Se os debates no plenário do tribunal do júri não ocorreram em decorrência do cancelamento da sessão que seria na última quarta-feira, 13, as discussões a respeito dos possíveis participantes do assassinato de Tiago Aliandro Kohlrausch aconteceram nos microfones da Rádio Gazeta FM 107,9. Em entrevista ao programa Rede Social nessa terça-feira, 12, a advogada criminalista Tatiana Vizzotto Borsa, defensora do réu Renato Andrade Ferreira, manifestou contrariedade quanto ao adiamento do julgamento.
O júri foi cancelado porque um dos réus, Gabriel Nascimento da Luz, constituiu um novo advogado na última segunda-feira, a dois dias da sessão, o que fez com que o defensor Diego da Silveira Cabral, de Porto Alegre, solicitasse mais tempo para estudar o processo. Nesta quinta-feira, 14, foi a vez do advogado Roberto Weiss Kist se manifestar sobre o processo. Ele representa Patrícia D’Ávila da Luz, condenada a 16 anos pelo crime, em julgamento ocorrido em 15 de setembro de 2021.
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Kist procurou a Rádio Gazeta FM 107,9 para responder um comentário dito por Tatiana na entrevista, afirmando que Gabriel, Patrícia e a mãe da ré “bolaram e tramaram” o homicídio de Tiago. “Esse comentário da doutora Tatiana beira a irresponsabilidade. A mãe da Patrícia não foi indiciada pela polícia após uma investigação gigantesca e também não foi processada pelo Ministério Público. Ela foi ouvida no júri anterior como informante e não foi e não está sendo acusada pelo homicídio”, disse o advogado da Agostini Kist Böhm & Kist (AKBK).
“Trazer ela ao vivo em uma entrevista na rádio como uma das organizadoras de um crime terrível é uma afirmação que já trouxe diversos danos. Ela recebeu várias ligações e está extremamente triste e apavorada com o que foi dito. Familiares, amigos e vizinhos perguntaram se ela seria presa, sendo que nem sequer acusada ela foi. A única pessoa que ventilou isso foi a doutora Tatiana”, complementou Kist.
“Nunca foi acusada de nada”, diz Kist sobre mãe de Patrícia D’Ávila da Luz
Roberto Weiss Kist ainda salientou que acha importante que os advogados possam defender os clientes nos meios de comunicação. “Precisei vir aqui fazer esse contraponto, para dizer que a mãe da Patrícia, ao contrário do que foi dito pela doutora Tatiana, nunca foi acusada de nada. Entendo como muito injusto esse comentário e um tanto quanto irresponsável, pois ela é extremamente humilde, honesta e não precisaria estar passando por essa situação.”
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Ao final, ele afirmou não saber se a mãe de Patrícia D’Ávila da Luz tomará medidas jurídicas contra Tatiana. “A mim não cabe, neste momento, sequer opinar se houve uma violação ética. Meu objetivo foi esclarecer esse ponto sobre a mãe da Patrícia. Se a família entender que deve tomar algum tipo de atitude, que possa fazer isso em momento posterior.”
Procurada pela reportagem, a advogada Tatiana Vizzotto Borsa preferiu não se manifestar sobre os comentários de Roberto Weiss Kist.
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Relembre o caso
O crime aconteceu na noite de 23 de setembro de 2019, uma segunda-feira, na Rua Walder Rude Kipper, Loteamento Motocross, Bairro Arroio Grande. Tiago Aliandro Kohlrausch, então mecânico concursado da Prefeitura de Santa Cruz do Sul, morreu com quatro disparos de pistola calibre 380, efetuados por matadores de aluguel na garagem da casa dele.
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Renato Andrade Ferreira, de 34 anos, que atualmente mora em Porto Alegre, assim como a companheira na época, Patrícia D’Ávila da Luz, de 22 anos, foram indiciados após uma investigação da 2ª Delegacia de Polícia, por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, emprego de meio cruel e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima). Patrícia é mãe do único filho de Tiago, que tinha 1 ano e cinco meses na época – atualmente a criança tem 4 anos.
Conforme as conclusões do delegado Alessander Zucuni Garcia, a mulher e o padrasto da criança planejaram e coordenaram o assassinato do funcionário público. O objetivo seria afastar o pai biológico do filho. Gabriel Nascimento da Luz, de 53 anos, tio de Patrícia e morador de Santa Cruz do Sul, era o dono do veículo usado pelos matadores contratados que foram à casa da vítima. Este responde por homicídio duplamente qualificado. No primeiro júri do caso do assassinato de Tiago Aliandro Kohlrausch, em 15 de setembro de 2021, Patrícia acabou condenada a 16 anos de prisão e atualmente cumpre pena no presídio.
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