Acompanhei de perto o trabalho de funcionários da Secretaria de Obras da nossa prefeitura resolvendo um problema surgido sob a calçada de nossa rua. Quando chegaram à tubulação, depararam-se com lixo, muito lixo obstruindo a passagem da água pluvial e do esgoto. “Isso é pura falta de educação”, disse um dos trabalhadores. Outro falou que deveria haver multa. O primeiro discordou, insistindo que se tratava de uma questão de educação.
Caminho muito pela cidade e observo com imenso desconsolo como se joga lixo pelas ruas, praças, em qualquer lugar. Quantas campanhas já foram feitas visando à vida, ao bem-estar do planeta! A Natureza, nossa grande mãe comum, merece respeito, espera nosso amor. Ela é generosa, oferece tanta beleza, nos envolve com carinho, nos alimenta, nos abraça. E a tudo isso não podemos retribuir com ingratidão.
É sempre mais confortável, mais simples transferir a culpa aos outros. Quando as águas invadem as ruas, a culpa é da prefeitura; nós, como sociedade supostamente civilizada, nada temos a ver com isso. Bocas de lobo entupidas de sacos plásticos, garrafas, folhas, galhos, carteiras de cigarro não acolhem e despacham a água, que não espera, precisa passar. Não encontrando espaço, avança sobre as ruas, as calçadas, as casas, trazendo consequências que todos conhecemos.
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Concordo inteiramente com a realidade de que estamos diante de uma questão de educação, por isso o foco desta breve reflexão remete aos espaços que podem promover a grande mudança. Penso que principalmente nas escolas deva morar uma campanha sem fim. Não uma Semana do Meio Ambiente, mas uma Vida Sem Lixo. É uma lição a ser lembrada insistentemente todos os dias por todos os professores.
E como sempre defendi, deve ser um ensinamento que transcenda a sala de aula, o espaço físico da escola e se estenda às ruas, às casas, ao bairro, à cidade. Que as crianças e os jovens injetem de tal forma o aprendizado, que a repercussão chegue também às casas. Nesse caso, poderíamos evocar a frase de Machado de Assis, no notável romance Memórias póstumas de Brás Cubas, quando afirma que “o menino é o pai do homem”. Em muitas casas certamente não existe entendimento suficiente sobre de quanto descuidar do lixo é grave problema.
Citei ser tarefa principalmente das escolas, mas pode e deve envolver muitos outros segmentos. CTGs, clubes sociais e de serviço, bares, restaurantes, igrejas, sindicatos, lojas, todos reúnem condições de contribuir para termos uma cidade prazerosa e limpa. Não é possível que, havendo amplo engajamento, não consigamos um cenário mais agradável, um espaço ameno e acolhedor.
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Li que a Secretaria do Meio Ambiente instalou quatro contêineres para receber lixo reciclável. É uma iniciativa elogiável e, se exitosa, deverá ser ampliada. Penso que deveria haver ampla divulgação. Uma notícia no jornal não alcança muitas pessoas. Um folheto explicativo poderia chegar a todas as casas e, sobretudo, às escolas para que se cumpram os objetivos desejados. Acima de tudo, a proposta exige que nos desacomodemos e levemos os resíduos até esses locais.
O problema do lixo não é problema dos outros, é de cada um de nós. Cuidar da cidade, do meio ambiente é sempre um exercício de cidadania e deve estar impregnado em nossas ações de cada dia.
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