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PROSPECÇÃO

“O futuro deve ser o novo real, não o novo normal”, diz futurista global

Foto: Rafaelly Machado/Banco de Imagens

“Como será amanhã, responda quem puder.” A incerteza sobre o futuro foi eternizada em música na voz de Simone, quando gravou o samba O Amanhã. A canção coloca nas mãos divinas a definição do que será o que chama de destino. Mas e fora das letras e notas sonoras? O que pode vir a acontecer? Há como se estabelecer um roteiro sobre o que ainda será vivido, com base em conhecimento científico?

Futurista global e consultora de futuros, humanista, mentora de inovação disruptiva e liderança exponencial, Jaqueline Weigel adianta que o amanhã – e quando se fala amanhã, deve ser pensado em médio ou longo prazo – não deve ser o que se apresenta, atualmente, como “novo normal”, pensando-se em uma mudança da forma de agir e pensar, que seria acelerada pela pandemia. “O futuro deve ser o novo real, não o novo normal”, afirma.

O conceito de uma nova normalidade, explica, surge como maneira de impor uma nova forma de pensamento, mas essa seria uma prática antiquada. “O novo real será melhor do que o antigo”, reforça.

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Jaqueline conta que conceitos que parecem modernos, atualmente, já fazem parte do passado, como a ideia da transformação digital. Por isso, pessoas, empresas e órgãos públicos devem pensar em como será o que vem pela frente e como agir no presente para estar bem no futuro. “As empresas não podem fazer planejamento estratégico como antes. Têm que se ajustar, ver como se adaptam ao mundo líquido, dinâmico, antecipando-se ao mercado futuro”, orienta.

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Antes, porém, há a necessidade de superar a pandemia e seus efeitos. A futurista não acredita em rápida resolução. “Um evento desta magnitude não se resolve em pouco tempo”, destaca. Entende que haverá maior preocupação com questões sociais e ambientais, com maior liberdade de ação. “Dizem que o novo normal é trabalhar em casa. Quem disse?”, questiona.

Apesar de confiar que dias melhores estão por vir, Jaqueline ressalta que será preciso muita adaptação e qualificação até esse período chegar. A automação e a digitalização devem representar facilidades, mas vão gerar mais desemprego e necessidade de ação rápida. Deverá ser ágil como têm sido as “revoluções tecnológicas”. A primeira teria levado 2 mil anos; a segunda, 200; a terceira, 50; e a quarta e atual deve durar em torno de 25. “É sem precedente. Ninguém sabe, de fato, o que vem pela frente. É possível se ter uma base, como o desenvolvimento da tecnologia disruptiva, a mudança de consumo e de consciência”, comenta.

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O mundo será irreconhecível em 2050

Baseada no que se espera da sociedade, a futurista antecipa que o mundo em 2050 pode ser irreconhecível, no comparativo com os moldes atuais. E a mudança deve ser para melhor. Ações ambientais terão que sair do discurso, deixar de ser jogo de marketing para se concretizar. “Não se investe mais em quem não tem consciência ambiental, em quem não zela pelo tripé meio ambiente, social e governança”, alerta.

E se em 2050 haverá um outro mundo, no presente alongado, que é o período subsequente ao vivido atualmente, a expectativa é de muita polêmica política, desigualdade social, com aumento do desemprego e migração para o empreendedorismo. Nem tudo deve ser ruim, no entanto. Ações como compostagem, hortas urbanas, rejeição às indústrias sujas devem passar a fazer parte da rotina.

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Pensando no imediato 2022, com base em seu conhecimento como CEO da W Futurismo e um dos principais nomes da disciplina de Foresight e Futures Studies no Brasil, Jaqueline elencou possibilidades e descreveu iniciativas que podem ser tomadas, já no próximo ano, para se preparar para 2030.

LEIA AS COLUNAS DE JAQUELINE WEIGEL

O QUE ESPERAR DE 2022

  • Mais polêmicas políticas e relacionadas à saúde
  • Mais desigualdade e desemprego, e migração para o empreendedorismo
  • Alianças altruístas em prol do mundo e de vidas melhores por todo o planeta
  • Mais espaços para promover igualdade e diversidade
  • Hortas urbanas
  • Compostagem
  • Crescimento de vida saudável
  • Mais rejeição às indústrias sujas (álcool, petróleo, gás, mineração, tabaco, fósseis)
  • Diversão no mundo phygital (híbrido)
  • Crescimento de redes locais
  • Mais questionamentos sobre a origem de produtos
  • Menos posse e mais uso por pagamento (aluguel, venda de usados, repasse)
  • Locais comerciais virando centros sociais
  • Mais aprendizado digital (cursos online, não mais presenciais).

Para pensar 2030 com ações em 2022

Em 2030

  • Automação
  • Vida e trabalho com engajamento social
  • Prioridade nas mudanças climáticas
  • Sem garantias de nada
  • Estudo de vida toda
  • Multicarreiras
  • Microempreendedores
  • Trabalhar e viver mais feliz
  • Abundância
  • Ser global

O que fazer em 2022

  • Dar início a trabalhos paralelos
  • Buscar seu propósito
  • Entender o assunto e alocar esforços para contribuir
  • Aprender a navegar na incerteza
  • Voltar a fazer cursos em áreas diferentes
  • Qualificar-se em outras áreas
  • Tornar seu serviço ou produto uma marca
  • Rever a rota e as escolhas
  • Aprender sobre autogestão financeira
  • Aprender inglês, espanhol e sobre outras culturas

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