Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

CONVERSA SENTADA

Minha primeira viagem “ao exterior” – 2

Voltamos e a viagem de volta, também de trem, foi iniciada no meio da tarde. O trem sulcava aquele mar verde que é o bioma pampa gaúcho. Com o tempo começou a aparecer a lua cheia. Noite clara, portanto. Fui até o último vagão, abri a porta traseira e me sentei no degrau, contemplando o céu “bordado de estrelas” e aqueles campos planos, com pontas de gado e ovelhas aqui e ali, passando como num filme, por horas e horas, sem que se visse uma só casa, vila ou cidade. No ar um perfume de maçanilha, trazida das macegas pelo cálido vento norte.

Tudo isso quando eu era piá. Pensei: um dia eu quero morar no pampa, um dia vou ter um pedaço de campo, nem que seja pequeno. E assim fiquei apreciando tudo, completamente maravilhado. De quando em quando, passávamos por cisternas grandes que no tempo da Maria Fumaça serviam para colocar água no trem. Enfim, a vida foi passando, mas nunca me esqueci dessa viagem para o que me era absolutamente desconhecido.

Anos mais tarde, assumi como juiz de direito em Horizontina e depois em Arroio do Meio e logo fui promovido. Convidaram-me para assumir em Santiago. Aceitei na hora, conquanto nunca tenha ido lá. Ali me inteirei melhor das coisas do campo. Santiago era uma cidade de pequena para média. Tinha tudo o que se pode querer. Ali conheci a verdadeira música de raiz do Rio Grande do Sul. Incrível a lhaneza das pessoas, sempre um sorriso, sempre um “aperta firme quando alguém lhe estende a mão” (Ainda existe um lugar, Wilson Paim).

Publicidade

Aproveitava os dias de folga para conhecer o folclore local, que até então nem de perto conhecia. Apoiei a criação do Cruzeiro de Santiago e aceitei ser vice-presidente. O mentor era o lendário Tenente Jacques. Fiquei dois anos e fui embora, de novo promovido, mas carregando comigo meu sonho. Desta vez eu já tinha melhor ideia do que eram as cidades daquela região, com uma pecuária muito forte. Foram dois anos de muita experiência. Fui promovido para Ijuí. Tive que aceitar porque afinal eu queria fazer carreira e, se possível, ser promovido, um dia, a desembargador.

Ijuí era outra história. Estava florescendo com as plantações de soja e trigo. Logo depois me removi para São Leopoldo, onde fui muito bem acolhido e até fiz parte da administração do Clube Esportivo Aimoré, onde fui presidente do Conselho Deliberativo. Finalmente fui promovido à Capital. Tive, portanto, uma visão panorâmica do que é esse Rio Grande amado. Com Maristela pude entrar no Agro. Nosso Estado é muito rico. E lindo. Temos tudo. É só ir atrás. Tudo começou naquele trem.

LEIA MAIS COLUNAS DE RUY GESSINGER

Publicidade

Quer receber as principais notícias de Santa Cruz do Sul e região direto no seu celular? Entre na nossa comunidade no WhatsApp! O serviço é gratuito e fácil de usar. Basta CLICAR AQUI. Você também pode participar dos grupos de polícia, política, Santa Cruz e Vale do Rio Pardo 📲 Também temos um canal no Telegram! Para acessar, clique em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça sua assinatura agora!

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.