Com a compreensão de que língua possibilita a abertura de portas para conhecer e compreender melhor a cultura de outros países, é realizada anualmente a Semana da Língua Alemã no Brasil. Uma iniciativa das Embaixadas da Alemanha, Áustria, Suíça, Luxemburgo e Bélgica, em parceria com seus consulados e parceiros culturais no Brasil.
Neste ano, o evento ocorre de 10 a 19 de junho. Desta vez, sob a temática da Cultura Alemã. Tema vasto em sua diversidade. De Flensburg no Norte até Garmisch, no Sul da Alemanha, existem inúmeros locais voltados para o cultivo da história e da cultura alemã, tantos que é praticamente impossível vivenciá-los todos. Eu poderia aqui falar de seus muitos castelos, museus, pinacotecas, teatros, óperas, músicas, literatura …
Como a temática contempla cultura sob o aspecto da língua alemã, volvo meu olhar para a presença dela na literatura. Já em torno de 1200, Walter von der Vogelweide deu importante contribuição para a poesia vertida em língua alemã da época. Em terras germânicas foi desenvolvida a primeira máquina de impressão com tipos móveis. Isso em torno de 1439 por Johannes Gutenberg. Escrever, publicar, ler, eis uma cultura com longa tradição. Os “Kinder und Hausmärchen” dos irmãos Grimm, publicados desde os idos de 1812 (num total de 273 contos), e a bíblia traduzida por Martin Luther, publicada desde 1534, estão entre os livros mais difundidos no mundo inteiro.
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Não é por acaso que a Alemanha sedia a maior feira do livro no mundo. 14 escritores que verteram ou vertem seus textos em alemão já foram laureados pelo prêmio Nobel. Saraus literários têm tradição e são bem frequentados. A contação de histórias para crianças é outra tradição antiga e fortemente presente nas famílias, na sociedade, tanto que foi declarada patrimônio imaterial pela Unesco.
Compreende-se por patrimônio imaterial todos os saberes e habilidades existentes e mantidas vivas numa comunidade. Dela fazem parte as tradições orais, a língua, artes, ofícios, entre outros.
A contação de histórias está tão vivamente presente na Alemanha que, durante a pandemia de Covid-19, o governador de Baden-Württemberg, Wienfried Kretschmann, contou a história do Grüffelo, para crianças. (O vídeo está no YouTube). Contar histórias está no DNA alemão.
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Contar histórias, ler bons textos literários, são alimentos para a alma. Não basta alimentarmos bem o corpo, também a alma, o intelecto precisa de saudáveis alimentos. Em homenagem à Semana da Língua Alemã, valho-me de um sensível poema de um dos grandes poetas de todos os tempos, Rainer Maria Rilke, sobre a finitude da vida:
Die Blätter fallen, fallen wie von weit,
als welkten in den Himmeln ferne Gärten;
sie fallen mit verneinender Gebärde.
Und in den Nächten fällt die schwere Erde
aus allen Sternen in die Einsamkeit.
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Wir alle fallen. Diese Hand da fällt.
Und sieh dir andre an: es ist in allen.
Und doch ist Einer, welcher dieses Fallen
unendlich sanft in seinen Händen hält.
As folhas fenecem como se muito longe,
fenecessem jardins no longínquo firmamento;
Elas fenecem em gestos de não aceitação.
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E na escuridão das noites mergulha a terra densa
na solitude das estrelas.
Todos nós feneceremos. Fenece esta mão aqui:
E observa esta outra: fenecer está em tudo.
Ainda assim, há ALGUÉM que acolhe com infinita suavidade,
este fenecimento em suas mãos.
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