Moradores do entorno da Rua Borges de Medeiros, entre as ruas Marechal Floriano e Thomaz Flores, no centro de Santa Cruz do Sul, estão reclamando do barulho gerado pelos bares durante a noite. A principal queixa é direcionada ao Villa, que funciona em ambiente aberto e costuma oferecer música ao vivo aos frequentadores. A administração do estabelecimento garante que está tomando medidas para minimizar o problema e manter a harmonia com a vizinhança, enquanto a Prefeitura promete intensificar a fiscalização.
Para o arquiteto Ronaldo Wink, que mora em um prédio próximo, o problema se agravou em agosto do ano passado, quando as restrições da Covid-19 foram gradualmente levantadas e o Villa passou a ter música ao vivo quase todos os dias. “Nós não tivemos mais folga. De terça-feira a domingo tem show todas as noites, e com volume cada vez mais alto”, conta. Depois dessa mudança, segundo o arquiteto, a rotina tornou-se caótica. “Nós perdemos completamente a privacidade. Não há mais como olhar televisão, ler, dormir antes da meia-noite ou estudar”, diz.
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Incomodado, Ronaldo passou a liderar um movimento que percorreu diversos órgãos atrás de uma solução. Além das secretarias de Meio Ambiente, Fazenda, Segurança e Planejamento, os vizinhos iniciaram ações junto ao Ministério Público para tentar resolver a questão. Além dos transtornos para as atividades básicas, ele afirma que os imóveis da região estão perdendo valor. “Estamos sabendo que tem gente desistindo de comprar ou alugar apartamentos aqui por causa desse barulho.”
Síndica de um prédio e autora de um abaixo-assinado, a advogada Aline Borges é mais uma a reclamar. Segundo ela, muitos dos vizinhos são idosos e o horário de silêncio – a partir das 22 horas – não é respeitado. “A música passa das 23 horas, às vezes vai até quase meia-noite”, afirma. “Tem gente aqui que acorda às 5 horas para trabalhar e não consegue dormir cedo”, completa.
Ela diz que o objetivo não é atrapalhar a operação do estabelecimento, mas é necessário ter bom-senso. “Se fosse uma coisa pontual, sem problemas. Mas quase todos os dias, não dá. Se quer fazer show, precisa ter acústica”, observa a advogada.
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Moradora do Centro há 25 anos, Silvia Thier diz que aquela região sempre teve bares e casas de shows, mas nunca houve transtornos como agora. “Para conseguir dormir, coloco tampões nos ouvidos”, afirma. Esclarece que não quer o fechamento do estabelecimento, mas exige respeito.
Administração do Villa diz que está trabalhando em mudanças
Responsável pela administração do Villa, Roberto do Nascimento e Silva afirmou que está adotando uma série de medidas para minimizar o problema e conviver em harmonia com os moradores. Entre as ações está a antecipação do horário dos shows para 20h30, para que o encerramento ocorra até 22h30.
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Além disso, os amplificadores de som não estão mais sendo utilizados nas baterias e há preferência para duplas de voz e violão em detrimento das bandas. Um técnico de som foi contratado e acompanha as apresentações para garantir que o volume não seja excedido.
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Também foi contratado um profissional de segurança do trabalho para aferir o volume com um decibelímetro. Ele emitiu um laudo onde consta que o barulho gerado está dentro do permitido pela legislação. O administrador informa ainda que planeja concluir a cobertura do espaço, iniciada neste ano, e dessa forma melhorar a acústica. Ele ressalta que o Villa é um espaço multicultural e seu palco oferece oportunidade para músicos de todos os estilos. “Buscamos a valorização da cultura, da arte e da música, sobretudo nesse momento de recuperação pós-pandemia, em que a categoria foi tão prejudicada”, enfatiza.
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Outro ponto destacado por Silva diz respeito à geração de empregos. Ele explica que o Villa é responsável por 40 vagas diretas de trabalho. “E isso sem contar as corridas realizadas por taxistas e motoristas de aplicativo, e também os músicos que tocam no nosso palco.” O empresário garante estar empenhado em buscar uma solução para que a convivência seja pacífica e os empregos possam ser mantidos. “O Villa tem responsabilidade sobre essas famílias que dependem do estabelecimento para trabalhar, ao mesmo tempo em que não podemos atrapalhar os moradores”, afirma.
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Prefeitura acompanha o caso
A Prefeitura realizou na semana passada uma reunião especial para tratar do assunto. Estiveram presentes o secretário de Segurança e Mobilidade Urbana, Valmir José dos Reis; o secretário de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, Jaques Eisenberger; e o secretário da Fazenda, Álvaro Conrad, além de diretores das pastas. O grupo analisou as normas legais relacionadas à questão, com o objetivo de traçar um encaminhamento para o caso, e ouviu os representantes das associações de bares e restaurantes e também dos músicos. Nesta semana, ocorrerá outra reunião para novas avaliações.
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A administração municipal informou que pretende ouvir também os representantes dos moradores e, na sequência, solicitar a atuação do Ministério Público para buscar o equilíbrio entre as partes e encerrar o conflito.
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