Quarta-feira, dia 26 de janeiro. Aniversário dos 77 anos da Gazeta. Não é pouca coisa. Aliás, são raras as empresas que chegam a esta marca.
Nem acredito (até porque vão me achar muito velho, o que não me considero) que participei ativamente de não menos que 40 anos desta história.
Hoje estou aposentado. Mas não me contive e no dia do aniversário do jornal voltei lá. Depois dos cumprimentos e das “cornetas” protocolares (atitudes que se justificam entre pessoas que conviveram por muito tempo e que se gostam) tivemos alguns momentos de realismo.
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O André Jungblut, nada menos que o dono e presidente do jornal e do grupo de comunicações que lidera, é um gentleman (quase sempre). Eu o conheço bem. Líder, empreendedor, paternal e amigo com quem está com ele, mas também exigente e crítico com o trabalho de quem o assessora.
Ao longo de muitos anos tivemos o hábito de nos reunir informalmente nos sábados de manhã para tomar um cafezinho, colocar as conversas em dia e, também, para avaliar a edição do fim de semana.
Eu já sabia o roteiro. Quase sempre era o último a chegar, porque havia trabalhado até tarde na noite anterior.
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Quando finalmente os encontrava – a turma já devia ter tomado cinco cafés – me acolhiam com um “até que enfim!”.
Seu André dava o tom da conversa: “Parabéns, muito boa a edição!”. Todos concordavam.
Não tem como negar que cada comentário desses inflava um pouco o ego e a autoestima da gente. Afinal, se colocava nas páginas do jornal o melhor que podíamos fazer, dentro das condições ao alcance.
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Mas sempre havia um senão. A adrenalina não estava no “Parabéns” do seu André, porém no “mas” que ele haveria de proferir. Coisas da rotina: por que dessa forma? Não podiam ter feito diferente? E por aí vai.
No início ficava um tanto aborrecido. Achava que tinha feito o meu melhor, mas o que se sobressaía aos olhos do chefe era uma outra impressão. Com o tempo, me acostumei. Até achei que tinha melhorado meu grau de avaliação.
Mas quando fui felicitar seu André pelos 77 anos do jornal, ele me deu um choque de realidade. “Gosto dos teus artigos” – ele disse . O que não é pouca coisa, dita pelo dono do jornal . Porém, haveria um “mas”. Como nos velhos tempos.
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– Qual o problema, seu André?
– Não acha que são um tanto longos?
Tive que concordar. Como não?
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O Jones Alei, sentado ao lado, até tentou minimizar: “Ele tem muito a dizer”, elogiou. (Ponto pra ti, Alei!).
Mas vou me policiar e escrever menos. No mínimo, ser mais objetivo. Fiz isso ao longo de anos, quando editor do jornal, com os articulistas que enviavam seus artigos. Eles ficavam contrariados, é claro, quando dizia que tinha que fazer ajustes, porque quem escreve acha que cada palavra é imexível. No final, bom senso de um lado e de outro, chegávamos a um acordo.
Pois, então, vamos exercitar a objetividade. Vou propor três questões para reflexão:
- Para que serve todo o aparato de segurança e vigilância que cidadãos, empresas, instituições instalam se, mesmo documentada em imagens eventual invasão, com a devida identificação dos marginais, eles são liberados pela Justiça(?)
- Que sociedade é essa na qual somos donos de nada, não temos direito a proteção alguma, em que bandido eventualmente preso ri da nossa cara, sai pela porta da frente da penitenciária e ainda ameaça, sob a complacência da lei, quem ousou denunciá-lo?
- Por que chegamos à triste realidade em que bandido que mata, rouba, estupra e faz todo tipo de barbaridade tem seu nome protegido? Você também acha que ele é uma vítima da sociedade? Do sistema?
E você é o quê?
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