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ROMA: Caput Mundi, poder e glória na capital do mundo

Vista do Coliseu e parte do Foro Romano, do Monte Palatino | Foto: acervo pessoal de Aidir Parizzi Júnior

O poder que Roma exerceu por mais de mil anos influenciou a história de todo o mundo ocidental. A estrutura de poder e a flexibilidade política e religiosa tornaram a expansão do império romano muito rápida e eficaz. Do norte da Inglaterra (a Escócia resistiu bravamente) até a costa da África e o Egito, e de Portugal até Síria e Turquia, o domínio imperial representava a vasta maioria do mundo conhecido pelos europeus. O nome de César, que não chegou a ser imperador romano, eternizou-se nos títulos dos monarcas e foi adotado em outros países (Czar ou Tzar para os reis eslavos, Kaiser nos países germânicos, Qaysar nas línguas indo-iranianas etc.)

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As marcas dessa dominação, posteriormente amplificada pelos Estados Papais, permanecem vivas pelas ruas de Roma. Assim como levamos camisetas, chaveiros e ímãs de geladeira dos lugares que visitamos, os romanos traziam obeliscos do Egito como lembrança, alguns com mais de 30 metros de altura. Oito deles estão nas ruas e praças de Roma, bem como no centro da Praça de São Pedro, no Vaticano.

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Roma foi a primeira cidade conhecida a ter mais de um milhão de habitantes, já no ano 133 a.C. A próxima a chegar nesse número foi Londres, somente em 1810. As regiões do Foro Romano, Coliseu e Monte Palatino (origem da palavra palácio) guardam as principais ruínas da capital imperial, com seus templos, palácios, ruas e estradas pavimentadas, aquedutos, sistema de esgoto (cloaca máxima), locais de entretenimento e os primeiros centros comerciais.

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A mais famosa e representativa construção é o Anfiteatro Flaviano, mais conhecido como Coliseu, onde gladiadores, que se enfrentavam até a morte, e animais selvagens contribuíam para o deleite dos até 50 mil espectadores. Durante os primeiros cem dias que celebraram sua inauguração, em 72 d.C., mais de 9 mil animais, incluindo tigres, girafas e leões, foram mortos na arena, que também era eventualmente inundada para simular batalhas navais. Estima-se que mais de meio milhão de gladiadores morreram em combate no Coliseu, até o dia em que um monge chamado Telêmaco, no século 5, colocou-se entre dois gladiadores na arena, em protesto pelo fim das sangrentas lutas. O público presente o cobriu de vaias, insultos e, finalmente, pedras, martirizando-o. Os governantes, contudo, se sensibilizaram com o acontecido e, contrariando o povo, proibiram as lutas entre gladiadores dali em diante.

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Entre os inúmeros pontos de interesse de Roma, o Pantheon é, para mim, a maior atração da cidade, contendo uma rica história, antiga e contemporânea, embaixo da monumental cúpula semiesférica, até hoje a maior do mundo em concreto não reforçado (opus caementicium). Construído há 2 mil anos, com tecnologia de concreto que até hoje não foi replicada com a mesma perfeição, para ser o templo de todos os deuses, converteu-se em 608 na igreja católica de Santa Maria dos Mártires. No topo da cúpula de 58 metros de altura, uma abertura (oculus) de 9 metros de diâmetro permite a entrada de luz e chuva. Os primeiros reis da Itália, Vittorio Emanuelle II e seu filho Umberto I, estão sepultados ali, assim como a esposa de Umberto, Rainha Margherita (a pizza margherita deve seu nome a ela), e o mestre do Renascimento Rafael Sanzio (1483-1520).

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No recente encontro dos países do G-20, dois dias depois de minha última visita ao Pantheon, o presidente brasileiro e sua comitiva escolheram uma loja de salames, presuntos e queijos para posar para fotos. A Antica Salumeria fica a menos de 30 metros do Pantheon, onde eles não entraram, talvez por falta de interesse ou pela exigência do passaporte vacinal de todos os seus visitantes. No nível pessoal, foi uma oportunidade perdida para valorizar a cultura milenar do local. Para os brasileiros, porém, a perda tem sido maior. Observo com tristeza o desmonte da reputação do Brasil no cenário internacional diante do isolamento e das atitudes do chefe do Eexecutivo. Sem julgar os motivos, alerto que nosso país nunca foi tão desprezado, ou, pior ainda, tratado com tamanha indiferença como agora, nem mesmo nos tempos da ditadura militar.

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Em um mundo globalizado, perdemos moralmente e, para quem só se sensibiliza com cifras, comercialmente também. É claro que, enquanto formos uma nação democrática, segue viva a esperança de regeneração da imagem do país.

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