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O cultivo das oliveiras: plantação em Ibarama ultrapassa uma década

Foto: Nathana Redin/Gazeta da Serra

Setor agrícola promissor, a olivicultura e a produção de azeite extravirgem se consolidaram em alguns estados do país, com ênfase para o Rio Grande do Sul, que é hoje o maior produtor de azeitona e local com grande potencial de expansão do cultivo da oliveira. Segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), até 2025 o Brasil deve atingir 20 mil hectares de oliveiras plantados. Apesar das variações climáticas, a expectativa dos produtores é de manter os volumes registrados na última safra, quando foram produzidos 202 mil litros de azeites extra virgem no Estado. Os pomares gaúchos são responsáveis por aproximadamente 80% de toda produção nacional de azeite.

O casal de produtores rurais Mário Raminelli, de 67 anos, e Renilde Cembrani Raminelli, de 64 anos, moradores de Linha Seis, em Ibarama, passaram a se dedicar ao cultivo de oliveira, após serem convidados para uma parceria com a Embrapa, em 2009. Em aproximadamente meio hectare, dos 13,5 que possuem, estão 27 variedades, totalizando 81 pés de oliveiras, que integram a Unidade Experimental de Oliveiras da Embrapa, a qual, segundo Mário, é a única na região. “Com diversas variedades do mundo, a única do Centro do estado é aqui. São três pés de cada variedade”, destaca, acrescentando que há tanto as de conserva quanto para óleo.

O acompanhamento da Embrapa foi desde a implantação, passando pelas podas, e seguiu em anos posteriores com análises, como de rendimento e solo. “O restante da produção é nosso, então sempre fizemos azeitona em conserva, para a família e também para venda”, explicam. Das 27 variedades, algumas produziram pela primeira vez nesta safra. “Como já éramos guardiões das sementes crioulas, tínhamos acompanhamento da Embrapa sobre outros cultivos e fizemos outras pesquisas, como com a mamona, girassol, cana, feijão, milho, trigo, ervilha”, explicam.

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De acordo com Mário, as oliveiras são árvores fortes, resistentes, e já no terceiro ano algumas começaram a produzir azeitonas como Arbequina, Koroneiki e Arbosana. “É todo um estudo, de altitude, clima, então foram levadas as espécies para diferentes regiões. Eles nos explicaram que algumas poderiam produzir pouco ou nunca produzir. Eu acho que todas vão produzir. A maioria delas já produziu”, destaca. Recentemente, o agricultor fez um levantamento e apenas quatro ou cinco variedades não produziram ainda. “Tivemos um problema sério neste ano, que foi a chuva no período de floração. Elas não gostam disso, pois neste caso não ocorre de forma efetiva a polinização que se dá em maior parte pelo vento e não pelas abelhas. E, para isso, é necessário tempo seco. Com a chuva já aborta tudo”, explica.

O ciclo da produção segue muito parecido com o da uva, sendo que algumas variedades já amadureceram. “A oliveira no tempo de seca não tem problema. Ela adora tempo seco. Vem de países em torno do mediterrâneo, em regiões secas, de deserto, em que há menos chuva. Aqui, nosso problema não é seca, mas sim o excesso de chuva na primavera. Ela não aceita lugar úmido, encharcado, nem tolera acidez, é preciso colocar calcário”, salientam. Alguns pés na propriedade já produzem aproximadamente 20 quilos de azeitona.

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A família também é referência na preservação e cultivo de espécies crioulas. Eles já catalogaram mais de 150 espécies, entre milho, trigo, feijão, hortaliças e frutas. O carro-chefe da propriedade, que um dia já foi o fumo orgânico, é a fruticultura, especialmente os citros e ameixa. A comercialização é realizada para merenda escolar, mercados e restaurantes, além de participarem de feiras, expondo as sementes crioulas e os artesanatos de palha de milho e trigo confeccionados por Renilde. O contato também se dá direto com o cliente e via on-line, com encomendas por WhatsApp. Infelizmente, a estiagem castigou alguns cultivos, entre eles o milho, do qual Renilde usa a palha para artesanato.

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Agricultores agroecológicos, Renilde e Mário também são atuantes em diretorias de entidades ligadas ao meio, como a Associação dos Guardiões de Sementes Crioulas e dos Artesãos. Desde jovens, dedicam-se ao meio rural, do qual tiram o sustento e vivem em grande contato com a natureza. O cuidado e amor dedicados à agricultura podem ser vistos de perto. Sempre houve uma grande procura de grupos e pessoas ligadas à área para conhecer a propriedade.

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Conforme o chefe do escritório municipal da Emater/RS-Ascar, Giovane Rigon Vielmo, o casal abraçou a iniciativa, sendo pioneiros no cultivo das oliveiras na região. “Eles são experimentadores, com diversos cultivos. Foi quando surgiu a ideia do cultivo de Oliveiras, em parceira com a Embrapa. São 27 variedades do mundo todo, algumas não sabemos nem o nome, apenas o código, e eles recebiam acompanhamento”, menciona Vielmo.

A diversificação na propriedade, conforme explica Mário, foi sendo realizada aos poucos. “Tem que ir transformando. Se a propriedade está preparada para produzir uma única cultura, é difícil. Temos que ser meio curiosos”, ressalta. A ideia, conforme Mário, é expandir a produção de oliveiras, mas, como são apenas os dois para dar conta do trabalho, seguem no ritmo que lhes é possível.

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