Já escrevi em outra coluna que a Yasmin, a do meio entre nossas filhas, adotou um duende, a quem batizou de Arak. Para mim, um sujeito cético em relação a criaturas de contos de fadas, Arak é apenas um bonequinho esquisito, de 15 centímetros de altura, com orelhas pontudas, um grande nariz e imenso chapelão pontudo. Mas essa não é a opinião da Yasmin. Ela acredita que Arak é um ser encantado, que ganha vida à noite e faz estripulias pela casa, eventualmente aprontando travessuras para quem não o trata bem durante o dia.
Por isso, Yasmin toma uma série de cuidados com Arak. Sempre deixa-lhe à mão uma maçã, para o caso de ter fome, e um copo d’água, para aplacar-lhe a sede (talvez Arak preferisse hidromel, conforme a tradição de seus antepassados celtas, mas é uma bebida meio difícil de se encontrar nos dias de hoje). E como soube da intrínseca relação entre os duendes e a Mãe Natureza, Yasmin costuma instalar o Arak, durante o dia, ao pé de alguma árvore ou sob a sombra das folhagens, no pátio, para que fique bem à vontade em seu habitat.
Então, em uma das madrugadas geladas desta semana, Yasmin irrompeu em nosso quarto para um pedido de socorro. O sono fora-lhe interrompido bruscamente, assaltado por uma terrível constatação: havia esquecido Arak no quintal.
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– Precisamos resgatá-lo – avisou. – E rápido!
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Ainda atordoado, apanhei o celular na cabeceira da cama para ver as horas. Passava pouco das 3 da madrugada. Não tive coragem de ver a temperatura. Também não dei-me ao trabalho de tentar convencer Yasmin a deixar o resgate para a manhã seguinte. Ela certamente não voltaria para cama enquanto o duende não estivesse em segurança, a salvo do frio.
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Afinal, aquele esquecimento poderia custar-nos alguma retaliação. Certamente, Arak estaria furioso, já tramando alguma traquinagem. Era preciso agir. E rápido.
Lá fui eu, enrolado em uma manta, lanterna em punho, lançado fachos de luz em meio à neblina, para revirar as plantas do quintal em busca do duende. Encontrei-o abrigado entre as flores de um vaso – a princípio, o mesmo lugar onde Yasmin o havia deixado.
Não parecia bravo, mantinha o mesmo sorriso largo de sempre, com as maçãs do rosto salientes. Mas aquele também poderia ser um sorriso irônico, de quem planejava alguma travessura.
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Apanhei-o e o levei para dentro de casa. Se Arak realmente se aborreceu com o esquecimento e planeja alguma vingança, agora, só o tempo dirá.
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Preciso registrar aqui um agradecimento muito especial à professora Cláudia D’Avila Melo, a Claudinha, moradora de Rio Pardo e leitora assídua desta coluna. Semana passada ela fez-me uma agradável surpresa: visitou-me na Gazeta do Sul munida com um exemplar de meu último livro, O homem da sepultura com capacete, e pediu que eu o autografasse.
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Em seguida, entregou-me um carinhoso presente: um fichário que continha todas as minhas colunas, retiradas do jornal e caprichosamente emolduradas. Revelou-me que ficou cativada pela forma como descrevo os causos protagonizados pelas crianças lá de casa, o que, na opinião dela, denota uma atenção especial que mantenho por elas – ainda que eu mesmo não tenha tanta certeza de estar fornecendo, em meio ao corre-corre do dia a dia, às gurias e ao Júnior, a atenção de que necessitam.
Confesso que fiquei sem palavras ante o esforço da prô Claudinha em reunir aquela coleção e organizá-la com tanto esmero. Guardaremos, lá em casa, esse fichário com muito carinho.
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Claudinha revelou-me ainda que também é fã do José Alberto Wenzel e da prefeita Helena Hermany. Contou que também esteve às voltas com a produção de outros dois fichários, um deles com as crônicas do Wenzel, publicadas na Gazeta, e o outro com notícias da prefeita. Pretende visitar o Wenzel e a Helena para presenteá-los com tais coleções e me comprometi a intermediar esses dois encontros. Certamente, acontecerão em breve.
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