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MOSCOU

Pelo mundo: palácios subterrâneos e Schoenstatt

Encontro com as Irmãs Julia e Mikaela, do movimento de Schoenstatt. Moscou, 1993 | Foto: Acervo pessoal de Aidir Parizzi Júnior

O gosto pela ostentação e pelo gigantismo de russos e soviéticos trouxe alguns benefícios para a população. O sistema de trens subterrâneos de Moscou é o transporte metropolitano mais movimentado, extenso, eficiente e o mais belo no mundo. Suas estações, construídas na maioria durante o período stalinista, são verdadeiros palácios, ricas em obras de arte, mosaicos, candelabros, esculturas, pinturas e, é claro, uma boa dose de propaganda soviética. Materiais nobres, vitrais e muito mármore decoram as naves das 162 estações por onde circulam 9 milhões de passageiros todos os dias. O movimento dos trens subterrâneos de Moscou é maior que o dos metrôs de Nova York e Londres juntos.

Um dia, entrando na estação Taganskaya, entendi melhor a substituição da religião pelos ideais comunistas soviéticos. Pintado no teto da enorme cúpula, logo na entrada da estação, um céu noturno de estrelas emoldura uma bandeira soviética, pintada de uma forma que a faz flutuar entre as constelações. Uma cena quase religiosa, satisfazendo parte da ansiedade humana pelo metafísico em um povo tolhido de sua religião pelas décadas pós-revolução. Como consequência da Guerra Fria, as estações feitas depois de 1945 são mais profundas, com a função adicional de proteger a população, inclusive no caso de um ataque nuclear. Os 266 quilômetros de trilhos, distribuídos em 10 linhas radiais e 1 linha circular, levam a todos os pontos da cidade de forma rápida e eficiente.

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Mais tarde, ao visitar outras cidades do Leste Europeu, como São Petersburgo, Kiev, Praga e Budapeste, constatei que o modelo de metrô, incluindo trens e estações, era muito semelhante ao de Moscou, ainda que com menor riqueza artística e arquitetônica. As profundas galerias subterrâneas de Moscou são ligadas às ruas por escadas rolantes, que, por si só, já são uma pequena viagem de até 5 minutos. Ao final de cada escada, um funcionário estatal supervisiona o movimento, pronto para desligar o equipamento em caso de imprevisto.

Ao menos na teoria. Na prática, funcionários estavam seguidamente dormindo em suas cabines. Herança do antigo regime, é um dos muitos trabalhos com função única de manter as pessoas empregadas. Em 1993, o preço do transporte era simbólico, não chegando a um centavo de dólar por viagem. Nos horários de pico, o movimento nas galerias é impressionante. No meio desse formigueiro, caminha-se a passos curtos, uns colados nos outros. É um dos únicos pontos negativos do transporte moscovita, o que não desmerece sua eficiência.

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Sabedor de que em Moscou havia religiosas do movimento católico de Schoenstatt, passei a tentar encontrá-las. Depois de várias semanas, um padre me indicou onde moravam, justamente na casa do arcebispo de Moscou. Fui visitá-las com um colega da Universidade que serviria de tradutor. Bati no apartamento, em um prédio enorme do período czarista, e abriram a porta as irmãs Julia e Mikaela, polonesas que não falavam bem russo e muito menos inglês. Tentei explicar que eu era parte do Movimento de Schoenstatt no Brasil, sem sucesso.

Então me lembrei de outra forma de me identificar: “Nos cum prole pia”, ao que elas prontamente responderam “benedicat virgo Maria”, latim para “Que a Virgem Maria nos abençoe com seu amado filho”. Imediatamente, as portas e os sorrisos das duas religiosas se abriram. Ver a imagem da Mãe Três Vezes Admirável na parede daquele impecável apartamento foi como retornar para casa. Nos entendendo aos poucos, tivemos uma boa conversa sobre o fundador do movimento, Padre Kentenich, e sobre termos em comum nossa personalidade marcada por seu ideal.

Conheci um pouco do trabalho delas com o arcebispo e com a caridade local, naquela terra de pouquíssimos católicos.
Há poucos dias, em 25 de março de 2022, o papa Francisco consagrou Rússia e Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria, atendendo a um dos pedidos recebidos durante as aparições marianas de Fátima. Independente de qualquer crença, fica o desejo expresso de que corações e mentes decidam sempre pela paz e pela vida.

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