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CONCLUSÃO DE INQUÉRITO

Preso, autor do homicídio de Cleison dos Santos alega legítima defesa

Foto: Cristiano Silva

Corpo do jovem foi encontrado por moradores do Loteamento Santa Maria em uma cova rasa: autor admitiu que o levou até lá

A Polícia Civil concluiu em definitivo as investigações sobre dois homicídios conexos, que aconteceram no mês de março em Santa Cruz do Sul. Os assassinatos de Cleison dos Santos, de 21 anos, e de Alex Fabiano Ramos Corrêa, de 48, geraram grande repercussão no município. O último capítulo do trabalho policial envolvia a conclusão do inquérito sobre a morte do mais jovem.

Cleison dos Santos, 21 anos, foi degolado | Foto: Reprodução/Facebook

O documento com 185 páginas foi remetido ao Poder Judiciário pelo delegado Alessander Zucuni Garcia, da 2ª Delegacia de Polícia (2ª DP). Nessa terça-feira, 17, ele revelou detalhes da investigação à Gazeta do Sul. Segundo o delegado, o acusado, que também tem 21 anos e foi preso no dia 20 de abril, admitiu em depoimento ter esfaqueado Cleison. Porém, alegou legítima defesa.

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No interrogatório, o preso disse que flagrou a esposa na cama com Cleison e a futura vítima do homicídio, naquele momento, teria uma faca. O rapaz indiciado disse que usou um pedaço de ferro para se defender e Cleison, atingido, perdeu a faca. O acusado teria então a apanhado. Na sequência, ambos teriam partido para a área externa do imóvel, nas imediações de um campo, e entrado em luta corporal. A vítima então teria caído e o autor, com a faca, desferido o golpe que matou Cleison.

A história, no entanto, não convenceu o delegado. “Há um conjunto de indícios que não a confirmam. Ele tentou criar uma versão para legítima defesa, mas nem isso é. Mesmo que tivesse acontecido dessa forma, no momento em que a vítima perde a faca e corre para fora, cessa o perigo para o autor. Ainda assim, o acusado corre atrás e acaba acertando Cleison”, disse o delegado. Garcia afirmou ainda que o autor nem sequer possuía marcas de luta corporal ou de um possível golpe de faca no corpo.

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Conforme o acusado, após perceber que a vítima não tinha sinais vitais, ele teria levado, sem o auxílio de ninguém, o cadáver para a cova rasa junto ao Loteamento Santa Maria, onde o corpo seria encontrado por moradores em 15 de março. Pelo que os investigadores apuraram, de fato o autor flagrou a esposa com o jovem na cama. Porém, ainda no local teria encurralado Cleison e acertado os golpes de faca no jovem, que nem sequer esboçou reação.

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A vítima foi degolada, com um golpe de faca profundo no pescoço, e também levou outro nas costas. Não ficou claro, porém, se o jovem teve o pescoço cortado ainda no imóvel onde foi flagrado com a esposa do assassino, ou se foi levado com vida até a cova e só então degolado. Conforme o delegado Alessander Zucuni Garcia, não ficou comprovada a participação de mais pessoas no assassinato de Cleison dos Santos. O autor do crime, que cumpre prisão preventiva, foi indiciado por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver. As duas qualificadoras – dispositivos que podem ampliar a pena – foram elencadas pelo uso de meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vitima.

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A conexão entre os dois assassinatos

Além do rapaz preso pelo assassinato de Cleison, no outro homicídio relacionado, de Alex Fabiano Ramos Corrêa, a polícia indiciou quatro pessoas. Três delas foram presas em uma operação realizada no dia 7 de abril pela 2ª DP. O homem de 48 anos foi morto a tiros por volta das 15h30 de 15 março, na frente da própria casa, na Rua Guarda de Deus, Bairro Santuário. O crime ocorreu poucos minutos após o corpo do jovem ter sido encontrado na cova rasa. O quarteto indiciado teria ido até a casa de Alex de carro e acabou o assassinando.

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Esse inquérito foi remetido ao Poder Judiciário no dia 14 de abril. A motivação do crime seria uma represália pelo homicídio de Cleison, pois Alex era pai da mulher que foi flagrada com o jovem na cama. No dia do assassinato, o bando tentou sequestrar Alex e levá-lo a outro lugar para coagi-lo, talvez até torturá-lo, para que dissesse onde estaria o autor do homicídio de Cleison. Como ele não colaborou, o grupo terminou por assassiná-lo ali mesmo. “Esses dois homicídios, que geraram uma agitação na comunidade, aconteceram de forma paralela e isso exigiu bastante dedicação da nossa delegacia. Conseguimos esclarecer os dois fatos, com provas bem substanciais e presos preventivamente nas duas situações. A gente entende que fez um trabalho bem-sucedido, esclarecendo os fatos e as responsabilidades”, avaliou o delegado Alessander. Os nomes dos indiciados são mantidos em sigilo.

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