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Santa Cruz

Cras Bom Jesus completa 10 anos de atividades como referência para mais de 5 mil famílias

Foto: Luiz Fernando Bertuol SECOM

Unidade foi a segunda criada em Santa Cruz e inaugura novo serviço em comemoração aos 10 anos

O Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Integrar, do Bairro Bom Jesus está completando uma década de existência. Embora tenha sido o segundo implantado em Santa Cruz do Sul, depois do Cras Beatriz Frantz Jungblut, cujo prédio foi erguido para abrigar uma escola pública, o Cras Integrar foi construído especialmente para esta finalidade, nos moldes do que preconizava o então Ministério do Desenvolvimento Social, atual Ministério da Cidadania.

Ao longo desses 10 anos de atuação, o órgão cresceu e ampliou seu leque de atribuições e hoje é referência para cerca de 5 mil famílias, residentes nos bairros Bom Jesus, Santuário, Schulz, Senai e Pedreira. Funcionando como uma grande porta de entrada para o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), equivalente ao SUS na saúde, o Cras recebe diariamente as mais diferentes demandas.

Conforme Solange Basso, na coordenação do serviço desde janeiro de 2021, pessoas que chegam ao Cras buscam desde uma cesta básica até auxílio para enfrentar a burocracia na confecção de documentos e certidões, acesso ao Auxílio Brasil e a outros benefícios sociais do governo federal, aquisição de passe livre, encaminhamento para atendimentos na rede de saúde pública, tarifa social de água e luz, entre outros.

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Com amplas instalações, o prédio dispõe de sala de projetos e oficinas, espaço de biblioteca para crianças, sala para CadÚnico, recepção, sanitários, cozinha e refeitório, entre outros espaços. Além da coordenadora, a equipe é formada por três técnicos, sendo duas assistentes sociais e um psicólogo, dois educadores sociais, um estagiário e duas serventes.

Segundo Solange, quem procura o Cras não precisa enfrentar fila para ser atendido. “Os atendimentos são sempre agendados para não criar tumulto e assegurar aos usuários um tratamento humanizado”, explicou ela. Nas quartas-feiras é feito o acolhimento em grupo, momento em que os técnicos explicam o funcionamento do serviço e tudo o que pode ser oportunizado em termos de benefícios, projetos e programas. Depois são feitas as avaliações técnicas de cada caso e os encaminhamentos necessários. “A maior demanda está relacionada ao CadÚnico, com procura diária para preenchimento de novos cadastros, revisão e atualização”, disse.

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Ao completar 10 anos de existência, o Cras Integrar passa a oferecer um novo serviço. Nos moldes do que já ocorre com crianças de seis a 15 anos, nos centros de convivência, agora é a vez dos idosos compartilharem de uma experiência semelhante. Começou a funcionar neste mês no local o Serviço de Convivência da Pessoa Idosa, iniciativa que já conta com a parceria de instituições como o Hospital Santa Cruz, Casa da Amizade e Rotary Club.

Uma vez por semana, um grupo com cerca de 20 idosos se reúne para partilhar bons momentos, jogar conversa fora, interagir, descontrair e assistir palestras sobre temas relacionados a bem-estar, saúde e qualidade de vida. Idosos que estão no albergue municipal também são convidados e levados para participar. Um cronograma já foi montado, com atividades previstas até o mês de abril. Também nos próximos dias terá início o Pelotão Mirim, em parceria com a Brigada Militar. Cerca de 20 crianças, com idades entre oito e 12 anos irão participar do projeto.

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Prefeita Helena Hermany participou de atividade de comemoração nessa semana | Foto: Luiz Fernando Bertuol/Secom

Fortalecimento de vínculos e emancipação sãos o foco do serviço

Embora seja a parte mais visível do trabalho social e talvez a mais perceptível para boa parte da população, o repasse de roupas, cestas básicas e outros mantimentos não são a tônica da assistência prestada às famílias em situação de vulnerabilidade. O trabalho social desenvolvido pelos Cras tem seu ponto alto no fortalecimento de vínculos familiares e na formação de parcerias para qualificação e inserção no mercado de trabalho e/ou no empreendedorismo.

Violência doméstica, abusos, maus tratos a crianças e idosos, uso de drogas e outras situações de maior gravidade dentro das famílias também estão presentes no dia a dia dos Cras. Para esses casos existe o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), que tem caráter preventivo, proativo e protetivo. Atendimentos individuais e em grupos, além de visitas domiciliares fazem parte da metodologia empregada.

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Como o Cras funciona como uma grande porta de entrada, situações que exijam atendimento especializado recebem a devida análise e encaminhamento adequado. Reuniões mensais entre a equipe do Cras e integrantes da rede de atendimento acontecem uma vez por mês. “Temos uma boa relação com o território, com entidades, igrejas, serviços de saúde, o que nos possibilita nos aproximarmos ainda mais da comunidade, saber onde estão os problemas e onde devemos agir”, explicou a coordenadora do Cras Bom Jesus, Solange Basso.

Para quem confunde trabalho assistencial com assistencialismo, o secretário de Habitação, Desenvolvimento Social e Esporte, Everson Carvalho de Bello, é taxativo: “O trabalho é voltado a qualificar as pessoas para o mercado de trabalho ou para empreender por elas mesmas e assim conquistarem independência financeira e a cidadania”, disse.

Conforme a coordenadora, somente neste ano mais de 200 fichas já foram preenchidas por pessoas a procura de emprego e repassadas às empresas parceiras. “Também auxiliamos os candidatos na elaboração de currículos. Alguns já foram chamados e estão na ativa, enquanto outros ainda estão em avaliação”, afirmou Solange.

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Com relação à qualificação de mão de obra para o mercado de trabalho, muitas são as oficinas profissionalizantes ofertadas no decorrer do ano, em parceria com instituições de ensino técnico. Ainda este mês terão início os cursos na área de gastronomia com previsão de abertura de diversas turmas. E, de forma permanente, funciona no Cras a oficina de costura criativa Arte em Tecidos e o Programa Transformação, que oferece oficinas de empreendedorismo, acesso ao mercado de trabalho, dança e grafite.

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Para novos e antigos usuários

Em seu terceiro dia de participação no Cras Integrar, Romana de Fátima Severo da Silva, 63 anos, teve a oportunidade de presenciar a passagem do 10º aniversário do serviço municipal. Moradora do Bairro Bom Jesus há mais de 30 anos, ela hoje se pergunta porque levou tanto tempo para frequentar a programação do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) – Grupo Super#Ação.

Com poucas opções de lazer, Romana conta que costumava passar a maior parte do tempo em casa, cuidando dos filhos e netos. Ela relata que encontrar pessoas alegres e novas amizades a motivou a participar das atividades proporcionadas. Ela elogia os colegas, as brincadeiras e os passeios de que tem participado. “Está sendo ótimo. É algo que traz distração para a minha vida”, concluiu.

Aos 80 anos, a aposentada Maria de Lourdes do Nascimento é uma das frequentadoras mais antigas do Cras Integrar. Ela demonstra grande carinho e gratidão pelo serviço. “O Cras já me ajudou muito”, contou. Durante um período de dificuldades financeiras, foi ali que ela conseguiu mantimentos para prover as refeições da família. “Levaram um rancho em minha casa. Passei um mês inteiro alimentando a minha família com o que recebemos”, lembrou.

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Maria de Lourdes também enfrentou a depressão, devido ao falecimento de uma irmã. A participação nas atividades do Cras foi fundamental para recuperar-se. Os passeios, as atividades variadas e o reencontro com os amigos são alguns dos pontos que ela destaca como vitais para a retomada de uma vida normal.

No grupo do Grupo Super#Ação, ela considera que reconquistou a alegria de existir. “Levantou a minha autoestima, melhorei muito e me sinto mais animada”, confessou. Maria de Lourdes desejou vida longa ao Cras Integrar e que mais pessoas possam desfrutar dos benefícios que ele proporciona. “Quero que as pessoas acreditem no Cras e que ele siga auxiliando quem precisa por muitos anos mais”, finalizou.

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