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PROBLEMAS

Candidatos denunciam irregularidades em concurso da Brigada Militar

Foto: Reprodução

Foto do cartão resposta, feita no local de prova, que circulou em redes sociais

Foram aplicadas nesse domingo, 30, provas para concurso de soldados da Brigada Militar. O processo seletivo tem 52 mil inscritos e os testes foram realizados em cinco municípios. Em pelo menos dois dos locais, participantes presenciaram descumprimento de normas do edital, despreparo de fiscais e irregularidades diversas. Os relatos incluem vazamento de fotos da prova e uso do celular dentro da sala.

Muitos dos candidatos se mobilizaram para denunciar os acontecimentos ao Ministério Público (MP). Questionado pela reportagem, o órgão confirmou o recebimento de denúncia sobre o tema e disse que ela foi “encaminhada para a promotoria com atribuição, seguindo o trâmite legal”.

Um abaixo-assinado online pede a anulação do concurso. A petição ultrapassou as 7 mil assinaturas no início da tarde desta segunda-feira, 31.

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Também no início da tarde, a Brigada Militar (BM) divulgou uma Nota de Esclarecimento (leia a íntegra abaixo), em que diz ter discutido a questão com a empresa responsável pela realização do certame, a Fundatec. De acordo com a corporação, a empresa vai se posicionar publicamente ao longo do dia. “Ratificamos que a prova realizada no último domingo (30 de janeiro do corrente ano) foi de competência exclusiva da empresa contratada”, diz a nota da BM.

“Desmotiva a gente”

Moradores da região estão entre os que se sentiram prejudicados pela organização da prova. Uma candidata de 24 anos, que reside em Venâncio Aires, fez a prova em Canoas e disse que teria sido muito fácil ter acesso ao celular durante o teste, o que, de acordo com ela, outros participantes fizeram. Conforme consta no edital, os candidatos receberiam no local uma embalagem para colocar pertences, como o telefone, que deveria estar desligado e, preferencialmente, sem a bateria. Segundo a jovem venâncio-airense, que preferiu ter o nome preservado, o recipiente era uma sacola plástica semelhante às usadas para a compra de frutas em supermercados, que os próprios candidatos fechavam após colocar os itens.

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(Para) quem quis foi muito fácil colar, com aquele saquinho de supermercado onde a gente mesmo guardou os pertences. Desmotiva a gente estudar e ir fazer concurso”, lamenta.

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Gabriela, estagiária de Direito, de 20 anos, moradora de Santa Cruz do Sul, é uma das que denunciou os problemas ao Ministério Público e assinou a petição pela anulação das provas. Ela também fez a prova em Canoas, mas em local diferente da participante venâncio-airense, e também estranhou a sacola plástica fornecida para depósito de objetos pessoais. “O porta-objetos, pacote que deveria ser o chamado ‘Envelope Plástico Inviolável’, foi substituído por um saco em rolo, modelo similar ao que encontramos nas fruteiras de supermercado. Destaca-se neste ponto a facilidade de abri-lo, pois o fechamento do mesmo se dá por um nó. Lembrando ainda que alguns fiscais apenas entregavam o saco plástico e o próprio inscrito guardava suas coisas, facilitando que ficasse com celular ou outro objeto proibido”.

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“Foram divulgadas fotos do caderno de respostas, vídeos, e até mesmo da prova”, denunciou Gabriela. Para ela, a publicação de fotos da prova em redes sociais prova que alguns candidatos tinham acesso ao celular e à internet, tendo, portanto, vantagem sobre os demais. Além disso, a santa-cruzense criticou o trabalho dos fiscais dos locais de prova que, segundo ela, ficaram conversando do lado de fora da sala e, por isso, não foram capazes de flagrar as irregularidades.

“E aí a gente pensa: se esses candidatos fizeram isso no concurso, o que irão fazer na profissão?”, questionou a participante venâncio-airense.

As duas candidatas ouvidas pela reportagem também relatam descumprimento de protocolos relacionados à Covid-19 durante o concurso, como indisponibilidade de álcool em gel e filas sem distanciamento. O problema é citado na petição online que pede a anulação do certame.

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A reportagem do Portal Gaz fez contato com a Fundatec, em busca de posicionamento sobre as irregularidades denunciadas. A empresa emitiu uma nota no próprio site. No texto, argumentou que contou com mais de 5 mil fiscais de sala, além de coordenadores e profissionais de apoio. Cada local de prova, segundo a Fundatec, ainda teve acompanhamento de um oficial da Brigada Militar. “Tudo transcorreu normalmente, sendo que o concurso prosseguirá de acordo com o seu cronograma”, diz a nota.

Para a empresa, não houve qualquer irregularidade, já que as postagens teriam acontecido após o encerramento da prova. Cada candidato podia levar o respectivo caderno de prova. “A grade de respostas em branco, desacompanhada do caderno de prova, não indica qualquer irregularidade ou vazamento. Sua fotografia e postagem indica, isso sim, descumprimento de uma regra prevista no Edital de Abertura, de utilização irregular do celular, que acarretará na eliminação de quem a cometeu”, afirmou a Fundatec.

Nota da Brigada Militar

Nesta segunda-feira (31/1), a Brigada Militar, através do Departamento Administrativo, reuniu-se com a Direção da FUNDATEC, solicitando esclarecimentos sobre os fatos veiculados nas redes sociais sobre possíveis irregularidades no Concurso Público para o Cargo de Militar Estadual na Graduação de Soldado Nível III.
A FUNDATEC, empresa contratada para a realização do Concurso, expedirá comunicado de forma a esclarecer e informar os procedimentos quanto a realização da 1ª Fase (Prova Objetiva) no âmbito de sua responsabilidade contratual.
Por fim, ratificamos que a prova realizada no último domingo (30 de janeiro do corrente ano) foi de competência exclusiva da empresa contratada.

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Nota da Fundatec

“Em relação ao Concurso Público da Brigada Militar (Soldado Nível III) e em razão de comentários veiculados nas redes sociais, a FUNDATEC – Fundação Universidade Empresa de Tecnologia e Ciências esclarece:
O concurso teve mais de 52 mil candidatos inscritos, e a prova objetiva foi aplicada no último domingo, dia 30, em 49 locais de prova, contando com mais de 5 mil fiscais de sala, 51 coordenadores e aproximadamente 200 profissionais de apoio.
Toda execução contou com acompanhamento da própria Brigada Militar, com a presença de um Oficial em cada local de prova.
A abstenção foi de 13,76%, e tudo transcorreu normalmente, sendo que o concurso prosseguirá de acordo com o seu cronograma de execução, apresentado no Edital de Abertura.
Como costuma acontecer nos concursos públicos dessa magnitude, tão logo finalizada a aplicação da prova, surgiram nas redes sociais comentários apontando supostas irregularidades, que de fato não aconteceram.
Como exemplo, é citado o fato de alguns candidatos postarem fotos da prova aplicada, mas salienta-se que todas as postagens ocorreram após o encerramento da prova, sendo que cada candidato poderia levar consigo o respectivo caderno de prova, não havendo, assim, qualquer irregularidade.
Em relação à divulgação de foto da grade de respostas, cumpre salientar que esse documento é colocado sobre as mesas antes mesmo dos candidatos entrarem, para que eles sentem nas posições determinadas, sem a possibilidade de “escolher” o lugar. A grade de respostas em branco, desacompanhada do caderno de prova, não indica qualquer irregularidade ou vazamento. Sua fotografia e postagem indica, isso sim, descumprimento de uma regra prevista no Edital de Abertura, de utilização irregular do celular, que acarretará na eliminação de quem a cometeu.
A Fundatec reafirma que tudo transcorreu dentro da normalidade, e não comentará ou se pautará por falsas denúncias publicadas em redes sociais, desacompanhadas de qualquer prova séria, idônea. Quem quiser fazer alguma denúncia deverá se identificar e mostrar a respectiva prova, para fins de apuração.”

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