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RISCO À PRODUÇÃO

Escassez de chuva deve seguir até o fim do ano; setor agrícola está em alerta

Foto: Rodrigo Assmann/Banco de Imagens

Drama: milho pode ser uma das culturas mais atingidas, se condições climáticas adversas se intensificarem nas próximas semanas

O fenômeno climático La Niña tem se mostrado persistente no Brasil desde novembro de 2019. Com ele, há inconstância de chuvas na região Sul, fazendo com que o setor agrícola tenha de criar uma série de mecanismos para driblar a possibilidade de perdas. Produtores de milho e soja estão atentos, enquanto os de tabaco torcem pela precipitação para que as lavouras proporcionem mais qualidade e produtividade.

A Metsul Meteorologia adverte para a possível continuidade das características do La Niña até outubro de 2022. De acordo com a meteorologista Estael Sias, os dados apontam que houve excesso de precipitação em setembro, com redução em outubro e em novembro. “A mais recente análise mostrou um aumento ainda maior da probabilidade do fenômeno no trimestre de verão, que saiu de 87% para 92%”, conta.

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De acordo com o último boletim semanal da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), a agência climática do governo dos Estados Unidos, há anomalia de temperatura da superfície do mar, com registro de -1 grau. Essa condição impacta no regime de chuvas do Rio Grande do Sul. “Quando está mais fria do que o normal nesta época do ano e durante o verão, tende a favorecer a precipitação mais irregular ou abaixo da média no Estado”, explica Estael.

Assim, a chuva tem sido escassa ou com baixos volumes na maioria das regiões. Em paralelo, ocorre a incursão de ar frio tardio, com massas de ar frio de trajetória oceânica, como se viu nesta semana, com mínimas de até 2 graus em Santa Catarina e de 3 graus no Rio Grande do Sul.

Tal cenário não deve se alterar nas próximas semanas, com tendência de a chuva se manter abaixo da média no território gaúcho, salvo por ocorrências muito isoladas de precipitação forte por temporal isolado típico de verão. As projeções para dezembro indicam chuva abaixo da média. O considerado normal é de 128 milímetros em outubro (choveu 81), 120 em novembro e 142 em dezembro. Esse cenário deixa os produtores rurais muito apreensivos em toda a região.

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Milho, soja e tabaco à espera da água

O cenário atual apresenta risco para o milho do cedo, que é a primeira safra e está em fase de pré-florescimento ou florescimento. Segundo o técnico Josemar Parise, da Regional Soledade da Emater/RS-Ascar, a plantação está sujeita a sofrer com a falta de água, caso não se confirme a previsão de precipitação para a próxima semana. “Se chover na semana que vem, a tendência é que as plantas consigam uma recuperação, especialmente onde há um bom manejo do solo”, afirma.

Ele entende que a soja também pode ter algum tipo de prejuízo, pois está em fase de semeadura e necessita da água. Em áreas onde houve maior registro de chuva, como na parte baixa do Vale do Rio Pardo, a plantação já alcança 40%, indicador considerado adequado. “No último ano, a semeadura foi feita a partir do dia 20 de novembro e tivemos uma das melhores safras; então, é possível aguardar um pouco”, salienta.

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Mais pessimista, o produtor Giovane Luiz Weber, colunista da Gazeta do Sul e comunicador da Rádio Gazeta FM 107,9, vê como grande problema a escassez de chuva. “Nessa fase ela é essencial, porque é preciso fecundar o grão. Se não chover, muita lavoura de milho terá falha no enchimento de espiga. Poderá até ser usada para silagem, mas não terá a qualidade do alimento necessário ao animal”, justifica.

Fumicultor, Weber ressalta que tem optado pela colheita somente durante pela manhã, porque à tarde as folhas ficam murchas e acabam perdendo a qualidade. “Se chover nos próximos dias, a planta vai se recompor e começar a crescer. Se não chover, teremos perda de qualidade e de peso.” Ele especula que sejam necessárias pelo menos três ocorrências de chuva acima de 40 milímetros para que as perdas não sejam sentidas com alguma intensidade.

Os cereais de inverno, ao contrário do que pode ocorrer com as culturas de verão, tiveram bom desempenho com a restrição hídrica. O trigo, destaca Parise, registra resultados positivos, com boa qualidade, o que garante valor. Cevada, canola e aveia seguiram o mesmo rumo tanto na região quanto em todo o Estado.

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