O cantor, compositor e ex-ministro da Cultura, Gilberto Gil, foi eleito, aos 79 anos, para a Academia Brasileira de Letras (ABL), nesta quinta-feira, 11. Ele passará a ocupar a cadeira 20, que ficou vaga após a morte do advogado, escritor e jornalista Murilo Melo Filho, em maio de 2020. Gil concorreu com os escritores Salgado Maranhão e Ricardo Daunt.
O soteropolitano Gilberto Gil passou a infância em Ituaçu, no interior da Bahia, onde o pai exercia a medicina, mas começou, de fato, a carreira artística em Salvador. Lá, ele se apresentava em escolas e clubes, chegou a compor jingles e escrevendo músicas para outros grupos. O sucesso que se seguiria ainda não era certo para o jovem, então ele dividia o tempo entre os estudos e a música. Em 1965, formou-se em Administração na UFBA e chegou a participar de um programa de trainee na multinacional Gessy Lever, atualmente conhecida como Unilever.
Na época, porém, Gil já conhecia parceiros que levaria para o resto da vida, como Caetano Veloso, Vinicius de Morais, Chico Buarque, Gal Costa, Maria Bethânia, Nana Caymmi e Elis Regina. Ainda nos anos 1960, ele abandonaria a carreira de administrador de empresas e lançaria Procissão, o primeiro single oficial. A partir daí, a trajetória artística apenas ascenderia: Gil foi um dos criadores do movimento tropicalista, tornou-se uma das vozes mais marcantes da música popular brasileira, virou símbolo de resistência contra a ditadura militar, exilou-se do Brasil, fez um retorno triunfal e ganhou prêmios como o Grammy e o Grammy Latino.
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Entre álbuns de estúdio, discos gravados ao vivo e compilações, Gil soma mais de 50 CDs lançados, com grandes clássicos da MPB como Tropicalia ou Panis et Circensis, Refazenda, Expresso 2222, Refavela e Realce. O mais recente trabalho de inéditas é OK OK OK, de 2018.
Fora dos palcos, Gil também se notabilizou na política. Foi vereador de Salvador entre 1989 e 1992 pelo então PMDB e ministro da Cultura do governo Lula entre 2003 e 2008 pelo PV, partido ao qual é filiado até hoje. Em 1999, foi nomeado pela Unesco como Artista pela Paz. No âmbito da ONU, foi embaixador para agricultura e alimentação, além de ter sido um dos principais defensores da livre circulação de informação na internet.
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Gil foi eleito para a ABL pouco tempo depois da atriz Fernanda Montenegro e, assim como ela, não tem a escrita literária como principal atividade. No entanto, é coautor de alguns livros, como Gilberto Bem Perto, com Regina Zappa, Cultura pela Palavra, com Juca Ferreira, Disposições Amoráveis, com Ana de Oliveira, e O Poético e o Político e Outros Escritos, com Antonio Risério. Além disso, ele tem poemas e letras reunidas em outros livros.
Os demais candidatos para a vaga agora ocupada por Gil eram o poeta maranhense Salgado Maranhão, autor de 12 livros e compositor de músicas eternizadas por intérpretes como Ney Matogrosso, Paulinho da Viola e Elba Ramalho; e o escritor e crítico literário Ricardo Daunt.
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