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Evento estadual mostra um setor que atende a questões ambientais, sociais e econômicas

Foto: Rafaelly Machado

Importância da cadeia produtiva ganhou destaque durante a Abertura da Colheita do Tabaco no Rio Grande do Sul

A abertura da colheita do tabaco no Rio Grande do Sul, nessa quinta-feira, 28, evidenciou três características que fazem desse um setor diferenciado no agronegócio gaúcho. São atendidas – apontou o presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Werner – três questões fundamentais: ambiental, social e econômica. O evento, na localidade de Faxinal de Dentro, em Vale do Sol, foi marcado pela defesa da produção, tanto na lavoura quanto no Poder Público.

Donos da propriedade escolhida para simbolizar o início da colheita, Oladi e Marli Schroeder transformam em prática o discurso de Werner. Com a aplicação de metodologias inovadoras, conseguem bons resultados econômicos para a família, ao mesmo tempo em que acabam gerando emprego e impostos, já que o setor é um dos que têm a maior tributação no País.

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A propriedade é considerada modelo e motivou o orgulho dos vale-solenses. “Eles simbolizam, de forma positiva, a cultura do fumo. São importantes e fazem com que Vale do Sol tenha alcançado o quinto lugar em produção no Rio Grande do Sul e o nono no país. É por pessoas como eles que estamos em destaque”, diz o prefeito de Vale do Sol, Maiquel Silva, que está em férias e compareceu como presidente da Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo (Amvarp).

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Família Schroeder, com Oladi e Marli ao centro, recebeu representantes do setor produtivo e do Poder Público em evento simbólico | Fotos: Rafaelly Machado


Esse orgulho de Silva estava estampado no rosto dos Schroeder. “É motivo de muita alegria receber todos aqui. Não só para mim, mas para a comunidade de Vale do Sol, que tem a satisfação de sediar esse evento”, destaca Oladi. Ele entende que marcar momentos significativos, como o início da colheita, faz com que mais pessoas se empenhem em plantar o tabaco e outros tipos de plantas.

Mais do que atrair os olhares dos integrantes do setor produtivo, o casal comemora outro feito, que supera um problema percebido no meio rural: o êxodo. Os seus dois filhos, Inês e Dionas, continuam na produção primária, mesmo que em outras propriedades. “Nós sempre demos prioridade para fazer o trabalho com a implantação da tecnologia na propriedade, o que gerou interesse nos mais jovens”, cogita Oladi. Marli acrescenta: “Eles aprenderam desde cedo como é a produção e, atualmente, mantêm a plantação em suas áreas.”

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Oladi e Marli plantam em 34,5 hectares. Desses, 18 são destinados ao tabaco, onde estão 250 mil pés do tipo Virgínia. O restante é dividido entre milho, soja e criação de gado de corte. Em 2020, o setor teve 273 mil hectares com a planta, devendo ter uma redução de área em torno de 5% na atual safra, em razão dos custos e da adequação à demanda do mercado. Enquanto muitos dos 147.618 produtores ainda não fizeram o transplante das mudas, na parte baixa do Vale do Rio Pardo cerca de 10% já está colhido.

Secretária Silvana Covatti (à direita) cumprimenta família Schroeder pela propriedade

O Brasil tem 508 municípios produtores, um deles, Vale do Sol. São 2.556 fumicultores, que conseguem uma média de 2.345 quilos por hectare. A tecnologia empregada por Oladi Schroeder acaba repercutindo nos resultados. Com a ajuda do clima e de sua técnica de plantação, colheita e secagem, se aproxima dos 3 mil quilos por hectare. A cidade contabiliza 5.276,9 hectares em área destinada à fumicultura, totalizando um faturamento de R$ 127.189.300,00 na safra 2020/21. Cerca de 95% da população vive no meio rural e tem o tabaco como carro-chefe.

O secretário municipal de Agricultura, Alessandro Kappel, frisa que essa é uma cultura fundamental nos aspectos social e econômico. “O tabaco continua sendo referência de qualidade de vida e de renda para a agricultura familiar, e a qualidade do produto da região segue sendo referência”, avalia. A relevância também foi apontada pelo prefeito em exercício, José Valtair dos Santos.

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O evento, que reuniu membros de entidades representativas, produtores, políticos locais, deputados estaduais e federais e a secretária da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Silvana Covatti, é uma realização da Secretaria da Agricultura com apoio do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Afubra e Prefeitura de Vale do Sol.

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José Valtair destacou relevância do setor

Os pontos fortes da fumicultura

O presidente da Afubra, Benício Werner, fez questão de ressaltar a relevância em diferentes áreas. “Há o fortalecimento das questões ambiental, social e econômica”, diz. Na parte ambiental, cita o pioneirismo do plantio direto e a sequência com outras culturas, dando ganho agregado. “Tem algo importante, mas que ninguém fala. O crédito de carbono com as lavouras é grande. A nossa consciência está tranquila. E temos que dizer isso às autoridades”, afirma.
Werner acrescenta a geração de empregos e o retorno em impostos, que representam investimento em saúde e educação. Ainda sobre o peso na economia, reforça que gera riquezas, mesmo com a forte dependência do clima, além da necessidade de um grande esforço por parte dos produtores.

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A parte econômica foi reforçada no discurso do presidente do SindiTabaco, Iro Schünke. Ele ressaltou a ocasião para a realização do evento, pois a quinta-feira também marcou o Dia do Produtor de Tabaco. “Em torno de 10% das exportações do Rio Grande do Sul no ano passado foram de tabaco. E diversos prefeitos relatam que, depois que chegou o tabaco, seus municípios mudaram para melhor porque a arrecadação aumentou muito, favorecendo a todos”, justifica.

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Schünke citou a parábola do semeador para dar destaque à família Schroeder. “Se a gente olha aqui em volta, vê que semeamos em lugar certo, a lavoura é excelente e o Oladi usou o lado do semeador bom. E o resultado maior está nessas excelentes instalações que temos aqui”, salienta. “Os produtores, cuidando da qualidade e integridade, fizeram com que o Brasil se tornasse maior exportador de tabaco do Mundo.”

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Setor precisa de mais defensores no Poder Público

A necessidade de maior representatividade do setor no Poder Público, como na Assembleia Legislativa, Câmara dos Deputados e Senado, além dos executivos, foi uma das tônicas dos discursos, em especial, dos parlamentares. Vice-presidente da Assembleia Legislativa gaúcha, Kelly Moraes enfatiza que sempre faltou apoio para os fumicultores no Legislativo. “Quando chegamos lá, eram pouquíssimos os deputados que tinham coragem de defender a fumicultura”, recorda.

A deputada reforça que já foi atacada pelo seu posicionamento. “Quem defende o setor, na Assembleia Legislativa ou na Câmara, é atacado. Nós defendemos as famílias como vocês, que são corajosos, defendemos um produto que é legal, que gera empregos e impostos e fomenta a economia”, enfatiza a ex-prefeita de Santa Cruz do Sul, que falou em nome de seus colegas Beto Fantinel, Adolfo Brito e Ernani Polo, que foi o criador do evento Abertura da Colheita do Tabaco quando estava à frente da Secretaria Estadual da Agricultura.

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Representando os deputados federais presentes, Marcelo Moraes e Alceu Moreira, o parlamentar Heitor Schuch confirmou a dificuldade de defesa do setor no Legislativo. “Quando apresentamos o projeto para a instituição do Dia do Produtor de Tabaco, teve bancada que se retirou da Assembleia”, lembra. Ele entende como importante a data, porque é um setor que demanda muito trabalho. “Plantar, talvez até eu consiga, mas chegar ao produto final, com qualidade, é difícil.”

Deputada falou da discriminação contra defensores do setor

Energia elétrica é problema constante para os produtores

Além de questões que são recorrentes a cada safra, como os valores de negociação entre produtores e indústrias – levantada pelo presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), Carlos Joel da Silva –, a falta de infraestrutura balizou discursos no evento. O deputado Heitor Schuch apontou a necessidade da instalação de placas de captação de energia para evitar perdas. “Quando está no meio da estufada vem o temporal e deixa três dias sem energia”, aponta.

O dano levantado pelo parlamentar ganha número na fala do representante da Associação dos Municípios Produtores de Tabaco (Amprotabaco), Guido Hoff. Ele disse que será entregue à Secretaria da Agricultura estudo referente às estufas elétricas. “Quem não tem gerador pode perder uma estufada com 40, 50 arrobas, por falta de energia. É preciso fazer com que as concessionárias priorizem o produtor que tem estufa elétrica”, sugere à secretária Silvana.

A titular da secretaria adiantou que, até 15 de novembro, deve ser apresentado o programa Avançar Agricultura, do governo do Estado. Nesse documento devem ser anunciados investimentos para irrigação e energia elétrica. “Temos que valorizar o setor que garante 40% da economia do nosso Estado. Aqui na região é um exemplo, não temos desempregados, temos comida na mesa. Vamos lutar por preço, por qualidade, por exportação. Quem ganha como isso somos nós, com os frequentes anúncios de novos recordes de safra”, adianta.

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Deputado Heitor Schuch (ao centro) apontou a deficiência no fornecimento de energia como um problema para os produtores
Secretária estadual Silvana Covatti

Cooperação técnica pela diversificação

A cerimônia de abertura da colheita e celebração do Dia do Produtor teve, também, a assinatura do termo de cooperação técnica do Programa Milho, Feijão e Pastagens após a Colheita do Tabaco, que é realizado em parceria com o governo gaúcho, por meio da Secretaria da Agricultura. Essa iniciativa de diversificação, além do SindiTabaco, da Afubra e da secretaria, tem a participação de Emater, Fetag e Farsul no incentivo à diversificação e à otimização no aproveitamento dos recursos das propriedades rurais. Tanto o plantio de pastagens quanto o de grãos após a colheita do tabaco permite um melhor aproveitamento da terra. Assinaram o documento a secretária Silvana Covatti, Iro Schünke, Benício Werner, Carlos Joel da Silva e Marco Antônio dos Santos (coordenador regional da Farsul).

De acordo com o documento, a Secretaria da Agricultura se responsabiliza pela aprovação de peças de divulgação do objeto do programa, além de disponibilizar ações de fomento – como o programa Pró-Milho – e pesquisas para o melhoramento da qualidade do feijão e sementes de forrageiras. Às entidades caberá ampliar a divulgação e o incentivo entre os produtores e conceder apoio institucional. O SindiTabaco também terá a responsabilidade de incentivar a adesão dos produtores.

Anualmente, será feito relatório apresentando os resultados obtidos a partir das ações desenvolvidas pelo programa.

Durante o evento dessa quinta-feira foi assinado o convênio Milho, Feijão e Pastagens após a retirada do fumo das lavouras

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