É tempo de recolher os frutos do bem semeado, apagar as luzes, fechar a porta, olhar o horizonte do novo ano com redobrada esperança, munir-se de energia para viver os dias com dignidade e alegria. Cada um deve trazer na bagagem momentos de aflição, de dor, mas também de serenidade feliz, porque esses sentimentos temperam a nossa vida. Nem tudo é açúcar, nem tudo é sal. Até chocolate com pimenta desemboca em sabor especial.
Apesar das asperezas do ano que finda, apesar de ainda tantas portas fechadas, apesar de ainda encontros postergados, apesar de tantos abraços ainda recolhidos, apesar de perdas amargas, inesperadas, sofridas, apesar disso tudo, e muito mais, também restam motivos para agradecer e suavizar os momentos que nos foram dados viver, os caminhos que nos foram dados percorrer. Ao longo destes, certamente paisagens repousantes adornaram nossos olhos e acalentaram nossos corações.
Que fiquem no passado mágoas grandes e pequenas, desnecessárias e gratuitas desconfianças e discórdias (esses desencontros de corações), que as aflições se transformem em paz, que a ciência tenha acolhida e cure as dores físicas, que o nosso espírito se habite de amor, respeito e solidariedade. Um novo ano precisa ir além da simples troca de calendário, convém que concretize promessas repetidas e não cumpridas, que efetive esquecidos ou postergados projetos de vida. Muito disso depende exclusivamente de nós.
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Que cada um trace, persiga e consiga alcançar suas metas. Que haja trabalho e este seja realizador, não um fardo insuportável. Que haja tempo para cuidar da saúde física, mental e espiritual. Que haja tempo para cultivar as amizades e espaço para permitir novos amigos. Tenhamos discernimento para separar a verdade da mentira, de ignorar as mensagens de ódio e desrespeito que grassam nas redes sociais, que saibamos cada vez mais que retruques intempestivos, explosivos em nada contribuem para a fraterna convivência em sociedade. Em vez de atingir o outro, fazem muito mal a nós mesmos.
Que o novo ano fortaleça nossa capacidade de amar, de acolher, de confraternizar. Que enxerguemos as nossas próprias limitações e fraquezas antes de estabelecer que sejam dos outros. Que nunca nos esqueçamos de agradecer, porque a gratidão, além de ser gratuita, embeleza a alma. A cada dia, inúmeras graças, inúmeros dons nos são oferecidos e quase nunca nos lembramos de agradecer. Tenhamos presente a linda prece de São Francisco de Assis: “Onde houver ódio, que eu leve o amor,/ Onde houver ofensa, que eu leve o perdão,/Onde houver discórdia, que eu leve a união,/ Onde houver dúvida, que eu leve a fé”.
Que no novo ano nenhuma criança esteja abandonada, que nenhuma injustiça recaia sobre nós, que haja respeito à natureza, que a violência não encontre eco entre as pessoas, que haja trabalho para quem precisa e deseja ardentemente colocar o pão sobre a sua mesa e a de sua família. Que os erros do passado nos sirvam de lição para decisões mais acertadas em nossa história. Saibamos olhar para dentro de nós mesmos e, a partir de cuidadosa análise, projetar um futuro digno, perpassado de episódios, ainda que pequenos, mas que fazem valer a pena a vida que nos é dada viver.
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Que 2022 seja um tempo de paz, de concórdia, de muitos abraços!
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