileso do local. Em cima, era uma estrutura toda de madeira, então facilitou a propagação do fogo”, explicou.
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Sobreviventes do incêndio saíram pelas basculantes
Os poucos sobreviventes conseguiram sair por janelas basculantes que ficavam na parte de trás do prédio, quebrando os vidros e passando pelos espaços. “Nós conversamos com eles, eles falaram que não ficam trancados no local e que os quartos são todos abertos, não possuem chave, então eles ficam com liberdade para sair a hora que quiserem. Eles não conseguiram [sair] realmente porque a parte em que iniciou o fogo é a parte da saída, então eles não conseguiram passar por esse local”, detalhou.
Um dos sobreviventes, que está internado em estado grave no Hospital de Caridade de Carazinho (HCC), é o santa-cruzense Jeferson Silveira. Conforme a delegada, ele acabou ficando preso na janela. “As janelas não têm grades, só que são janelas basculantes, então é difícil a passagem. Um deles, que está internado no hospital em estado grave, ficou trancado por alguns momentos até conseguir sair do local. As janelas não têm grades, nem na parte dos fundos, nem na parte da frente da alvenaria, as janelas são só vidro mesmo. As [janelas] da frente inclusive são bem grandes, se eles tivessem conseguido acessar esse local, eles teriam fugido com facilidade, mas como o foco do incêndio foi na passagem eles não conseguiram passar e chegar até essa janela.”
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O único interno que conseguiu passar pelo fogo para chegar à parte da frente do Cetrat foi o também santa-cruzense Deive da Silva. Interno há cinco anos, ele era monitor no local e acabou falecendo na casa de saúde. “O único que chegou ali [na parte da frente] foi o monitor. Ele estava no quarto, conseguiu sair, passou por essa parte, passou pelo foco de incêndio, chegou nessa parte de construção da alvenaria que tem em cima e foi socorrido por outro monitor que estava chegando, que faz um serviço externo e estava chegando aquela hora, e arrombou a porta pra ele sair. Ele já estava bastante queimado, acabou falecendo no hospital. Foi o único que conseguiu passar pelo foco do incêndio, os outros que sobreviveram todos acabaram pulando as janelas”, explicou a delegada Heládia.
Corpos ainda não foram identificados
Os corpos das vítimas que foram encontradas no dormitório irão passar por um processo de reconhecimento, em função do estado de carbonização. Segundo a delegada Heládia Casaroto, foram solicitadas informações odontológicas dos internos para que seja possível identificar cada vítima por meio da arcada dentária. “Se dependermos de fazer o DNA, o processo é mais demorado”, comentou. Se não for possível a identificação pela arcada dentária, os corpos poderão ser transferidos para outro Instituto Médico Legal (IML).
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Segundo Heládia, não é descartada a hipótese de incêndio culposo, mas apenas a investigação poderá apontar as causas do sinistro. “Possivelmente hoje [sexta-feira] vai ser instaurado esse inquérito e a gente vai apurar o que realmente aconteceu”.
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