No segundo ano de pandemia, a criação de empresas em Santa Cruz voltou a disparar. Segundo dados da Junta Comercial, Industrial e Serviços do Rio Grande do Sul (JucisRS), mais de 3 mil novos negócios foram iniciados no município ao longo de 2021, um aumento de 26% em relação a 2020. A maior parte envolve microempreendedores individuais (MEIs), cujo faturamento anual é de até R$ 81 mil.
Ao todo, 3.022 empresas foram constituídas entre janeiro e dezembro, das quais 75% são MEIs. O número supera até o de anos anteriores à eclosão da Covid-19. Em contrapartida, o volume de extinção de empresas aumentou em maior ritmo: 1.168 foram fechadas no ano passado. Em 2020, haviam sido 849, o que representa uma elevação de 37%.
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O crescimento na criação de empresas reflete, segundo o gerente regional do Sebrae, Clóvis Glesse, o chamado empreendedorismo por necessidade – ou seja, pessoas que perderam empregos tradicionais e constituíram ou formalizaram negócios de pequeno porte para sobreviver. Em 2020, 737 postos formais de trabalho foram fechados no município, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), como consequência da crise.
Para Glesse, a explosão de registros reforça a importância da modalidade MEI, que, em função da baixa burocratização e autonomia na operação, vem sendo cada vez mais buscada por autônomos para se regularizarem. “Tornou-se uma tábua de salvação. As pessoas conseguiram gerar uma renda em meio a um período de dificuldades”, observou.
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Segundo ele, destacou-se o setor de serviços, sobretudo os ligados à construção civil – como pintura, marcenaria e carpintaria – e à área de beleza – como cabeleireiros, pedicures e manicures. São empreendimentos que não exigem um grande capital e, em muitos casos, sequer há necessidade de um espaço físico.
Abrir empresas também vem sendo uma alternativa para pessoas que não conseguem colocação no mercado por falta de qualificação ou experiência. “Vemos que há várias vagas abertas, mas muita gente sem emprego porque não atendem aos requisitos”, observou Glesse. Outro fator que explica o fenômeno, de acordo com o presidente da Associação Comercial e Industrial (ACI), César Cechinato, é a “pejotização” – pessoas que abrem MEIs para atuar em empresas por meio de contratos de prestação de serviço.
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“É algo que o mercado está exigindo porque os custos trabalhistas continuam altos. Quem foi CLT no passado vai encontrar mais dificuldades de voltar a ser”, analisou. Já o grande número de extinções de empresas, conforme Cechinato, é consequência de atividades que foram encerradas em função da retração econômica.
Cenário de 2022 ainda gera incertezas
Segundo o gerente regional do Sebrae, Clóvis Glesse, o sentimento entre os empresários atendidos pela entidade é de otimismo em relação a 2022. Uma pesquisa realizada em novembro apontou que, com o avanço da campanha de imunização contra a Covid-19, a percepção dos empreendedores em relação aos rumos dos negócios melhorou: 56% se disseram confiantes na melhora dos ramos em que atuam, enquanto 36% projetaram estabilização e 9% se disseram pessimistas. “A tendência de 2022 é seguirmos cautelosos e em recuperação de vendas e resultados, até porque há uma demanda reprimida. 2021 foi melhor do que 2020, e 2022 com certeza será melhor do que 2021”, projetou.
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Já o presidente da ACI, César Cechinato, acredita que as dificuldades permanecerão. As projeções em relação ao PIB nacional indicam mais um ano de crescimento praticamente zerado, e a insegurança gerada pela eleição presidencial pode afastar investimentos externos. “Mais uma vez, o Brasil vai crescer abaixo dos países em desenvolvimento. E o empreendedor vai ficar sujeito a um ano de altíssima volatilidade”, analisou.
Por outro lado, Cechinato enxerga boas perspectivas em relação à economia do Rio Grande do Sul, pela melhora na situação fiscal. Na mesma pesquisa do Sebrae, 44% dos entrevistados se disseram otimistas em relação às condições do Estado e 40% apostaram em estabilidade.
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