Por todos os lados onde estamos e andamos, deparamos claramente com uma nova dependência e vício: o digital. No período de pandemia, ainda mais se acentuou este fenômeno, e no Brasil, conforme pesquisas, o uso de smartphones e tablets registrou em dois anos um salto superior a 30%, colocando o País entre as primeiras posições mundiais neste comportamento. Em sua quase totalidade, as pessoas transformaram-se em dependentes digitais, e, sempre que se verifica dependência e exagero, por certo cabe ligar a luz do alerta e fazer alguma reavaliação.
Sem menosprezar toda utilidade e valia dos equipamentos tecnológicos modernos para os mais diversos fins, quando se observa a obsessão por seu uso quase ininterrupto, por todas as idades e para todos os fins, há de se concordar que algo está errado e que isso não pode ser benéfico. Aliás, já surgem vários estudos advertindo para os malefícios que tais atitudes (de excesso e inadequação de uso) podem causar aos seus usuários.
As crianças quase já nascem manuseando celular, quando na verdade os especialistas recomendam não fazê-lo até os dois anos e, após, só com a devida supervisão e limitação de acordo com a faixa etária. Já se fala até em “epidemia de miopia” causada pela superexposição (prolongada e geralmente muito próxima) aos aparelhos eletrônicos, associada à baixa estimulação da visão de longe. Médicos e estudiosos verificam também efeitos negativos no desenvolvimento das habilidades de linguagem e inclusive sociais da criança.
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Apontam-se ainda reflexos em déficit de atenção, atrasos cognitivos, distúrbios de aprendizado, aumento de impulsividade, peso e transtornos posturais. O consumo passivo de conteúdo ainda implicaria em perda de oportunidades de contato com a natureza e com objetos físicos. Assim, em contrapartida, volta-se a lembrar a necessidade de estimular outras atividades, que independem da tecnologia, como a leitura de livro, pintura, música, jogos, passeios.
Assim como acontece com os pequenos, os adultos de modo geral, e em especial os mais novos, já não sabem mais viver sem os aparatos eletrônicos, acreditando que, sem eles, não existe vida. Nem na rua não conseguem se desligar deles, quase atropelando os que vêm à sua frente. Até no trânsito, não desgrudam do aparelho, para o sério risco de quem andar por perto. Nas mesas dos restaurantes, casais fazem a refeição quase sem conversar, cada qual manejando seu dispositivo, no máximo comentando o último vídeo ou o que mais foi visto ou postado naquele momento, e algo parecido acontece nas refeições caseiras.
Estabeleceu-se, na verdade, um novo vício, e que só faz recrudescer. Precisamos nos dar conta deste fato e tentar voltar ao maior controle sobre este comportamento, buscando preservar um tempo para tantos outros prazeres, como a agradável convivência familiar e com amigos, aliada à escuta atenciosa do outro, a saudável prática do exercício físico, se possível desligado do aparelho eletrônico, e o reconfortante contato com a natureza.
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Penso que precisamos ter sempre presente em nossa mente que a tecnologia é apenas um instrumento a ser utilizado para o que e quando for preciso. Ela não pode nos dominar. Nós é que devemos dominá-la. Pois, como alguns anos a mais de existência e constantes observações nos ensinam, uma vida equilibrada e saudável pressupõe que não percamos o controle sobre ela e tudo o que nos oferece, sabendo discernir o que nos serve e o que podemos dispensar.
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