A baixa no Rio Jacuí é um fato que vem causando preocupação na região e em boa parte do Estado. O afluente que deságua no Lago Guaíba move a economia de muitos municípios, pois é fonte para irrigação de lavouras e sustenta famílias que dependem da pesca. Possui ainda diversas áreas licenciadas para extração de areia, atividade de grande importância econômica e social para o Rio Grande do Sul. Também é uma hidrovia navegável entre Cachoeira do Sul e Porto Alegre.
Bem abaixo do nível normal, de 7 metros, o Jacuí vem apresentado uma característica peculiar ao longo da atual estiagem. Nos primeiros dias da semana, entre segunda e quarta-feira, a medição na Barragem de Dom Marco apresenta queda acentuada, chegando a 5,40 metros e se aproximando da marca histórica de 2012, quando desceu a 4,70.
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Nesta condição, muitas embarcações que trabalham no rio sequer conseguem deixar o porto, enquanto acidentes com lanchas e motos aquáticas se tornam mais frequentes em virtude do aparecimento de bancos de areia e pedras. À medida que o fim de semana se aproxima, no entanto, gradativamente o nível vai subindo, chegando próximo dos 6 metros.
“É algo que estamos cientes e até nos programamos para isso. Buscamos adiantar o serviço nas quintas, sextas e sábados, pois sabemos que a partir de segunda-feira o nível baixa a ponto de não conseguirmos deixar o porto”, afirmou André Rauber, proprietário da Rauber Minerais, empresa instalada às margens da Praia dos Ingazeiros.
Ainda de acordo com ele, mesmo que o domingo ainda permita a navegação, neste dia a extração de areia é proibida pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam).
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A influência das barragens
Como não ocorreu chuva que pudesse explicar o aumento do nível do Jacuí, outras explicações são buscadas. Uma delas é de Carlos “Magrão” da Silva, líder comunitário e presidente da Associação de Moradores do Balneário Porto Ferreira.
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Ele acredita que a liberação de comportas nas barragens pode ter influenciado no fenômeno. “Notamos em outras ocasiões, mesmo quando o rio não está baixo, que a partir de quarta-feira ele sempre dá uma subida”, disse Magrão.
De acordo com os funcionários da Barragem Anel de Dom Marco, as quatro comportas do local permanecem abertas, com exceção de eventuais testes que são realizados.
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A Gazeta do Sul também entrou em contato com a Usina Hidrelétrica de Dona Francisca, que possui uma represa instalada junto ao Rio Jacuí. Segundo um funcionário do local, de fato há liberação e retenção de água em determinados horários em virtude de fatores como o racionamento e a produção de energia.
Na opinião de André Rauber, da Rauber Minerais, o que ajudaria o Jacuí a manter um nível mais estável em épocas de estiagem seria a revitalização da Barragem de Santo Amaro, em General Câmara, que está deteriorada há anos.
“Essa baixa durante a semana prejudica demais o nosso trabalho. Se a barragem de Santo Amaro fosse estabilizada, o curso da água não sairia tanto e resolveria esse problema”, salientou. De acordo com ele, a última promessa foi de que existiria verba para iniciar as obras de revitalização em novembro.
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