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Furto inusitado

O feijão nem estava maduro e já sumiu direto da lavoura

Cerca de um quarto das plantas desapareceu da lavoura no domingo, em Dom Feliciano

A família do produtor Lucas Szczepaniak, de 24 anos, de Linha Corrêa Neto, a cerca de 12 quilômetros da sede de Dom Feliciano, já contava os dias para colher a primeira parcela de feijão da nova safra, conforme projeção deles, dentro de duas semanas. As vagens já estavam quase secas, no ponto ideal. Mas alguém foi mais rápido e chegou antes, pelo visto até sem se importar com o fato de os grãos ainda nem estarem completamente maturados. Na manhã dessa segunda-feira, 13, um vizinho perguntou se eles próprios haviam começado a colheita, pois uma boa parte da lavoura já estava vazia. No entanto, não haviam sido eles.

“A gente não sabe nem o que dizer, e nem como reagir”, diz Lucas. Pelos cálculos da família, em torno de um quarto das plantas foi arrancado e levado embora, em algum momento do domingo, 12. Confiando em que tal coisa jamais acontecesse, e que furtassem até o feijão direto da lavoura, haviam plantado o grão suficiente para a subsistência à beira de uma estrada vicinal.

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“Não é nem uma estrada grande, é apenas caminho que liga uma localidade a outra. Mas alguém aproveitou para nos ajudar na colheita”, comenta, com ironia. “Pelo volume de plantas que levaram, deve ter sido com caminhonete ou caminhãozinho. E ainda meio verde. Nem sei como vão fazer para aproveitar”. Segundo ele, na redondeza até já ocorreu de sumir parte de plantação de cebola, ou outros hortigranjeiros, mas feijão foi uma novidade. Uma novidade desagradável.

Lucas, ao lado da esposa Paula, 22, reside junto na propriedade de 34 hectares que pertence aos pais, Romildo e Elizabete, com os quais mora a irmã Luana, estudante, quase a meio caminho entre Dom Feliciano e Camaquã, esta distante 40 quilômetros da localidade. A família Szczepaniak, de descendentes de poloneses, desde sempre cultiva tabaco como principal fonte de receita. Neste momento, estão na colheita da segunda e da terceira apanha das folhas em 94 mil pés que plantaram na safra. Conduzem todas as operações dos tratos culturais e da colheita em conjunto, comercializam, pagam as despesas, e o que sobra é dividido em partes iguais entre os pais e o filho com sua esposa.

Lucas,com Paula, os pais e a irmã Luana: “Não dá mais para plantar perto da estrada”

Além do tabaco, criam animais para a subsistência e cultivam os alimentos, entre eles o feijão. “Agora, vamos ter de cuidar para que não venham e levem o resto de nossa plantação embora também”, refere Lucas. “Quando vê, nós próprios é que vamos ter de comprar para nos abastecer”. E lembra que, até agora, já precisaram investir na semente e nos insumos e têm a considerar a mão de obra na capina dessa lavoura. “Tudo isso para, na hora de colher, ver o produto sumir já da lavoura”, lamenta.

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E comenta que, pelo contexto, diante do desemprego e da perspectiva de que tais “ladrões” não serão flagrados ou receberão punição, essas ações só tendem a aumentar. “A gente concluiu que já não dá mais nem para plantar feijão ou outro alimento perto da estrada. Vamos ter de plantar esses itens mais afastado da via, para dentro da propriedade”, arremata.

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