Os negativos efeitos colaterais socioeconômicos da pandemia e de vários conflitos bélicos em curso reforçaram um ânimo popular que já era notório e crescente faz alguns anos: a onda nacionalista.
Se por um lado a pandemia proporcionou atos de solidariedade mundial, por outro revelou a dependência de insumos e equipamentos de saúde, ora fornecidos pela China a todos os países. Uma dependência assustadora e inaceitável.
No âmbito social, a onda nacionalista tem nas infindáveis migrações sua motivação e pretexto mais forte. E nem tanto por xenofobia clássica, ou seja, pela aversão e rejeição em relação a pessoas, culturas e etnias, geralmente estrangeiras.
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As atuais migrações têm um alto custo orçamentário e social às nações acolhedoras. O desemprego crescente e a concorrência laboral fazem aflorar o sentimento reacionário nativo.
A situação mais complexa e dramática ocorre na Europa. Durante décadas estimulou a vinda de estrangeiros latinos e africanos, quase sempre empregados em atividades menos atraentes e higiênicas!
Com a ampliação da Comunidade Europeia, a oferta de mão de obra também passou a ser suprida pelos trabalhadores do leste europeu, ou seja, de países mais pobres.
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O ponto mais perturbador da onda nacionalista, reacionária e antimigratória é no plano político, onde resulta uma precarização e redução dos papéis clássicos de representação político-institucional, com evidentes sinais de fragilização do processo democrático.
Como que fontes originárias dos problemas, desde o princípio há divergências acerca da globalização e da mercantilização. Os pessimistas sempre afirmaram que o processo seria danoso para os países periféricos, endividados, deficitários e não competitivos.
E que provocaria a desnacionalização da economia, venda de empresas, flexibilização e precarização das relações trabalhistas. E exposição dramática de suas distorções internas e suas fragilidades socioeconômicas.
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A globalização reúne virtudes e defeitos. No plano econômico, repete práticas comerciais e produtivas expansionistas, porém, com agregação e universalização sofisticada do lucro, na forma e nos efeitos.
No plano cultural gera produtiva interação social, mas também revela processos de homogeneização de atitudes e comportamentos, “atropelando” temerariamente a diversidade e o pluralismo cultural dos povos.
Entre fatos positivos e negativos, é assunto interminável. Encerro e pergunto: a onda conservadora e nacionalista será capaz de criar os empregos necessários e minimizar a crise humanitária (desemprego e migrações)? Será que as soluções advirão país a país ou será necessário um esforço global e unitário?
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