A comercialização do tabaco no Vale do Rio Pardo chegou a 89% do volume total previsto e vai se encaminhando para a sua conclusão, conforme os dados da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). Tendo em vista esses números avançados, a entidade acredita que as vendas não devem se estender até o final de julho, período considerado normal. Devido ao aumento expressivo no valor médio do quilo pago aos produtores, a Afubra recomenda cautela no planejamento da próxima safra para evitar o excesso de oferta e a consequente queda no preço do produto.
Na microrregião de Santa Cruz do Sul, o montante comercializado é 89%, número que salta para 90% na área de Candelária e 91% na de Venâncio Aires. A média de todas as oito microrregiões do Rio Grande do Sul é 84%. O começo do período de compra e venda foi adiantado nesta safra, com algumas empresas iniciando ainda em novembro do ano passado. Conforme o presidente da Afubra, Benício Albano Werner, isso ocorreu por necessidades específicas. “Se você já compra em novembro ou dezembro, vai encontrar o tabaco do baixo ao meio pé”, explica.
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Em relação aos custos de produção, Benício destaca que o aumento de produção variou de 13% a 16,5%, a depender da empresa. Durante as negociações do preço de venda, contudo, a Afubra pediu um percentual superior a esse para repor as perdas. Com isso, o valor médio do quilo da variedade Virgínia no Rio Grande do Sul saiu de R$ 10,60 na safra 2020/21 para R$ 17,80 no ciclo 2021/22, aumento de 68%. Em Santa Catarina, o crescimento foi 62,5%, e no Paraná, 57%. A média de aumento nos três estados foi 64,1%.
Werner recorda que a última vez que um resultado como esse havia sido obtido foi na safra 2015/16, ou seja, demorou cinco anos para se repetir. Diante desse cenário, a Afubra está preocupada com uma possível euforia por parte dos produtores e busca evitar repetição do que ocorreu no ciclo 2016/17, quando a produção saltou de 525 mil toneladas para 705 mil toneladas. Essas 180 mil toneladas a mais de tabaco disponíveis no mercado acabaram derrubando o preço, que permaneceu baixo até este ano.
Com isso, a recomendação da Afubra é de cautela no planejamento da próxima safra. Benício revela que as respostas dos produtores durante o acompanhamento da comercialização têm sido no sentido de não aumentar as áreas plantadas. “A nossa previsão é de 550 mil toneladas, mas, se o clima colaborar e colhermos safra cheia, poderemos chegar a 650 mil”, enfatiza Benício. “Então, se nós aumentarmos as áreas, podemos voltar a ter problemas de comercialização”, completa.
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Dificuldades com mão de obra
Produtor do interior de Santa Cruz do Sul, Cristiano Pritsch destaca que a comercialização foi boa, mas a dificuldade para encontrar mão de obra para trabalhar na lavoura está cada vez maior. Ele havia plantado 100 mil pés, mas vai reduzir a quantidade para 90 mil pés na próxima safra em função disso. “Tenho dois filhos pequenos, e fica complicado conciliar as duas coisas”, observa. Assim como outros produtores, ele também demonstra preocupação com o futuro da agricultura familiar. “O jovem não fica mais no campo. É difícil você ver alguém de 20 anos tocando uma propriedade”, afirma.
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