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Ricardo Düren

Um debate natalino

A aproximação do Natal costuma suscitar, ano após ano, debates ferrenhos acerca de quem seria merecedor de mais atenção nesse período: Jesus ou Papai Noel? Por trás da polêmica, há uma série de questões que extravasam o sentido religioso da data.

Se para os cristãos o Natal é tempo de adoração, reflexão e esperança, para o comércio é, também, tempo de retomada, de fortalecimento econômico, de geração de emprego e renda – e, nesse quesito, o Papai Noel, em sua benevolência para com a garotada, tornou-se um grande aliado. Principalmente em períodos como o atual, em que a crise fomentada pela pandemia cobra parceiros dessa envergadura. Para muitas famílias, a retomada econômica tornou-se condição de sobrevivência.

A relevância de Jesus me parece inquestionável, mesmo se, em um exercício filosófico, deixarmos em suspenso o aspecto religioso. Creio que até os mais céticos admitem que trata-se de um dos maiores protagonistas da história da humanidade – afinal, ainda que sem entrar no mérito dos dogmas cristãos, da fé no Divino ou em milagres, pesquisadores admitem que Jesus, de fato, existiu: andou pela Galileia e arredores, conquistou multidões, tornou-se uma ameaça aos interesses dos poderosos da época e pagou por isso com uma morte pavorosa. Deixou uma mensagem irrefutável: “amai ao próximo como a ti mesmo”.

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Nesse conselho sucinto, estão implícitos a bondade, o respeito, a honestidade e a não violência. Trata-se de uma orientação que poderia substituir todos os nossos códigos éticos e morais, nossos compêndios de tratados e até mesmo nosso sistema legal, se tivéssemos a capacidade de segui-la. Mas é tão difícil…

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No outro lado do ringue de debates, temos o Papai Noel. Conta-se que foi criado pela Coca-Cola em uma campanha publicitária para vender refrigerante, vindo a tornar-se um ícone do consumismo, um personagem que, impulsionado por interesses meramente econômicos, chegou para roubar a cena no Natal e escantear o aniversariante do dia. Mas essa história, como todas, tem lá seus outros meandros.

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A figura do Papai Noel descende de São Nicolau (o simpático personagem que ilustra a coluna de hoje), padroeiro da Rússia, da Grécia e da Noruega, dos marinheiros, estudantes e comerciantes, também muito cultuado em países como a Itália, Áustria, Eslovênia e Alemanha. Reza a tradição que nasceu em meados do ano 275, na atual Turquia, abdicou das posses da família e se tornou um bispo conhecido por praticar a caridade. Seu hábito de distribuir mimos às crianças gerou a tradição, em países que o celebram, de presentear a meninada já em 6 de dezembro, data da morte do santo. Sim, amigo leitor: nesses lugares, a molecada ganha presentes duas vezes em dezembro (espero que a nossa caçula, Ágatha, não leia isso…).

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Diz-se que o ilustrador Haddon Sundblom, o encarregado de montar a famosa peça publicitária da Coca-Cola de 1931, que deu a Papai Noel as cores e os contornos que conhecemos hoje, inspirou-se em São Nicolau e em outras tradições antigas sobre velhinhos bons e barbudos, que apareciam no Natal com sacolas recheadas de presentes.

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Teria inspirado-se também no personagem do Espírito de Natal, criado pelo escritor inglês Charles Dickens (1812-1870) no conto A Christmas Carol, conhecido no Brasil como Um conto de Natal. Jornalista muito engajado na denúncia das mazelas sociais, Dickens narra, no conto, a história de Ebenezer Scrooge, um tipinho ranzinza e avarento que, em pleno Natal – justamente a época que mais odiava – é visitado por três espíritos, com os quais aprende na marra a importância da caridade e do amor ao próximo.

Genial, este Dickens.

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Enfim, eis aí o espírito de Natal: a bondade, a preocupação com os menos favorecidos, o amor ao próximo. Seja sob inspiração do Menino nascido na manjedoura, seja sob o ícone do Bom Velhinho, esse é o espírito a ser cultivado, tanto nesta época quanto no resto do ano – ainda que não tenhamos recebido as perturbadoras visitas dos fantasmas que, no século 19, assombraram o rabugento Ebenezer Scrooge.

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