Em várias línguas antigas, a palavra páscoa significa “passagem”. Povos antigos comemoravam a passagem do inverno – tempo de frio e privação – para a primavera – promessa de fartura com as colheitas. Os judeus se apropriaram dessa tradição mitológica para comemorar a libertação do Egito; e os cristãos, para celebrar a passagem da morte para a vida, com a ressurreição de Jesus Cristo.
A presença do ovo de Páscoa simboliza a vida. Muitas civilizações acreditavam que o mundo havia nascido de um ovo. Já a origem da imagem do coelho, que não se reproduz por ovos, está na fertilidade que representa, pois gera grandes ninhadas.
Depois de dois anos de restrições de aglomerações, determinadas por prefeitos e governadores para combater a disseminação da pandemia do coronavírus, a maioria das atividades, inclusive as relacionadas à Pascoa, voltou à normalidade: as igrejas voltaram a ter a presença dos fiéis; os tradicionais encontros e almoços de família que tinham sido reduzidos ou até cancelados, retornaram; da mesma forma, as viagens.
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Embora seja uma das festas religiosas mais celebradas no mundo cristão, os símbolos, rituais e verdadeiro significado da Páscoa parecem estar se perdendo, à medida em que crescem outros interesses pela data, como o comercial, o lazer, as viagens. Mas, hoje, o que é a Páscoa? Para crianças e adultos, é um dia para se deliciar com chocolates e doces, que, ingeridos em excesso, podem provocar ganho de peso e distúrbios gastrointestinais, principalmente em crianças de pouca idade.
No Brasil, entre as datas comemorativas, a Páscoa é considerada uma das mais importantes para o comércio. Mesmo que a economia venha se recuperando de forma mais lenta do que o esperado e a inflação atinja índices cada vez mais altos, pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) apontou que 109 milhões de brasileiros pretendem fazer compras na Páscoa. A mesma pesquisa constatou que 30% dos que pretendem comprar chocolates e presentes possuem contas em atraso, sendo que 62% desses estão com o nome sujo. Outro dado que revela o comportamento imprudente de alguns consumidores é que 25% dos que vão fazer compras na Páscoa deste ano admitem que costumam gastar mais do que as finanças permitem; 8% deixarão de pagar alguma conta para comprar chocolates ou produtos neste ano.
Para muitos, a Páscoa é um sério risco também para colocar alguns chocolates de dívidas no bolso ou pendurar no cartão de crédito. Basta entrar num supermercado para ver corredores, transformados em verdadeiros túneis ou até labirintos, cuidadosamente construídos com ovos e caixas de bombons. Combinados com o delicioso aroma de chocolate, transformam-se em irresistível tentação para comprar. Para as crianças, então, é uma festa. Por isso, antes de sair por aí e gastar com ovos de chocolate, muitos deles com brinquedos irresistíveis para as crianças, é prudente avaliar se poderá arcar com mais este gasto. Se já fez a compra, o desejo é que tenha sido uma boa compra, sem ter assumido dívida desnecessária com utilização do cheque especial ou parcelamento do cartão de crédito.
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No caso de ainda não ter sido efetuada a compra, Reinaldo Domingos, educador financeiro e criador da DSOP Educação Financeira, entre outras atividades, listou algumas orientações. Confira:
- Fazer uma lista das pessoas a serem presenteadas e definir o valor para cada uma;
- Apurar a disponibilidade financeira para usar nessa compra, sem comprometer o futuro;
- Se precisar parcelar, ver se vale a pena se endividar por causa de uma data comemorativa;
- Não se endividar no cheque especial e cartão de crédito porque, se não conseguir pagar, os juros cobrados são muito altos;
- Pesquisar antes de comprar;
- Comentar com as crianças que não é o tamanho do ovo de chocolate que importa, mas o que ele representa;
- Se não tiver condições financeiras, é importante explicar às crianças que os brinquedos incluídos nos ovos de chocolate os tornam mais caros;
- Combinar com os parentes “mais chegados” para que evitem o excesso de ovos que, além de fazer mal à saúde, podem contribuir para o desperdício.
Para alguns, Páscoa é tempo de reflexão e reverência pela Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. Para outros, é apenas um feriadão, com viagens, alguma festa restrita de família ou, simplesmente, ficar em casa. Há, ainda, quem consiga conciliar o lado espiritual e o mundano. Pode ser a data para praticar o consumo mais consciente, não desperdiçando alimentos, evitando excessos de consumo e mostrando às crianças o impacto das escolhas na saúde, na natureza e nas finanças da família. Por isso, Páscoa não deve ser sinônimo de dívida. É oportuno aplicar a educação financeira, fazendo um planejamento do que é possível comprar e pesquisar os melhores preços e condições. O ideal é viver e compartilhar o significado essencial da Páscoa – o renascimento -, de acordo com as convicções e condições financeiras de cada um.
Boa e feliz Páscoa!
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