A67ª Feira do Livro de Porto Alegre, a feira da resistência, ingressa em sua reta final. O fim de semana estendido, que engloba o feriado do Dia da Proclamação da República, na segunda-feira, proporciona os últimos momentos para os gaúchos fazerem um “rancho” de leituras para os próximos meses.

O evento, promovido pela Câmara Rio-Grandense do Livro (CRL), pode até estar mais enxuto. Mas ainda assim é “A” feira, assim, com A maiúsculo, mantendo a tradição de maior evento livreiro a céu aberto da América Latina. Nesta edição, 56 bancas atendem o público na Praça da Alfândega, no Centro Histórico da capital gaúcha, desde o dia 29 de outubro. Diariamente, das 10 horas às 19h30, uma série de atividades são promovidas no local, o que inclui literatura em geral e infantojuvenil, bem como sessões de autógrafos.

Nas bancas, além da oferta de livros novos, entre eles os lançamentos das editoras (como as gaúchas Dublinense, L&PM e Martins Livreiro, que ali disponibilizam seu catálogo), a pedida é vasculhar caixas de saldos, com pontas de estoques. Com um pouco de paciência ou perspicácia, é possível localizar, por R$ 10,00 ou R$ 15,00, obras de referência da literatura nacional ou estrangeira, nos mais variados gêneros.

Entre as atividades especiais, o final de semana reserva live com uma das principais atrações desta edição, a escritora irlandesa Marian Keyes, 58 anos, autora de best-sellers como Melancia, Férias! e Adultos, que granjearam fãs no mundo todo ao longo de mais de duas décadas, tendo vendido nada menos do que 22 milhões de exemplares. Neste sábado, a partir das 18 horas, ela participa de debate sobre o tema “O universo feminino com humor e leveza”, ao lado da jornalista Maristela Scheuer Deves.

Ainda no sábado, às 19h30, o patrono da edição, o jornalista, poeta e escritor Fabricio Carpinejar, debate com sua mãe, a poeta Maria Carpi, e ainda Lelei Teixeira e Deivison Campos, o tema “Luto, saudade e esperança”, que remete a seu novo livro, Depois é nunca. O encerramento da feira ocorre na segunda-feira, às 20h30.

O adeus a Ricardo Fonini
O Magazine também faz um registro, em meio à divulgação do último final de semana da Feira do Livro de Porto Alegre, em tom de homenagem. Esse evento começou no dia 29 de outubro, com a presença, como tem ocorrido ao longo de 15 anos, do livreiro Ricardo Fonini Stefani. Mas a feira se encerra, agora, com a sua ausência. Ocorre que Ricardo faleceu na madrugada de domingo, 31 de outubro, vítima de um ataque cardíaco, aos 45 anos. Nascido em 23 de julho de 1976, na capital, Ricardo deixou pai e irmã, e foi sepultado no dia 2 de novembro, às 11h30, no Cemitério São Miguel e Almas, em Porto Alegre.

Presença simpática e inteligente, livreiro ativo no mercado de sebos e em eventos literários em Porto Alegre, participava de quase uma dezena de feiras de livro também no interior gaúcho, entre elas a de Santa Cruz do Sul. Desta, Ricardo participou pela primeira vez em 2010, a convite, e desde então esteve em praticamente todas as edições, tanto as realizadas na Praça Getúlio Vargas quanto as no Pavilhão 2 da Oktoberfest. A banca da Editora Pradense, da qual era fundador e proprietário, era uma referência para os leitores, os quais acolhia sempre com um sorriso no rosto e uma dica infalível de boa leitura.

Desta edição da Feira do Livro em Porto Alegre, em plena retomada do evento, afetado pela pandemia, Ricardo trabalhou nos dias 29 e 30, na banca azul de número 37. Na noite de sábado, logo após o expediente, feliz e satisfeito com o resultado das vendas até então, convidou as atendentes de sua banca para, juntos, tomarem um chope em bar na Rua dos Andradas. Mais tarde, ao retornar sozinho para casa, teria passado mal na rua. No dia seguinte, o domingo, a equipe abriu a feira e Ricardo não apareceu e nem atendeu a ligações. Quando o procuraram em casa, estava morto.

Por decisão de seu pai, a Pradense seguiu na feira, tendo em vista que Ricardo sempre fora entusiasta do evento, e na última quarta-feira o fotógrafo Lula Helfer fez registro da banca 37, infelizmente já sem o seu proprietário, que era sempre figura muito marcante, com visual despojado. “O Ricardo vai deixar saudades entre os livreiros, com seu modo original de ser, inusitado mas muito amigo de todos”, frisou o presidente da CRL, Isatir Bottin Filho. E a Gazeta do Sul igualmente deixa sua mensagem de saudades de Ricardo Fonini, que ao longo dos anos estabeleceu forte vínculo de amizade com a nossa equipe.

SERVIÇO
O quê: 67ª Feira do Livro de Porto Alegre
Quando: até segunda-feira, dia 15 de novembro
Onde: na Praça da Alfândega
Patrono: Fabrício Carpinejar
Slogan: “Para ler um novo mundo”
Atividades: 56 bancas de livreiros, sessões na praça de autógrafos e palestras
Horário: das 10 horas às 19h30
Informações: www.feiradolivropoa.com.br e www.youtube.com/user/feiradolivro